BIDI - 03 de junho de 2012 - Parte 2 - Autres Dimensions

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~ Intervenção de BIDI ~

Sri Nisargadatta Maharaj



Pergunta: pelo fato de eu ter praticado a meditação do 3º olho durante anos, será que a questão luciferiana está sintonizada em mim já que a Vibração do 3º olho às vezes persiste?

Eu lhe responderei simplesmente: não se coloque esse tipo de pergunta.
Quem é Lúcifer?
Quem é o diabo?
Quem é Deus?
Obstáculos no caminho, nada mais.
Não dê crédito a todas essas crenças, mesmo elas tendo um suporte verdadeiro, neste mundo.
Você não é deste mundo.
Colocar-se esta pergunta é recair na Dualidade e no medo do bem e do mal.
Quaisquer que sejam as Vibrações, as Vibrações concernem à Consciência já que a Consciência é Vibração.
Mas não o Absoluto, que não é nem Consciência, nem Vibração.
No Absoluto, não há olhos, nem 3º olho, nem 4º olho.
Há o Centro, o Coração, o Amor e nada mais.
E nenhum obstáculo (mesmo o diabo ou Lúcifer ou outro) pode impedir de ser o que você É, desde toda a Eternidade.
Só o peso das crenças e do saco de pensamentos é um obstáculo e há apenas você que pode parar de nutri-lo.
Nenhuma montanha pode parar o Amor.
Nenhum mundo pode parar o Amor.
Nenhuma força pode parar o Amor.
Eles podem simplesmente dar a ilusão de parar.
É nesta ilusão de parar o Amor que o ser humano acredita.
Mas se você for além da crença e da Vibração, isso não tem qualquer peso, qualquer consistência e qualquer Verdade.
Tranquilize-se.

***

Pergunta: quando a minha consciência sente ser diluída no vazio, no infinito, ela se apavora e se retrai, interrompendo assim a sua diluição. O que devo refutar para superar esse andamento?

Neste curso, nada mais há para refutar.
Há apenas que continuar a ser um observador, até o momento em que o próprio observador, que observa a retração, desaparecer, ele também.
Nesse andamento, como você o nomeia, o teste da refutação não é utilizado.
Há ainda apenas alguém que observa a cena, que tem consciência de que há um teatro, mas que vai em breve sair.
Nada há a fazer para sair, apenas permanecer aí, permanecer tranquilo, fazer ainda o jogo do observador, até o momento em que o próprio observador desaparecer, sozinho.
Nada mais fazer, nada mais ser.
Deixar Ser e deixar como está.
Essas são as palavras mestre.
Porque, a partir do momento, nesse andamento aí, em que você aceita nada mais dirigir, nada mais observar, o observador desaparece por si só, assim que você sugerir que nada há a observar.
E então, nada faça.
Esse curso é lógico.
Ele precede a Dissolução.
Nós nos conectamos a uma pergunta anterior referente ao sentimento de ser uma outra pessoa, ou mais de uma pessoa, de alguma forma, o que é ainda melhor.
Isso foi denominado, por alguns místicos, no ocidente, ‘a noite escura da alma’.
Mas há ainda um observador que constata.
Portanto, limite-se a ver o que se desenrola e aceite não mais constatá-lo, tampouco, sem refutar.
E aí, você vai se aperceber de que a Dissolução da consciência ocorre e não haverá mais retratação.
A retração é devido ao próprio observador.
Vocês sabem, é claro, na física que vocês nomeiam física quântica de ponta, que o observador modifica o que é observado.
Portanto, enquanto houver observador, há modificação.
O observador deve desaparecer por si só.
Basta simplesmente não mais se interessar por ele, nem pela retração.
E tudo isso vai desaparecer.
Mas é uma fase normal.
Porque a retração o conduz ao Centro que é o centro de todos os centros e de todas as periferias.
Somente naquele momento todas as periferias, sem qualquer limite, são reveladas.
É a perda total do sentido de alguma identidade, de alguma pessoa, de alguma história, de alguma emoção, de algum saco, de comida como de pensamentos.
Eu diria que, talvez, o mais difícil, nesse curso aí, como você o nomeou, seja aceitar nada mais fazer, nada mais ser, nada mais observar, tampouco, mas sem agir, porque, quando há uma ação, há uma tensão e esta tensão afasta do Centro.
Esqueça-se e desapareça.
E você irá desaparecer, isso é inelutável.
E isso não está inscrito em um tempo ou em um espaço, mas está inscrito na Eternidade, porque você é a Eternidade.
A retração da alma, depois do Espírito, são os últimos solavancos do indivíduo.
Observe-os e deixe desaparecer a observação, sem desejá-lo, sem decretá-lo.
Observe, de algum modo, o desaparecimento do observador.
E, aí, não haverá mais de qualquer maneira que observar: você terá estabelecido o Absoluto.
Aliás, naqueles momentos em que você fala sobre o curso final, mesmo se houver retração da alma ou do Espírito, o observador percebe claramente que se instala algo muito mais amplo do que ele próprio.
É justamente o que está por trás do observador: Você.

