Santo Ignácio de Loyola
(Padre jesuíta espanhol)
Biografia de Santo Ignácio de Loyola:
Santo Inácio de Loyola (1491-1556) foi um padre jesuíta espanhol. Foi um dos fundadores da Companhia da Jesus, ordem religiosa criada para combater a expansão do protestantismo na Europa, por meio do ensino e expansão da fé católica. Foi ordenado padre pelo Papa Paulo III. Foi canonizado pelo Papa Gregório XV.
SANTO INÁCIO DE LOYOLA - 31 DE JULHO
Santo Inácio de Loyola ou Loiola, nascido Íñigo López (Azpeitia, 31 de maio de 1491 — Roma, 31 de julho de 1556) foi o fundador da Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como os jesuítas, uma ordem religiosa católica romana, que teve grande importância na Reforma Católica.
Atualmente a Companhia de Jesus é a maior ordem religiosa católica no mundo.
Índice
1 Biografia
1.1 Aspiração religiosa
1.2 A viagem a Jerusalém
1.3 Em Barcelona
1.4 Em Alcalá, a Inquisição
1.5 Em Salamanca, novamente a Inquisição
1.6 Estudos em Paris
1.7 Fundação da Companhia de Jesus
1.8 Novas suspeitas
1.9 A nova Ordem
1.10 Superior Geral Jesuíta
1.11 Canonização
2 Patrono dos Exercícios Espirituais
3 Exercícios Espirituais no Vaticano
4 Oração de Santo Inácio
5 Referências
Biografia
Nascido em 24 de dezembro de 1491, recebeu o nome de Íñigo López na localidade de Loiola (em castelhano Loyola), no atual município de Azpeitia, a cerca de vinte quilómetros a sudoeste de São Sebastião no País Basco.
Inácio foi o mais novo de treze irmãos e irmãs. Sua mãe faleceu em seus primeiros anos de vida e seu pai faleceu quando tinha 16 anos de idade.
Em 1506, tornou-se pajem de um familiar, Juan Velázquez de Cuellar, ministro do Tesouro Real (contador mayor) do reino de Castela durante o reinado de Fernando de Aragão.
Iñigo viveu em Arévalo, na casa de seu protetor de 1506 a 1517. Como cortesão, levou vida leviana.
Com a morte de D. Fernando, Velásquez de Cuellar teve seus bens apropriados pela rainha D. Germana de Foix. Cuellar faleceu em 1516.
Em 1516, Inácio colocou-se a serviço do vice-rei de Navarra, António Manrique de Lara, Duque de Nájera.
Segundo Villoslada"Iñigo de Loyola nunca foi capitão, nem soldado, nem oficial do exército. Era familiar do duque e seu gentil-homem".
Gravemente ferido na batalha de Pamplona (20 de Maio de 1521), passou meses inválido, no castelo de seu pai.
Durante o longo período de recuperação, Inácio procura ler livros para passar o tempo, e começa a ler a "Vita Christi", de Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea, sobre a vida dos santos, de Jacopo de Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus com uma ordem cavalheiresca.
Aspiração religiosa
A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma vida dedicada a Deus, emulando os feitos heróicos de Francisco de Assis e outros líderes religiosos. Decidiu devotar a sua vida à conversão dos infiéis na Terra Santa.
Durante esse período, Inácio desenvolveu os primeiros planos dos «Exercícios Espirituais» (Ejercicios espirituales), que iriam adquirir uma grande influência na mudança dos métodos de evangelização da Igreja; "o moinho para onde todos os jesuítas são atirados; eles emergem com caracteres e talentos diversos, mas as marcas impressas permanecerão indeléveis" (Cretineau-Joly).
Após ter recuperado a saúde, decidiu deixar a casa paterna em segredo e dedicar-se ao serviço da "Divina Majestade".
Dirigiu-se ao Mosteiro de Montserrat, onde confessou-se durante três dias.
Em (24 de Março de 1522), pendurou seu equipamento militar perante uma imagem da Virgem, despiu-se de suas roupas vistosas, doou-as a um mendigo e passou a vestir-se com um tecido de saco. Em breve entrou no mosteiro de Manresa (apenas morou em um quarto do mosteiro como hóspede, mas não era monge), na Catalunha.
Assumiu então um estilo de vida mendicante, impondo-se rigorosas penitências à imitação dos santos.
Vivia de esmolas, privava-se de carne e vinho, frequentava a missa diária e rezava a Liturgia das Horas. Costumava visitar o hospital e levar comida para os doentes.
Em Manresa, teve diversas experiências espirituais e visões e também passou por diversas provações internas: o desânimo, a aflição e a noite escura da alma.
Passadas estas provações, teve o ânimo renovado diante de novas experiências espirituais.
Conforme narrado em sua autobiografia: "Estas visões o confirmaram então e lhe deram tanta segurança sempre da fé, que muitas vezes pensou consigo: se não houvesse Escritura que nos ensinasse estas verdades de fé, ele se determinaria a morrer por elas, só pelo que vira".
Também em Manresa, às margens do Rio Cardoner, fez uma experiência mística, conforme narrou mais tarde ao Pe. Luís Gonçalves da Câmara: "Estando ali assentado, começaram a abrir-se-lhe os olhos do entendimento … Em todo o decurso de sua vida, até os 62 anos de sua idade, não lhe parece ter alcançado tanto quanto daquela vez".
A Virgem tornou-se objecto duma devoção cavaleiresca. Imagens militares tomaram grande relevo em sua contemplação religiosa.
A vivência interior deste período deu-lhe a matéria para escrever os Exercícios Espirituais.
A viagem a Jerusalém
Em 1523, Inácio parte para Barcelona, decidido a ir para Jerusalém. Conseguiu uma passagem gratuita e as provisões vieram através da esmola. De Barcelona partiu para Roma, para obter o passaporte pontifício.
De lá, segue para Veneza, onde embarca ao seu destino. Em Jerusalém, foi recebido pelos franciscanos. Na Terra Santa, visitou os lugares sagrados do cristianismo e decidiu permanecer vivendo ali.
Entretanto, os franciscanos não lho permitiram e ele embarcou de volta a Veneza, onde chegou em janeiro de 1524. Seguiu para Barcelona. Diante dos planos frustrados de viver em Jerusalém, novos ideais surgiram: ajudar as almas. Para isto, decidiu estudar.
Em Barcelona
Em Barcelona, viveu na casa de Inez Pascual, que conhecera quando esteve da primeira vez na Catalunha.
Ali dedicou-se ao estudo do latim e dedicava-se à ajuda espiritual. Conquistou a estima de muitos e também sofreu maus tratos pela sua condição mendicante.
Ajudou a Reforma do Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos, fazendo com que as monjas vivessem na clausura. Diversos cavaleiros e damas importantes vinham ouvi-lo.
A partir daí, Inácio pensa em reunir um grupo de pessoas para dedicar-se a reformar suas vidas e à Igreja.
Reuniu três companheiros, que não prosseguiram neste projeto.
Após o domínio do latim, seu mestre o aconselhou a procurar a Universidade de Alcalá para prosseguir seus estudos.
Em Alcalá, a Inquisição
Entrou na Universidade de Alcalá e recebeu abrigo no hospital Antezana sob os auspícios de Julián Martínez. Os três primeiros companheiros o seguiram. Aí permaneceu um ano e meio.
Além dos estudos, dedicava-se à pregação e a dar os Exercícios Espirituais. Ganhou suspeita da Inquisição, que o denunciou ao vigário de Toledo.
Era época de perseguição aos alumbrados, o que levantou as suspeitas sobre Inácio. Inicialmente foi obrigado a usar vestes comuns.
Depois foi preso, durante um mês e meio. Na prisão, continuava a ensinar e pregar. Por fim, nenhum mal foi encontrado em seus ensinamentos, mas foi-lhe obrigado vestir-se comumente e proibida a pregação.
Diante disto, Inácio e seus companheiros foram até o arcebispo de Toledo relatar o ocorrido. O arcebispo manteve a decisão do vigário, mas abriu-lhe as portas da Universidade de Salamanca.
SANTO INÁCIO ACOLHE SÃO FRANCISCO XAVIER
Em Salamanca, novamente a Inquisição
Vivendo em Salamanca, sua pregação ganhou fama. Um dia, foi confessar-se em um convento dominicano. O confessor ficou intrigado de como Inácio falava de Deus sem ter estudado teologia. Isto despertou as suspeitas dos dominicanos, que decidiram interrogá-lo e denunciá-lo.
Novamente o peregrino foi preso. O vigário do bispo e professor da universidade foi visitá-lo e Inácio entregou-lhe o livrinho dos Exercícios Espirituais para exame. Após este exame por parte de doutores, nada encontraram que o condenasse. Inácio e seus companheiros foram libertados, mas proibidos de pregar até concluir quatro anos de estudos. Diante disto, ele decide seguir sozinho para estudar em Paris. Em 1528, partiu.
Estudos em Paris
Em 1528 entrou para a Universidade de Paris, no Colégio de Santa Bárbara, onde ficou sete anos e estendeu sua educação literária e teológica, tentando cativar o interesse dos outros estudantes para os seus exercícios espirituais.
Em 1533, Inácio obtém a licença docente. Em 1534, tornou-se mestre em artes e tinha seis seguidores — Pedro Fabro, o único sacerdote do grupo, Francisco Xavier, Alfonso Salmeron, Diego Laynez e Nicolau Bobedilla, espanhóis, e Simão Rodrigues, português.
Os planos do grupo eram seguir para Jerusalém em 1537.
Fundação da Companhia de Jesus
Em 15 de Agosto de 1534 ele e os outros seis fundaram a Companhia de Jesus na capela cripta de Saint-Denis, na Igreja de Santa Maria, em Montmartre, "para efetuar trabalho missionário e de apoio hospitalar em Jerusalém, ou para ir aonde o papa quiser, sem questionar".
Em 1537 eles viajaram até Itália para procurar a aprovação papal a sua viagem à Terra Santa. O papa Paulo III concedeu-lhes a aprovação e permitiu que fossem ordenados padres. Foram ordenados em Veneza pelo bispo de Arbe (24 de Junho).
Inicialmente, dedicaram-se a pregar e a efetuar obras de caridade na Itália. A guerra reatada entre o imperador, Veneza, o papa e os turcos otomanos, tornava qualquer viagem até Jerusalém pouco aconselhável.
Os companheiros decidiram esperar um ano na esperança de conseguirem chegar ao destino almejado. Neste período, iam dois a dois pelas terras venezianas a visitar prisões e hospitais, catequizar crianças, realizar obras de caridade.
Na companhia de Fabro e Lainez, Inácio viajou até Roma em Outubro de 1538, para colocar-se à disposição do papa. No caminho, Inácio detém-se em oração em uma capela próxima a Roma, la Storta. Neste local, relata ter feito uma experiência profunda, que marcou decisivamente o futuro do grupo: viver em Roma.
Novas suspeitas
Os companheiros estabeleceram-se então em Roma, onde pregavam em igrejas e praças e pediam esmolas nas ruas. Novas suspeitas foram levantadas sobre o grupo. Acusavam Inácio de fugitivo da Inquisição espanhola.
O peregrino dirigiu-se então ao papa, solicitando que se abrisse um novo processo. Novamente sua obra foi examinada e nada foi encontrado que o condenasse.
A nova Ordem
O Papa Paulo III, diante de um mundo em expansão, necessitava de missionários para terras longínquas, como as Américas e o Oriente. Contava com os jesuítas para esta tarefa.
Além disto, novos companheiros queriam aderir ao grupo. Diante disto, verificou-se a necessidade de organizar a nova Ordem, por meio de uma regra de vida. Apresentada ao papa, veio a aprovação verbal em 3 de setembro de 1539.
A congregação de cardinais, deu um parecer positivo à constituição apresentada, e em 27 de Setembro de 1540, o Papa Paulo III confirmou a ordem através da Bula "Regimini militantis Ecclesiae", que integra a "Fórmula do Instituto" onde está contida a legislação substancial da nova Ordem.
O número dos seus membros foi no entanto limitado a 60. Esta limitação foi porém posteriormente abolida pela bula Injunctum nobis de 14 de Março de 1543.
Superior Geral Jesuíta
Em Roma, seu apostolado respondia às necessidades que eram impostas pela realidade vivida.
Dedicava-se à catequese de crianças, fundou a Casa de Santa Marta, para acolher prostitutas e outra instituição para acolher donzelas pobres, dava assistência aos órfãos e trabalhava pela conversão dos judeus de Roma.
Em 1551 criou o Colégio Romano, que viria a ser a atual Pontifícia Universidade Gregoriana, de ensino gratuito, que, adotando o sistema parisiense, renovou o ensino na Itália. Com o advento do Papa Paulo IV, desfavorável a Inácio, a obra passou por dificuldades financeiras.