***


Pergunta: apesar da sua maneira trovejante de entoar as suas respostas às perguntas, mantendo-se a intenção e a atenção, depois de alguns minutos o sono vence e até mesmo o som da sua voz desaparece, ao ler, ao escutar somente ou combinando os dois. O melhor é deixar assim?

Inteiramente, porque quanto menos você compreende, mais você ali está.
E quanto mais você cai no sono, mais você ali está, considerando que possa ali haver algo mais.
Pois, o que quer escutar e o que quer compreender, sem entender, é o quê?
O ego ou o Si.
Se o ego ou o Si se extinguirem, ou seja, se a consciência se extinguir, o que resta?
O Absoluto.
A um dado momento (que não depende de um tempo futuro, mas, sim, do lugar onde você se coloca), bem, o Absoluto será estabelecido no que você é.
Não há então, efetivamente, nada a empreender, nada a fazer, e nada a não fazer.
Apenas, aí também, deixar desenrolar-se o que se desenrola.
Isso prova que nós atravessamos, nesta conversa, largamente, a barreira da escuta, a barreira da compreensão, para penetrar sem dificuldade no que eu chamaria de entendimento.
Esta conversa já rola entre nós.
Você aceita nada mais manter, você não o compreende, mas você vive isso.
É então a Verdade além da experiência.
Não é, portanto, a via correta ou o caminho correto, mas a atitude correta e o local certo para olhar.
É, portanto, o ponto de vista correto.
Aquele que é justo porque ele escapa ao saco de pensamentos, do mesmo modo que você escapa ao saco de alimento e à própria consciência.
Você entra no entendimento, no sentido figurado, como no próprio.
O entendimento do som do Absoluto, da Morada da Paz Suprema.
É muito exatamente isso: o que você É.
Eu diria: não se mova mais, não faça mais nada, não seja mais nada.
Então, a Transparência está aí: você não para mais nada, você não existe mais no parecer e você desaparece, totalmente.
Então, aí, emerge o que você É: Isso.

***

Pergunta: eu tenho a impressão de ter voltado no tempo, involuntariamente, nos velhos esquemas de ação / reação, a personalidade e o ego onipresentes. Eu tenho então a impressão de não conseguir Ser. Como sair disso?