Em prol do sustento do colégio, a própria ordem teve que passar por muitas privações econômicas, até que fosse mantida pelo Papa Gregório XIII, 25 anos após a morte do fundador (daí o nome Universidade Gregoriana).
A Companhia nascente passou por diversas adversidades. Não possuía nenhuma fonte de renda fixa e era mantida por doações. Além disto, o novo estilo de vida da ordem despertava suspeitas a ponto de a Universidade de Paris decretá-la perigosa para a fé. Inácio manteve-se firme diante de todas estas adversidades e trabalhou intensamente nas Constituições do grupo.
Inácio escreveu as Constituições Jesuítas, adotadas em 1554, que criaram uma organização hierarquicamente rígida, enfatizando a absoluta auto-abnegação e a obediência ao Papa e aos superiores hierárquicos (perinde ac cadaver, "disciplinado como um cadáver", nas palavras de Inácio).
Seu grande princípio tornou-se o lema dos jesuítas: Ad Majorem Dei Gloriam (pela maior glória de Deus).
Também em 1548, foram impressos os Exercícios espirituais, objecto de inspecção pela Inquisição romana, tendo sido, no entanto, autorizados.
Entre 1553 e 1555, Inácio ditou sua experiência espiritual ao Pe. Gonçalves da Câmara, considerada pelo Pe. Nadal o seu testamento espiritual.
Este texto originou a chamada Autobiografia, que, após a morte do peregrino, teve algumas cópias manuscritas e uma tradução para o latim.
Entretanto, Francisco de Borja, o terceiro provincial jesuíta, encarregou o Pe. Ribadeneira de escrever uma biografia oficial de Inácio e proibiu a leitura e divulgação do texto autobiográfico, por considerá-lo perigoso. Somente em 1929, este texto foi resgatado e publicado em várias línguas.
Morreu em Roma em 31 de julho de 1556. Nesta data, os jesuítas eram aproximadamente 1000, espalhados em 110 casas e 13 províncias. Eram 35 colégios em funcionamento e mais cinco aprovados.
Os jesuítas foram um grande fator do sucesso da Reforma Católica.
Atualmente, a Companhia de Jesus constitui a maior ordem religiosa do mundo, com cerca de 30.000 membros, 500 universidades e colégios e 200.000 estudantes anuais.
Canonização
Foi canonizado a 12 de Março de 1622 pelo Papa Gregório XV. Festeja-se seu dia em 31 de Julho.
Patrono dos Exercícios Espirituais
Em 1922, poucos meses após ser eleito papa, Pio XI declarou e constituiu Santo Inácio de Loyola "celestial Patrono de todos os Exercícios Espirituais e, por conseguinte, de todos os institutos, associações e congregações de qualquer classe que ajudam e atendem aos que praticam Exercícios Espirituais".
Exercícios Espirituais no Vaticano
O Papa Pio XI publicou, por ocasião de seu jubileu sacerdotal, em 1929, a Encíclica "Mens nostra: Sobre os Exercícios Espirituais",[5] na qual comunicava aos fiéis a sua decisão de estabelecer anualmente um retiro baseado nos Exercícios Espirituais para o Papa e membros da Cúria Romana.
Desde então, salvo algumas exceções, retiros inacianos são realizados todos os anos no Vaticano. Inicialmente ocorriam na primeira semana do Advento. Com o papa Paulo VI, os exercícios passaram a ser realizados na primeira semana da Quaresma.
ALTAR-TÚMULO DE SANTO INÁCIO
TÚMULO DE SANTO INÁCIO
BASÍLICA CONSTRUÍDA
SOBRE O LOCAL DO NASCIMENTO DE SANTO INÁCIO
OS MILAGRES DE SANTO INÁCIO
INÁCIO FERIDO NA GUERRA
A GLÓRIA DE SANTO INÁCIO
SANTO INÁCIO,
SÃO GREGÓRIO, O GRANDE
E SÃO FRANCISCO XAVIER
SANTO INÁCIO EM ORAÇÃO
INÁCIO E FRANCISCO XAVIER
Postado por PRINCIPE ORION
Extraído de: http://santossanctorum.blogspot.com.br/2011/08/santo-inacio-de-loyola-31-de-julho.html
Entretanto, Francisco de Borja, o terceiro provincial jesuíta, encarregou o Pe. Ribadeneira de escrever uma biografia oficial de Inácio e proibiu a leitura e divulgação do texto autobiográfico, por considerá-lo perigoso. Somente em 1929, este texto foi resgatado e publicado em várias línguas.
Morreu em Roma em 31 de julho de 1556. Nesta data, os jesuítas eram aproximadamente 1000, espalhados em 110 casas e 13 províncias. Eram 35 colégios em funcionamento e mais cinco aprovados.
Os jesuítas foram um grande fator do sucesso da Reforma Católica.
Atualmente, a Companhia de Jesus constitui a maior ordem religiosa do mundo, com cerca de 30.000 membros, 500 universidades e colégios e 200.000 estudantes anuais.
Canonização
Foi canonizado a 12 de Março de 1622 pelo Papa Gregório XV. Festeja-se seu dia em 31 de Julho.
Patrono dos Exercícios Espirituais
Em 1922, poucos meses após ser eleito papa, Pio XI declarou e constituiu Santo Inácio de Loyola "celestial Patrono de todos os Exercícios Espirituais e, por conseguinte, de todos os institutos, associações e congregações de qualquer classe que ajudam e atendem aos que praticam Exercícios Espirituais".
Exercícios Espirituais no Vaticano
O Papa Pio XI publicou, por ocasião de seu jubileu sacerdotal, em 1929, a Encíclica "Mens nostra: Sobre os Exercícios Espirituais",[5] na qual comunicava aos fiéis a sua decisão de estabelecer anualmente um retiro baseado nos Exercícios Espirituais para o Papa e membros da Cúria Romana.
Desde então, salvo algumas exceções, retiros inacianos são realizados todos os anos no Vaticano. Inicialmente ocorriam na primeira semana do Advento. Com o papa Paulo VI, os exercícios passaram a ser realizados na primeira semana da Quaresma.
Oração de Santo Inácio
Tomai Senhor, e recebei
Toda minha liberdade,
A minha memória também.
O meu entendimento
E toda minha vontade.
Tudo que tenho e possuo,
Vós me destes com amor.