Não existe qualquer cenário de resolução aí onde se situa o que você vive.
Você constata, como você disse, a ação / reação, o jogo do ego, o jogo da duplicidade, da Dualidade.
Você não pode se servir da alavanca situada no mesmo nível para se extrair, porque disso que você queria se extrair vai se reforçar.
Isso é inelutável.
Porque a consciência, situada nesse nível, não lhe é de qualquer serventia para sair disso, porque qualquer solução trazida ao mesmo nível será apenas efêmera e transitória.
Porque tudo isso pertence ao mundo da ilusão.
Você ainda acredita ser uma pessoa que está lutando.
Você ainda acredita estar em um mundo que existe.
O seu ponto de vista está inserido na realidade que você vive, que não é a Verdade.
Esta realidade não pode ser de qualquer ajuda, ela é útil para agir na ação / reação.
Se você quebrar um braço, você pode fazer todas as orações do mundo, ele permanecerá quebrado: é preciso engessá-lo.
Isso não pode funcionar assim para sair do jogo do ego e da personalidade.
Você nada pode engessar, naquele nível.
Isso seria apenas uma correção passageira.
A solução está em outros lugares.
Não a remeta no mesmo tempo da ilusão, da ação / reação, mais saia deste espaço confinante da personalidade.
Aí também, há uma falha de ponto de vista, importante, que não é mais narcisismo, mas uma conveniência.
Uma conveniência para o efêmero, uma conveniência para o ego que quer resolver um problema quando ele não tem qualquer meio para isso.
É preciso então aceitar não querer resolver o que quer que seja, mas sair desta linearidade.
Coloque-se em outros lugares.
Não simplesmente mudando de ponto de vista, mas aceitando que você não é tudo o que representa.
Você ainda está no palco do teatro, querendo isso e querendo aquilo.
Você quer colocar um gesso.
Mude de ponto de vista.
Eleve-se.
Eu sequer lhe falo de Abandonar o Si, mas de se Abandonar à Luz.
Você é mais inteligente do que a Luz, você é?
Será que o seu ego é superior à Luz?
Será que o seu ego acredita que ele é o mestre da sua vida?
Se sim, então continue a sofrer, se não, eleve-se.
Não deixe o ego comandar.
Deixe a Luz entrar.
É isso, o Abandono à Luz, que irá permitir-lhe ir para o Si, antes de realizar o Abandono do Si.
Mas se você for corajoso, seja diretamente o que você É: esqueça tudo isso, não dê peso, veja o que o incomoda.
Eu não disse, assim, que é preciso fugir do que o incomoda, mas se eleve, torne-se mais leve, aí também.
Não fique atolado na oposição e na contradição, na ação / reação, porque toda ação provoca uma reação, e toda reação provoca outra ação.
E isso jamais tem fim, ao contrário da trapaça espiritual que quer fazê-los crer que o Karma irá resolver o que quer que seja.
Não há Karma.
O Karma refere-se apenas à pessoa, não ao Si, e menos ainda ao Absoluto, se eu puder me exprimir assim.
Portanto, você se submete, você mesmo, à ação / reação, reagindo.
E quanto mais você reage, mais há outras ações aparecendo e mais isso o acorrenta, ao passo que você está buscando a Liberdade.
É então questão de sair da ação / reação.
Coloque-se sob a ação da Graça, ou seja, deixe a Luz fazer.
Deixe a Luz se ocupar de tudo.
Enquanto, você, você quiser se ocupar de alguma coisa, isso irá fracassar, é inelutável.
Em quem você confia?
No seu ego ou na Luz?
Onde você coloca o seu interesse: no ego ou na Luz?
É sua responsabilidade.
Você não pode manter a ação / reação e pedir para que a ação / reação cesse.
Seja lógico.
Eleve-se acima da ação / reação e você irá constatar, por si mesmo, que a reação não é mais sua, assim como a ação não é mais sua.
E que, realmente, naquele momento, é a Luz que age e não mais você.
Não é questão, tampouco, de pedir para a Luz agir, porque isso é ainda o ego que quer colocar a Luz aonde ele quer, mas não aí onde é preciso.
Como você pode saber o que é preciso, já que, irremediavelmente, você se mantém na ação / reação permanente e incessante?
Não há qualquer satisfação e qualquer apaziguamento aí dentro.
Isso está muito além da noção de confiança.
É realmente o Abandono.
É preciso que você se doe, você mesmo, à Luz.
E a Luz irá se doar a você.
Mas você não pode pedir à Luz o que você quer, porque o que você quer não é o que quer a Luz.
Você não tem qualquer meio de saber se há uma adequação entre os dois e, na maioria das vezes, há uma total inadequação.
Porque o que pede o ser humano é sempre formulado a partir do ego, e todo pedido formulado a partir do ego apenas faz reforçar o ego, a pessoa, a ação / reação.
Quando você se Abandona à Luz, você nada tem a pedir para ela.
Isso irá extraí-lo do palco do teatro e você irá se instalar confortavelmente na poltrona que assiste ao teatro.
Isso é uma etapa.
É preciso tornar-se consciente do fato de que pedir está sistematicamente inscrito na ordem da personalidade.
Por outro lado, pedir à Luz, é suficiente.
Não é conveniente pedir à Luz para fazer isso ou aquilo.
Vocês acreditam que ela tem necessidade dos seus conselhos, dos seus argumentos, dos seus limites, ou das suas crenças?
Vocês são Luz.
Mas se houver demanda de Luz (outra senão a demanda de Luz, sem adjetivo por trás), bem, é o ego que se expressa.
E a Luz jamais responde ao ego, contrariamente ao que vocês creem ou contrariamente ao que quiseram fazê-los crer as religiões.
Entregar-se à Luz é demitir-se do ego: é um ou outro.
Em caso algum isso pode ser os dois.
É disso que é preciso apreender-se.
Lembrem-se: o mundo não existe.
Tudo o que se projeta na tela da sua consciência (o mundo, o inimigo, assim como o amor) é apenas o reflexo do seu ser Interior, o reflexo dos seus próprios desejos inscritos na personalidade.
Se não houver mais personalidade agindo, não há mais desejo e a Luz trabalha.
E você se torna o que você É: Luz.
Nada pode atingi-los.
Somente o ego é atingido e ele o será todo o tempo, porque o ego é construído no medo e na falta.
O que você É não é o ego, nem o medo, nem a falta, mas é Amor, Luz e Absoluto.
Não existe qualquer solução para o sofrimento, na ilusão.
Não existe qualquer solução para o sofrimento, na personalidade.
O Si vai representar um sucedâneo de Paz, pondo fim ao sofrimento ou, em todo caso, à percepção da sua ilusão.
O Absoluto põe fim à própria percepção do sofrimento.
Eu poderia dizer de outra forma que, no Absoluto, mesmo se houver sofrimento do saco de comida, o sofrimento não faz mais sofrer.
E esse é o objetivo.
Enquanto houver ego, há atração para o sofrimento.
Enquanto houver o Si, há curativo.
Mas chega um momento, um espaço, em que tudo isso não pode mais atuar, em que tudo isso se extingue, porque isso não é mais alimentado nem pelo ego, nem pelo mundo, nem pela ação / reação.
Todos vocês sabem que, quando um sofrimento é extremo (seja uma perda, uma dor, ou qualquer evento extremamente traumatizante para o ego), o que acontece, na maioria dos casos?
Há um sentimento de irrealidade, uma saída do espaço-tempo linear: tudo parece se desenrolar em marcha lenta porque a consciência não está mais no ego, mas ela se extrai, de maneira temporária, do ego, e até mesmo do Si.
É, aí também, um outro vislumbre do Absoluto.
Essas experiências foram descritas por toda parte.
Se você realizar isso, você irá constatar que toda a sua vida, nesta ilusão, não poderá ser afetada pelo menor sofrimento.
Mas para isso, é preciso soltar, é preciso aceitar soltar.
Quem é o mestre a bordo?
E a bordo de quê?