Todos os dons que me destes,
Com gratidão vos devolvo:
Disponde deles, Senhor,
Segundo vossa vontade.
Dai-me somente
O vosso amor, vossa graça.
Isto me basta,
Nada mais quero pedir.
ALTAR-TÚMULO DE SANTO INÁCIO
TÚMULO DE SANTO INÁCIO
BASÍLICA CONSTRUÍDA
SOBRE O LOCAL DO NASCIMENTO DE SANTO INÁCIO
OS MILAGRES DE SANTO INÁCIO
INÁCIO FERIDO NA GUERRA
A GLÓRIA DE SANTO INÁCIO
SANTO INÁCIO,
SÃO GREGÓRIO, O GRANDE
E SÃO FRANCISCO XAVIER
SANTO INÁCIO EM ORAÇÃO
INÁCIO E FRANCISCO XAVIER
Postado por PRINCIPE ORION
Extraído de: http://santossanctorum.blogspot.com.br/2011/08/santo-inacio-de-loyola-31-de-julho.html
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A Companhia de Jesus
Capítulo do livro
OS JESUÍTAS
A Sociedade de Jesus e a Traição da Igreja Católica Romana
MALACHI MARTIN
(Tradução José Antonio de Souza Filardo e Paula Filardo)
Capítulo 8- A COMPANHIA DE IGNATIUS
A estrutura funcional da companhia de Ignatius é a realização milagrosa na transformação por Iñigo dos seus contemporâneos do século dezesseis de homens que pensavam no “homem como medida de todas as coisas” em homens devotados a um Deus onipresente e Salvador.
Aqueles contemporâneos dele estavam mergulhados na fantástica novidade de vida em seu tempo, com todas as suas possibilidades douradas. Toda sua reação era deixar para trás as velhas formas de pensamento e modelos de comportamento, as velhas formas de viver, mesmo os antigos locais onde eles tinham vivido e as velhas verdades pelas quais eles tinham vivido ali – tudo o que eles tinham herdado de seus antepassados medievais.
Face a face com aquela mentalidade Iñigo desenhou a planta de sua Companhia de Jesus sobre um modelo ainda mais antigo que os tempos medievais, a saber, o princípio básico do próprio cristianismo: subordinação. A subordinação de todo o cosmos e tudo o que está dentro dele – desde as pedras inanimadas e a terra, até as plantas, animais e humanos, anjos e arcanjos, dentro de um princípio hierárquico de ser – à trindade do Pai, Filho e Espírito Santo. Não existe democracia nesta hierarquia, nenhum objetivo comunal de igualdade; somente inferiores e superiores. Não existe auto-aperfeiçoamento de individualismo; nenhuma integração pessoal. Existe uma hierarquia de partes ordenadas; existem indivíduos destinados, cada um deles a complementar o outro; existe integração de cada parte no todo desde que cada parte seja subordinada. Porque, ser parte deste sistema é ser subordinado. A única igualdade permitida era a subordinação. Todos são subordinados. Dentro daquele sistema hierárquico de ser e existência, cada objeto tinha seu lugar. O Criador de tudo tinha arranjado todos em certo acordo e ordem.
Isto foi o que Deus originalmente revelou aos Filhos de Israel através de seus profetas. Isto foi o que Cristo revelou em sua integridade. Isto é a fundação de toda a antropologia Cristã, enquanto distinta de e oposta ao Darwinismo do século dezenove, genética e social e política. Nenhum desenvolvimento humano, não importa quão novo, e nenhuma modernidade – seja a da Renascença ou a da era atômica, tectrônica – pode substituir este sistema.
Iñigo destinou sua Sociedade a reproduzir em sua existência de trabalho aquele princípio hierárquico pelo qual “o inferior se submete ao superior”, e onde todos os elementos estavam ligados em reconhecimento de autoridade mais alta e, portanto, em prontidão para obedecer. Ele pretendia que os membros de sua Ordem fossem ligados por uma união mística de corações e vontades em subordinação voluntária, sujeitos aos Superiores, Superiores ao Padre Geral, o Padre Geral a toda Sociedade, e Toda a sociedade ao Papa, o Papa a Cristo, cujo representante é ele.
A Companhia de Iñigo era, portanto, extremamente simples em sua estrutura – tão simples que seus inimigos estavam sempre convencidos de que havia muito mais no Jesuitismo do que os olhos podiam ver no quadro externo e efetivo da Sociedade.
Era a pirâmide de autoridade. Em seu ápice, ele colocou um homem que atendia pelo nome de Geral ou Padre Geral. O título não era retirado do código militar. Este oficial tinha autoridade sobre a estrutura geral e governança de toda a Sociedade. Ele não tinha obrigação de seguir qualquer conselho, ou procurar o consentimento de qualquer outro jesuíta ao dar ordens. Ele era o “superior” geral, em distinção a todos os outros superiores na organização, que eram locais e encarregados de seções particulares. Ele sozinho entre todos os Superiores chegava à sua posição via eleição; todos os outros superiores eram indicados por sua escolha ou pelo menos com sua aprovação e, uma vez eleito Geral, ele permanecia em seu posto até a morte, a menos que motivos muito graves recomendassem um afastamento. Sua autoridade era absoluta sobre toda a Sociedade e suas diferentes partes e membros. Ele podia dispensar qualquer um da Ordem, e nenhum julgamento formal ou processo semelhante era necessário. Iñigo foi eleito por unanimidade em Abril de 1541 como primeiro Padre Geral da Sociedade.
O corpo da Sociedade era composto por quatro categorias, ou graus como eles eram chamados na Sociedade, os membros se distinguiam como regra geral pelo grau de seu acesso a importantes posições de governo e direção da mão-de-obra e recursos da Sociedade. Na prática isto significava sua proximidade com ou distância do Geral na pirâmide de autoridade e poder.
Primeiro, com relação a isto estava a categoria ou grau de Padre Professado. Jesuítas nesta categoria tinham passado com sucesso por rigorosos testes escolásticos assim como provas de sua qualidade religiosa; tinham feito quatro votos solenes de pobreza, castidade e obediência (votos comuns a todas as Ordens Religiosas Católicas); e tinham feito um voto especial de obediência ao Papa. Enquanto todos os Jesuítas estavam obrigados a obedecer ao Papa, os Professos se obrigavam por aquele quarto voto especial. Somente estes professados tinham acesso aos mais altos escritórios do Geral, e os postos mais imediatos abaixo do Generalato. E somente eles podiam participar na eleição de um Geral.