***

Pergunta: será que viver a Onda do Éter é viver a Luz Vibral e a Onda da Vida, ao mesmo tempo?

Viver a Luz Vibral e a Onda da Vida, ao mesmo tempo, é o Absoluto, que resulta na não Vibração, na não consciência, na Morada da Paz Suprema.
É o momento em que não há mais pensamento, emoção, aflição, nem mesmo Alegria, mas um estado de tranquilidade total, sem mesmo ter necessidade de deixar esse saco de comida ou esse saco de pensamento.
Porque há uma desidentificação total, real e completa, desse saco de comida e desse saco de pensamentos.
É isso o Absoluto.

***

Pergunta: a vida me mostra, atualmente, de maneira física, que as comportas estão fechadas, que há uma dificuldade de pôr para funcionar, ao passo que a Fluidez sempre esteve presente anteriormente. Eu não chego a apreender a profundeza.

A Fluidez da Unidade é o reflexo e a manifestação do estabelecimento do Si.
Quando as comportas estão fechadas, quando a Vibração se faz mais discreta ou ausente, quando a Fluidez desaparece, sem, no entanto, ser substituída por resistências, mas simplesmente, como você disse isso, pela parada das comportas que estão fechadas: um fluxo, que estava aí, não está mais aí, é um sinal muito bom.
É a retração da alma e do Espírito, que conduz ao Absoluto.
Há apenas que abandonar, totalmente, o Si.
O que irá permitir compreender que o que você nomeia sua vida, é apenas uma ilusão.
É parando de nutrir a ilusão, mesmo pela suspensão da Fluidez da Unidade, que chega a Morada da Paz Suprema.
Considerando que eu possa empregar a palavra chegar, porque não há continuidade.
O que você vive, como em uma pergunta anterior, é exatamente a mesma coisa: você mantém um bom curso.
Se você se Abandonar totalmente a isso, o Absoluto está aí e você É Isso.
Não se interrogue mais sobre o sentido do que você vive, do que vive a sua vida, mas se interrogue sobre a Essência do que acontece.
Você sai do Si no não Si que, ele, não se opõe ao Si.
E acontece o Absoluto.
Não procure restabelecer o que quer que seja do passado, mas se instale, de maneira mais lúcida, no que o que você denomina sua vida, dê-se a experimentar.
É a prova de que o Absoluto está aí.
O Absoluto apenas pode existir no Abandono do Si.
É muito exatamente o papel que você desempenha: observar e testemunhar sobre isso.
Nada procure restabelecer, mas, muito mais, estabelecer-se no que É, desde toda Eternidade.
A partir deste momento, você não se colocará mais a questão da Fluidez, porque isso será evidente.
Tudo não será mais simplesmente Fluido e fácil, mas você estará bem fora de tudo isso, deixando então a vida desenrolar-se, sem ali interferir, no que você É.
Dessa maneira morre o ilusório, dessa maneira morre o efêmero, antes da sua hora, deixando o lugar para o espaço do Absoluto.
Vocês são cada vez mais numerosos (e vocês o serão cada vez mais) a ser, de algum modo, confrontados com isso.
Coisa à qual o ego vai querer concerni-los, fazendo-os crer que isso é absurdo.
Não o escutem.
Se, para ele, é absurdo, isso é bom.