As demandas sobre os Professos por Iñigo eram difíceis. Em princípio, os Professados somente podiam ser jesuítas “selecionados por seu espírito e educação, rigorosa e extensamente, e conhecidos por sua edificação e satisfação de todos após diversas provas de virtude e abnegação.” Isto, na verdade, era um alto ideal.
Mesmo entre os Professos, havia distinções de função e, portanto, de poder. Assim, um Jesuíta Professo encarregado de todos os Jesuítas na Colômbia, América do Sul, não estava tão próximo do Padre Geral quanto o Padre Professo em Roma que era assistente do Padre Geral para todos os países da América do Sul, incluindo a Colômbia.
Os Padres professos ocupavam cargos de professores de faculdades de filosofia e teologia comandava as casas Jesuítas de treinamento para candidatos Jesuítas e os escritórios locais da Ordem em todo o mundo. De acordo com o plano original de Ignatius, o Professo viveria em casas que não tinham receitas fixas, nenhuma dotação regularmente produzindo fundos. A prática de pobreza pelo Professo devia ser tão perfeita quanto possível.
A segunda categoria ou grau abaixo do Geral era composta por padres que faziam votos simples, não solenes; e eles não faziam voto especial ao Papa. Eles eram tradicionalmente chamados Coadjutores Espirituais, pois no conceito de Ignatius, eles ajudavam e secundavam o trabalho dos Professos. Aos olhos de Ignatius, os membros desta classe se engajariam primariamente no ministério sacerdotal ao povo e supervisionariam a organização material das casas jesuítas.
O terceiro grau ou categoria na pirâmide jesuíta era o de Irmãos Leigos; estes nunca se tornavam padres. Mas tomavam os três votos simples e eram encarregados do trabalho manual em casas jesuítas – cozinhando, limpando, plantando, lavando, tomando conta das roupas, fazendo as compras, consertando coisas, manutenção, tomando conta dos enfermos e enfraquecidos.
A quarta categoria era a dos jovens estagiários Jesuítas, geralmente chamados de Escolásticos devido à sua preparação ser feita através das diversas “escolas” – humanidades, filosofia, teologia, ciência – de ensino. Ao final de seu escolasticado, eles eram ordenados padres e, dependo de como eles tinham se saído durante seu treinamento, eles entravam para as fileiras dos Professos ou dos Coadjutores Espirituais. Eles eram, então, colocados para trabalhar.
Quando Iñigo morreu em 1556, havia quarenta Padres Professos em um número total de 1000 jesuítas.
Iñigo designou somente um elemento em sua Sociedade como superior ao Padre Geral em que ele tinha investido tais poderes tão amplos. Esta era a Congregação Geral: uma assembléia internacional de jesuítas, Padres professos, todos, escolhido entre o corpo dos membros, e reunindo-se em Roma com os Superiores Maiores da Sociedade. A Congregação Geral é o corpo legislativo supremo da Sociedade, responsável somente perante o Papa, não o Padre Geral. Na verdade, ele pode depor um Padre Geral por motivos justos. Ele elege cada novo Padre Geral e ele é regido pelos decretos da Congregação Geral. Na realidade, normalmente, sua administração devia consistir em administrar os Decretos acordados pela Congregação Geral ao votar o que pode ser por voto aberto ou voto secreto. Apesar a superioridade legislativa da Congregação Geral, geralmente as Congregações dão poderes muito amplos ao Padre Geral. No entanto, como a Congregação vai, assim vai toda a Sociedade.
Ao aceitar candidatos a uma posição em sua Sociedade, e ao certificar-se de que uma vez aceitos, eles devem adquirir a mente e o espírito da Sociedade, Iñigo dependia principalmente da eficácia religiosa de seu livro, Exercícios Espirituais. Os Candidatos, uma vez que lhes fosse permitido entrar como estagiários eram submetidos aos Exercícios por um período que varia entre oito e trinta dias. Era então que lhes era feito entender o chamado específico de um Jesuíta meditando sobre as idéias básicas inacianas do Reino, o Líder divino, o Arcanjo Inimigo, e a Guerra, assim como ideais jesuítas de obediência aos Superiores e ao Papa.
Alguns comentaristas, tendo examinado os Exercícios e o processo de Noviciado como Ignatius o concebeu, foram rigorosamente anacrônicos, descrevendo todo o processo em termos daquele horror moderno, lavagem cerebral. Mas, uma análise atenta do processo mostra como seu princípio fundamental a doutrina central de Ignatius sobre a suprema importância da vontade humana. Fosse qual fosse que tivesse usado como imagens físicas, metáforas, símbolos – mesmo posturas físicas de oração – todo isso tinha uma finalidade: atrair a escolha daquela vontade humana livre.
No noviciado, não havia assalto direto ao cérebro, ou mente. Ao invés disso, o treinamento de Noviciado visava diretamente dissecar o que era classicamente conhecido como a vontade do candidato em suas partes componentes, examinando aquelas partes, eliminando o que era indesejável, purificando o que era adaptável e útil, e cimentando tudo isso com a ideologia do Reino e o Líder e suprema obediência.
Tendo passado pelos Exercícios até satisfação do jesuíta supervisor, desde que ainda tivesse a intenção de se tornar um membro da Ordem, o candidato se tornava um Noviço. Todos os Candidatos, então faziam o mesmo Noviciado, passando dois anos em treinamento básico. Cada um aprendia a rezar, a se disciplinar, a obedecer a comandos. Ele tomava conhecimento do mundo do espírito e os detalhes da espiritualidade jesuíta. Durante este tempo, suas falhas e caráter geral eram estudados. Ao final, todos os Noviços bem-sucedidos faziam três votos simples de Pobreza, Castidade e Obediência. Alguns se tornavam Irmãos Leigos, outros passavam a ser Escolásticos para posterior treinamento como Professos ou Coadjutores Espirituais; ao final daquele treinamento eles fazem seus Votos Finais. Os Professos entre eles, acrescentavam aquele quarto voto especial.
A mão de obra da Sociedade era organizada em “Províncias”. Por ocasião da morte de Iñigo em 1556, havia doze: Andaluzia, Aragon, Brasil, Castela, Etiópia, França, Baixa Alemanha, Alta Alemanha, Índias, Itália, Portugal, Sicilia. A criação de uma província em um local particular dependia do número de Jesuítas trabalhando ali, e da extensão e importância do trabalho a ser feito.