***

Pergunta: por que eu tenho a impressão de estar aguardando, como se me faltasse algo para passar, para bascular, no Desconhecido, no Absoluto?

Eu chamo a sua atenção para o fato de que esta pergunta é um contrassenso.
Porque, se você tiver a impressão de que falta algo para bascular no Desconhecido e no Absoluto, nenhum elemento do que lhe é conhecido (ou cognoscível) pode permitir-lhe ir para o Absoluto.
E nada pode faltar ao Absoluto, nem ao limitado.
Existe, simplesmente (e isso de maneira geral, que não é específico de você), o que foi nomeado (nas perguntas anteriores): a Última Retração, seja da alma, seja do Espírito, que recusam render as armas e capitular.
Deste modo, você não tem que procurar o que falta porque nada falta.
Você não tem que experimentar uma impressão de espera (porque a espera o coloca no tempo ou na busca), mas aceitar que isso seja assim, isto é: ser, cada vez mais, o observador disso, sem se colocar questões, sem nada refutar (aí onde você está) e aguardar, pacientemente (sem nada esperar porque irá desaparecer por si só), que o observador se dissolva.
Portanto, não se coloque a pergunta do porquê, nem do que quer que seja que poderia faltar, mas, simplesmente, deixe desenrolar-se esta espera.
Mas você não é esse que espera.
Você é o que observa.
Isso é profundamente diferente.
A partir deste momento, o contrassenso poderá desaparecer por si só.
Porque você não irá buscar um sentido ou uma resposta, mas, sim, você irá constatar, por si mesmo, o que se desenrola.
E o que se desenrola não pede, nem questão, nem interrogação, mas, simplesmente, uma lucidez, aí também.
Observar, ir além, aceitar superar aquele que experimenta e que observa.
É, já, de algum modo, ir levantar, sem procurá-lo, o que está por trás de tudo o que se joga.
Se você aceitar isso (permanecer tranquilo, nada procurar: nem resposta, nem falta), então, tudo vai chegar.
Não há sequer que mudar de ponto de vista.
Há apenas que observar esse ponto de vista e deixar como está.
Aí também, nós conectamos esse último curso do Abandono do Si.
O Abandono do Si (como o Abandono à Luz) não é uma ação da vontade, nem uma decisão do ego, mas sim, o que eu chamaria de capitulação do ego e de capitulação do Si onde nenhuma ação é necessária, onde nenhuma decisão é indispensável.
Simplesmente, observar o que irá pôr fim, seguramente (daí onde você está), ao próprio observador.
Você irá constatar, aliás, que, assim que o porquê cessar, assim que a espera cessar, tudo está aí.
Isso acontece, sempre, dessa maneira.
Foi dito (por alguns Anciãos) que a espera e a esperança não eram a mesma coisa.
Eu lhes digo, quanto a mim, que a espera e a esperança devem cessar, agora, tanto uma como a outra.
Porque não há mais tempo, em todos os sentidos do termo.
O Tempo está consumado, os Tempos terminaram, portanto, vocês saem do tempo para entrar no Espaço.
E não busquem, tampouco, embarcações.
São vocês a Embarcação.
Mesmo se, é claro, existem circunstâncias específicas e particulares em que o que vocês denominam embarcações exógenas devendo intervir, mas isso não lhes diz respeito.
Ocupem-se da sua Embarcação.
Porque vocês São uma Embarcação.
É isso que acontece.

***

Pergunta: originalmente, mais mental do que no corpo, às vezes, o desejo sexual me leva. Então, com a minha escolha do Absoluto e tudo isso, eu estou confuso.

Você não pode desejar o Absoluto já que você o É.
Lembre-se: o Absoluto contém tudo, mesmo a ilusão.
Por que você quer excluir o que quer que seja do Absoluto?
Você apresenta as coisas como se fosse um ou outro.
Quem disse isso, senão a sua própria cabeça?
Em nome de quê?
Deixe esse corpo viver o que ele tem a viver ou então, corte o que excede.
Mas isso não fará desaparecer o que quer que seja.
É você mesmo que se corta de si próprio, colocando uma oposição aí onde não existe, uma contradição aí onde não existe.
O que vive esse corpo, o que vive esse mental, não se refere ao que você É.
Seja o que você É, além do Si e, depois, você irá olhar o que acontece, nesse corpo como nesse mental.
Mas não faça o inverso: isso é colocar a carroça na frente dos bois.
Você não pode se preocupar com o Absoluto.
Isso não é uma busca.
Isso não é uma Realização.
Isso é uma Liberação.
Mas colocar a questão da liberação traz de volta o que você acreditava ter liberado.
Mas quem disse que é preciso estar liberado desse corpo para viver a Liberação?
Você não é esse corpo.
Você não é, tampouco, o que excede.
Não há qualquer conflito (ou qualquer contradição) senão em você.
Será que o Absoluto me impediu de ter filhos?
Nós não estamos em uma religião castradora.
Faça o que a vida lhe pede.
Esse corpo lhe pede coisas.
Esse mental lhe pede coisas.
Você é isso?
Você se identifica a isso?
Enquanto você der peso a uma contradição, enquanto você atribuir, ao desejo, virtudes opostas ao Absoluto, você mantém, você mesmo, a sua própria Dualidade.
Deixe o Absoluto ser o que você É, e eu diria: o resto irá se seguir.
Coloque os bois e a carroça irá se seguir.
No outro sentido, isso não funciona.
Não há Passagem do ego (ou do Si) ao Absoluto.
Por outro lado, assim que o Absoluto for o que você É, as Passagens se fazem sem interrupção e sem descontinuidade.
Mas não coloque a carroça na frente dos bois: deixe a ordem das coisas se estabelecer sozinha.
Senão, você pode criar não importa qual crença: que se você usar bigode, você não pode ser Absoluto, porque não.
Mas isso permanece no domínio das crenças.
Não há qualquer verdade, por trás disso, mesmo relativa.
São apenas suposições.
Deixe estabelecer o que você É (Absoluto) e o resto você verá por si mesmo (mas não do ponto de vista do ego ou do Si).
Porque não é preciso confundir o desejo e a necessidade, o desejo e a falta.
A expressão de um desejo do corpo, de um desejo do mental, é o Absoluto.
Isso não é contraditório (nem oposto), mas há uma ordem: a carroça ou os bois.
Mude, aí também, de posição.
Não emita julgamento.
Não emita suposição.
Porque o ego vai lhe propor obstáculos.
Para você, isso pode ser o que você chama de desejo sexual e, aliás, ele chega a fazê-lo crer que porque há um desejo, o Absoluto não pode estar presente (o que é, evidentemente, absolutamente falso).
Você se deixa cair na armadilha do seu próprio ego que o submete a uma equação com uma impossibilidade.
Seja Absoluto e, depois, você verá o que acontece.
Isso não terá qualquer espécie de importância.

***

Pergunta: desde a minha infância, eu experimentei vários lutos de pessoas pelas quais eu tinha muita afeição e eu não senti qualquer emoção. Isso era tranquilo em mim. Há três semanas, a minha irmã mais velha me disse que ela tinha um câncer muito grave e, quatro dias depois, aconteceu um outro grande problema. Desde então, eu sinto, quase que permanentemente, sentimento de tristeza, desamparo, medo, traição. Eu não sou absolutamente chegado a refutar. Como se tudo que eu acreditava integrado tivesse desaparecido. Você pode me ajudar nesta etapa?