Geralmente, diversas Províncias eram agrupadas com base em identidade cultural comum ou contigüidade geográfica e chamada de Assistência. Assim, Andaluzia e Castela pertenciam à Assistência Espanhola. Com o tempo, à medida que as províncias se multiplicaram, aumentou o número, e Sociedade foi chamada pra uma missão ou outra, elas seriam uma Assistência Inglesa, uma Assistência Francesa, uma Assistência Americana, e assim por diante.
Desde o início, Iñigo tinha insistido em que sua Sociedade diferisse de todas as Ordens Religiosas que tinham desde então sido sancionadas pelo papado. Seus membros não eram obrigados a cantar o Ofício divino em coro, juntos, por exemplo; eles não tinham roupas distintas como as antigas Ordens, como os Beneditinos, Carmelitas e Dominicanos, eram obrigados a usar. Nem havia qualquer penitência corporal.
O governo das casas e Províncias também era distinto. Ele não estava nas mãos de um “Capítulo Geral” de Membros da Ordem eleitos pelos votos de seus irmãos religiosos. Ao invés disso, Superiores individuais junto com a cadeia de comando tomavam as principais decisões. O objetivo de Loyola era livrar seus homens de tais obrigações para com uma assembléia, de modo que sua mobilidade – Superiores de ser capaz de comandar por sua própria iniciativa, e membros a obedecer a um homem – para o trabalho em nome da Igreja ser o máximo.
Ele também recusou ter o que muitas Ordens antigas tinham: uma Ordem correspondente de jesuítas femininos, no modelo de freiras Dominicanas e Freiras beneditinas, Freiras carmelitas, freiras franciscanas. Um dos episódios mais alegre na história precoce dos jesuítas envolveu a admissão temporária por Iñigo de cinco mulheres – elas foram as únicas mulheres em 480 anos a se tornarem membros da ordem jesuíta – para a profissão dos votos. Isabel Roser de Barcelona, uma das primeiras protetoras de Ignatius forçou a mão persuadindo o Papa Paulo III a permitir que ela e três amigas tomassem votos solenes de obediência na Sociedade em 1545. Esta boa e santa mulher tinha ajudado Ignatius em seus anos mais difíceis; era impossível não satisfazer, pelo menos pelo gesto, seu desejo de ser parte do que ela tinha ajudado a fundar, uma vez que o Papa tinha consentido. Após muita irritação e um caso de tribunal público, todas as três foram liberadas de seus votos pelo Papa em 1546. Em 1555, sob extrema pressão da Corte Real, Iñigo admitiu a Rainha Juana de Castela, filha do Rei Fernando de Aragão e Isabel de Castela à profissão de votos simples na Sociedade. Conhecida com Juana la Loca, devido a uma instabilidade emocional percebida nela, ela, da mesma forma, foi liberada daqueles votos dentro de pouco tempo. Ignatius tinha feito aquelas exceções por motivos especiais, mas calculou com precisão que nenhuma daquelas mulheres finalmente se adaptaria à sua Sociedade.
Os principais tipos de trabalho assumido por Jesuítas eram pregar o Evangelho em paises não cristão, educação da juventude, ministérios sacerdotais, escrita, pesquisa e missões especiais confiadas a eles pelo Papa. As casas em uma Província eram geralmente de seis tipos: residências (para professores, escritores, Superiores locais, membros aposentados ou doentes, ou para jesuítas engajados em trabalho externo); casas de estudo (para jovens jesuítas); um noviciado (onde os candidatos a entrar na Sociedade naquela província eram examinados e preparados para entrar) Além destas, havia escolas e colégios devotados à educação de leigos e casas para Retiros Espirituais aonde leigos vinham para aconselhamento espiritual e finalidades devocionais.
A cadeia de comando a partir de cada casa, não importando quão pequena ou quão remota, até chegar ao Padre Geral era claramente ordenada. Cada casa tinha um Padre Superior. Acima dos Superiores de todas as casas em uma Província havia um Padre Provincial. Acima dos Provinciais de uma Assistência havia um Assistente que geralmente vivia em Roma na residência central jesuíta com o Padre Geral. Os poderes e limitações aos poderes de cada superior estavam claramente delineados. Por sua vez, cada Superior tinha um grupo de Consultores, conselheiros em caráter, mas cujo consentimento era necessário para tomar certas decisões. Um superior de casa escolhia seus Consultores entre os ocupantes da casa; um Provincial da Província, um Assistente de sua Assistência; e o Geral tinha seus Assistentes, além de outros que ele desejasse empregar.
Dentro da cada casa dos jesuítas havia uma série de postos de Superior Menor: um Superior Menor estaria encarregado de finanças da casa; outro, chamado Padre Espiritual, permaneceria à disposição da comunidade para aconselhamento e direção espiritual; outros Superiores seriam prefeito de biblioteca, prefeito de estudos, e prefeito de saúde, se necessário, haveria um supervisionando a fazenda. Todos estes Superiores Menores internos obtinham sua autoridade através do Padre Superior da casa.
Em uma Província ou uma Assistência inteira, quando chamados, havia os “procuradores”, homens designados para supervisionar necessidades específicas da Província ou Assistência.
Do Geral em Roma, viriam certos Visitadores eventuais, nomeados enviados para examinar como uma Província ou Assistência estava se saindo espiritualmente, financeiramente, escolasticamente, socialmente, ou politicamente.
A ramificação de Superiores Maiores e Menores em uma Sociedade era complexa, mas nunca desajeitada. Não havia elementos redundantes. Cada funcionário, não importando seu grau, servia na coagulação de trabalho do corpo mundial.
Obediência e comando sábio dos Superiores eram grandemente facilitados pelo que Iñigo chamou de “prestação de conta de consciência”. Em essência, esta era uma entrevista particular e confidencial entre o Superior e o sujeito – entre, digamos, o Padre Reitor de uma casa e um dos membros daquela casa; entre o Padre Provincial e um membro de sua província; entre um noviço e seu Superior imediato, o Noviço Mestre; entre o Padre Geral e qualquer membro da Sociedade.
Ignatius não exigia a “prestação de contas de consciência” fosse o mesmo que uma confissão; embora o segredo confessional pudesse ser invocado por qualquer um. Ele pretendia que o sujeito pudesse falar francamente sobre seus pontos fracos e pontos fortes, suas esperanças e desejos, e sua prática da virtude religiosa; que o Superior, ouvindo e falando com ele, estaria na posição mais informada para decidir o que o sujeito podia fazer melhor na Sociedade, de modo que seu caráter Jesuíta seria desenvolvido no serviço da Igreja específico da Sociedade.
A “prestação de contas de consciência” foi concebida por Ignatius para será o ápice da expressão do relacionamento pai-filho que ele desejava que existisse entre Superior Jesuíta e o sujeito Jesuíta. Era um sistema francamente paternal que ele tinha em mente. Era seu meio de assegurar que o principal coagulante de sua Sociedade, a obediência, seria exercida pelo sujeito e usada pelo Superior com o máximo possível de compaixão da parte do Superior e o maior contentamento da parte do sujeito. Nem a mera obediência da execução nem obediência da vontade, mas obediência do entendimento deveria ser alcançada.
A “prestação de contas de consciência” também representava um modo altamente pessoal de governo. Porque o Superior como tal devia ser abordado e tratado e obedecido como Cristo. A regulamentação da vida normal de um jesuíta era, para usar uma expressão moderna, um a um. Nenhum jesuíta precisava enfrentar um “capítulo” ou assembléia de seus irmãos, como nas Ordens mais antigas, responder por suas ações e ouvir decisões sobre sua sorte. O individualismo do jesuíta único em seus deveres, seus direitos, seu desenvolvimento pessoal, sua carreira, era assim fomentado. A unidade corporativa de tais membros era assegurada pela obediência sistemática e fomentava aquele individualismo. Assim, eram alcançadas aquela intimidade e característica do Jesuíta dentro da vida em Sociedade.
O governo interno e unidade de mente e ação dentro da Sociedade eram realizados por uma prática sistemática, aprovada, regular de redação de relatórios: Superiores Menores a Superiores Maiores; Superiores Provinciais a Assistentes Romanos; Assistentes ao Padre Geral; o Padre Geral a toda a Sociedade; os Provinciais a seus membros individuais da província. Os relatórios se referiam aos méritos e deméritos de membros da Ordem, a conduta e progresso deste ou daquele projeto, a condição espiritual e financeira desta ou daquela seção da Sociedade, ou um trabalho confiado à Sociedade.
Desde o tempo do próprio Iñigo, um fluxo vivo de comunicação também era encorajado entre jesuítas individualmente, porque isso ajudava o que eles chamavam de “união de vontades, que é o amor mútuo e caridade que eles [jesuítas] têm entre si… obtendo informações e notícias entre si e…” muita intercomunicação junto com “eles seguindo uma mesma doutrina e sendo uniformes em tudo até onde possível.”.
Tendo traçado a mera estrutura, Iñigo concebeu para sua Sociedade, entretanto, é evidente que, por mais eficiente que fosse, não era suficiente para unificar ou coagular todas as partes em um verdadeiro todo – um todo inaciano. O que fez isso – o que uniu todos os muitos jesuítas, divididos como eram em quatro categorias de Padres Professos, Coadjutores Espirituais, Irmãos Leigos e Escolásticos, e distribuídos por muitas partes do mundo e por muitas funções em toda a estrutura da pirâmide – eram os vínculos gêmeos de autoridade e obediência.
Estes eram realmente dois aspectos da mesma coisa. Obediência era central, juntamente com a subordinação de que precisavam. Cada jesuíta estava subordinado a alguém.
“Superiores individuais”, escreveu Ignatius, “devem ter muita autoridade sobre os sujeitos, e o Geral sobre os superiores, e por outro lado, a Sociedade muita autoridade sobre o Geral.” Dessa forma, “todos podem ter poder total” e, mesmo assim estar sob certo controle.
Assim como ocorre com o voto de obediência, ele ‘une indivíduos a seus Superiores, e os Superiores locais entre si e aos Provinciais, e ambos Superiores e Provinciais ao Geral. “Assim, a subordinação de alguns a outros é diligentemente preservada.”
Aos olhos de Ignatius, sua Sociedade deveria se distinguir pela qualidade da obediência de seus membros. “Os outros líderes religiosos podem nos sobrepujar em jejuns, vigílias de prece noturna e outras austeridades em comida e roupa. Nossos membros devem exceder em verdadeira e perfeita obediência, na renúncia voluntária de julgamento particular.”
Este princípio fundamental da obediência jesuíta era difícil de implementar. Na verdade, Ignatius achou necessário codificar em um documento especial exatamente o que ele queria dizer com Obediência Jesuíta. Em 1553, provocado por sérias dificuldades entre os Jesuítas portugueses, diversos dos quais ele teve que dispensar, Ignatius escreveu sua Carta sobre a Obediência; nela, ele é claro sobre o que chama de “verdadeira obediência.”.
Todo Superior deve ser obedecido com representante de Cristo. Obedecendo este representante, você estava obedecendo A Cristo; você estava fazendo a vontade de Cristo.
Sua obediência podia ser uma entre três tipos. O grau mais baixo é “obediência no desempenho”: Você faz o que lhe é ordenado, mesmo que você possa discordar com a idéia total, pensar que o Superior é um tolo, ou pensar que você sabe o que deveria ter-lhe sido ordenado. Você obedece, mas contra sua vontade. O julgamento de Ignatius deste grau de obediência: “muito imperfeita”.
Existe um segundo grau de obediência. Você pode ainda achar que o Superior é um tolo e que você sabe o que ele deveria ter ordenado, mas por obediência a Cristo, você decide que você fará de boa vontade o que ele diz. O ponto aqui é que você tem a intenção de agradar a Cristo, que sua obediência seja transformada de má vontade para boa vontade. Na verdade, você escolhe desejar o mesmo que seu Superior. “Neste estágio,” comenta Ignatius, “existe já alegria na obediência.”.
Existe ainda uma outra, o mais alto grau de obediência. Você faz não apenas o que lhe é dito que faça, sem mostrar qualquer oposição aberta. Nem você simplesmente escolhe querer como seu Superior quer, cumprir aquele comando de boa vontade. Agora você concorda mentalmente com seu superior, você tem a obediência do intelecto. Incondicionalmente, você pensa como seu superior. Você submete seu julgamento ao de seu Superior “até onde somente a rendição da vontade pode influenciar o intelecto.” Esta forma mais alta é o que Ignatius chamava “obediência cega… a renúncia voluntária ao julgamento particular.”.
Os graus de obediência, obviamente, são organizados de acordo com a vontade de grau um é engajada naquela obediência – de acordo, em outras palavras, com a “disposição” de alguém. Ignatius escreveu em algumas linhas curtas o seu ideal do jesuíta obediente:
Em geral, eu preciso não desejar pertencer a mim mesmo, mas a meu criador e a seu representante. Eu preciso deixar-me conduzir e mover como um pedaço de cera se deixa ser moldada. Eu preciso ser como um cadáver de homem morto sem vontade ou julgamento; como um pequeno crucifixo que se deixa ser movido sem dificuldade de um lado para outro. Como uma bengala na mão de um velho, ser colocado onde ele deseja e onde ele pode fazer melhor uso de mim. Assim, eu preciso sempre estar pronto, de modo que a Ordem possa usar-me e aplicar-me da maneira que lhe possa parecer boa…
A frase “como o cadáver de um homem” em latimperinde ac cadaver, deu origem à frase “obediência cadavérica” e erradamente interpretada, foi usada para ridicularizar, e até mesmo vilipendiar a obediência jesuíta. Exige discernimento do que Ignatius queria dizer; e o que ele queria dizer era em si mesmo revolucionário.
Até esta época, o voto de obediência nas Ordens Religiosas (assim como os outros dois votos de pobreza e castidade) era destinado a ajudar os membros daquelas Ordens a atingir a santidade pessoal, e no limite, a salvação eterna.
A obediência jesuíta visava primariamente criar um corpo muito disciplinado e coeso de homens amplamente separados pelo mundo afora, homens que eram dirigidos por planos e estratégias concebidas por grupos de Superiores coordenados e interligados; homens cujo trabalho visava primariamente o mundo ao redor deles.
A passividade e a qualidade cadavérica de caráter daquela obediência, a maleabilidade da cera, a adaptabilidade da bengala do velho, e o desamparo do pequeno crucifixo – todas estas eram imagens que se referiam a um único processo: a escolha do objetivo e os meios para se atingir aquele objetivo.
Como os jesuítas provaram além de todos os sofismas, a obediência inaciana nunca afetou a engenhosidade, o ativismo perene, a genialidade, o uso extenso de realizações pessoais e dons pelos membros da Ordem.
Na verdade, a obediência jesuíta, com o passar do tempo, se tornou uma característica quase fabulosa dos membros da Ordem. Seus amigos e admiradores a elogiavam. Os inimigos a parodiavam, reclamando que os jesuítas eram obrigados por seu voto de obediência a fazer tudo o que o Superior ordenasse – assassinar um líder, explodir um edifício, roubar, corromper, mentir, cometer suicídio. Mas isto é pura calúnia. Ignatius exclui explicitamente da obediência qualquer coisa que cheire, remotamente, a pecado. Assim também faz a lei geral de moralidade católica.
Tinha sido sempre este aparentemente flagrante contraste entre a obediência “cadavérica” de homens dispostos em pirâmide de um lado, e de outro sua engenhosidade, genialidade e outros dons individuais tão evidentes em seu ativismo que tinha intrigado os inimigos da Sociedade. Nada havia para ver, eles diziam. “Nada,” como o racionalista francês do século dezenove e ateu de estilo próprio, Edgar Quinet, reclamava exasperado, “a não ser provinciais, reitores, examinadores, consultores, admonitores, procuradores, prefeitos de coisas espirituais, prefeitos de saúde, prefeitos de bibliotecas, prefeitos de refeitório, atendentes e comissários.” Como então podia tal organização anódina ser um inimigo tão formidável para os inimigos de Roma, tão valiosa como ativo do papado.
Toda aquela estrutura piramidal construída sobre “obediência cadavérica” precisa, concluiu-se, ser uma fachada para uma elite oculta letal e sedenta de poder, conspirando por trás desta fachada banal para assumir as liberdades e ativos de todos os homens livres, ou para o que um escritor Protestante chamou “artes mágicas secretas pelas quais os jesuítas em certos dias fazer acontecer coisas estranhas…”
“Mostre-me entre tudo isso a alma cristã!” Quinet reclamava. E embora Quinet e tantos outros como ele durante séculos não veriam, o segredo real dos jesuítas de Ignatius era precisamente a alma cristã; seu cultivo e refinamento em cada membro da Ordem. Embora todos os regulamentos fossem criados por Ignatius nas Constituições e outros escritos, é somente quando você entende aqueles regulamentos à luz da dimensão divina e espiritual do molde inaciano clássico que você pode começar a entender o jesuitismo: aquela combinação peculiar de individualismo altamente desenvolvido em cada membro, coordenada a partir de dentro do arcabouço da coesão da organização ao redor dos Superiores; coesão composta de obediência jesuíta. Disciplina interna rígida deu origem a unidade interna. Liberdade individual abençoada por obediência deu aquele tremendo momento ao que nunca tinha sido igualado por outra organização.
Muitos, incluindo os primeiros jesuítas, usaram metáforas militares para descrever a natureza e o modo de operação que Ignatius criou para sua Sociedade. A cadeia piramidal de comando, a divisão dos jesuítas em graus, a idéia da obediência jesuíta, estes elementos são reproduzidos, certamente, em grupos militares. O próprio nome que Ignatius usou para designar seu grupo, Companhia de Jesus, parecia a muitos ser derivado da estrutura do exército.
Ainda assim, na mente de Ignatius é certo que sua idéia do que a Sociedade de Jesus e seus Jesuítas seriam estava modelada diretamente no que a teologia e a filosofia católica tradicionalmente deram como condição divinamente revelada de todas as coisas criadas – subordinação dentro de uma ordem predeterminada. Pecado e Lúcifer tinham violado aquela ordem das coisas criadas. A grande empresa de Cristo era restaurar aquela ordem. O Termo Companhia, que indubitavelmente teve um uso militar por trás dele, não obstante, queria em sua mente sublinhar o fato de que ele e seus associados eram mais companheiros em tal empresa enorme; e que através de sua subordinação, eles estavam diretamente ligados a Cristo.
Uma vez que os vínculos subordinados eram rompidos – ou dentro da Sociedade ou entre a Sociedade e o representante de Cristo, o Pontífice Romano – a verdadeira natureza da Sociedade de Jesus seria mudada.
Extraído de: http://bibliot3ca.wordpress.com/a-companhia-de-jesus/
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Os Jesuítas e seu envolvimento na criação da sociedade secreta dos Illuminatis
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Entrevista com Eric Jon Phelps - Autor do livro "Assassinos do Vaticano"
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