A vida do ego vai lhe apresentar várias vezes o mesmo prato.
E os pratos serão cada vez mais difíceis de digerir.
O que acreditava ter superado, um belo dia, não está mais superado.
Isso é a visão do ego, na linearidade do ego.
No que isso implica?
Em não mais se colocar no ego.
Porque, aí, o que se manifesta (como você o disse), é a culpa, a síndrome do salvador que não pode salvar, que se encontra de pés e mãos atados.
Porque vive uma injustiça e, portanto, uma tristeza.
Não é unicamente a perda que é considerada, mas, sim, isso.
Isso significa que havia, bem escondido, no Si, restos do ego típico de responsabilidade, típico de salvador.
O Absoluto não tem o que fazer disso.
O que você chama de experiências, em meio ao Si, é, de fato, uma escadaria (ou uma avenida) que lhe foi aberta para você se desembaraçar de tudo isso.
Lembre-se: é sempre uma questão de ponto de vista, mesmo sem falar do Absoluto.
O que você poderia denominar uma perda, em um primeiro momento, descobre-se (em um outro momento) um ganho inestimável, em outro nível.
O que a lagarta chama de morte, a borboleta chama de nascimento.
Qual ponto de vista você adota: aquele do ego (que o lembra sobre a ordem), aquele do Si?
Ou você decide deixar os dois, além de toda noção de aflição ou de paz?
Porque a Morada da Paz Suprema não é a tranquilidade do Si.
É isso que vem lembrar a você o que você denomina sua vida.
Isso o leva a esclarecer e a iluminar algumas ligações, alguns apegos, na noção de família.
Porque o que a sua irmã (ou você) chama de morte, o seu Absoluto chama de Liberdade.
Aí também, onde você se coloca: você está contente por esta alma e este Espírito que encontram o Absoluto muito em breve, ou você sofre por uma perda ou uma responsabilidade, uma culpa?
A questão está somente aí.
É a isso que o submete a sua vida, o seu ego que estava escondido na sombra do Si.
Relevar um desafio não é tornar-se potente em relação a um acontecimento, não é negá-lo, mas integrá-lo.
Porque todo acontecimento da vida (que você possa me descrever, qualquer que seja) pertence apenas à ilusão.
Portanto, você se recoloca, por si mesmo, na ilusão, mostrando a você, dessa maneira, ao que você está apegado.
Você não pode estar apegado e Liberado.
É um ou outro.
E esses acontecimentos colocam-no frente a isso.
Você permanece apegado ou não?
Vá além dos acontecimentos, além dos afetos, além dos choques.
Coloque-se a questão da significação, profunda e real.
Você está apegado?
Ou você está Liberado?
É um ou outro.
O ego irá escolher, sempre, o apego, a culpa.
O Absoluto é Liberdade.
Cabe a você ver.
Pedir ajuda mostra, também, a culpa.
Como eu poderia fornecer ajuda ao que não existe: a sua pessoa?
Qual peso você dá à sua pessoa, aos seus apegos?
É preciso desconectar, na totalidade, todos os circuitos, mesmo o mais considerável.
É um ou outro.
E, mais do que nunca (para você como para todos), isso poderá ser cada vez menos um ou outro.
Os Tempos terminaram.
A hora do Espaço chegou.
O Absoluto está aí.
É isso o que vocês São: de todo tempo, de todo espaço e de toda a Eternidade.
Então, é um ou outro.
Vocês não podem levar seus desgostos.
Vocês não podem levar seus apegos.
Vocês não podem levar seus sofrimentos.
Vocês não podem levar o que excede.
Será que vocês compreendem?


******

Mensagem do Venerável BIDI no site francês:
03 de junho de 2012 - BIDI2 - Parte 2
(Publicado em 04 de junho de 2012)

***

Trecho traduzido para o português por Zulma Peixinho

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Questão: há vários anos eu leio e medito, a fim de viver outra coisa que não minha consciência comum, a fim de viver o Amor. Eu não superei a etapa da Vibração. De um lado, tudo vai bem, porque não tenho qualquer temor sobre minha evolução. De outro lado, ser um Liberado vivente, eventualmente, seria uma coisa extraordinária. Quais são, em mim, os bloqueios ou a atitude a ter?

Bem, é muito simples: pare de ler e pare de meditar.
Isso se tornou, agora, obstáculos os mais importantes porque, através do ler e através da meditação, em seu caso, há uma vontade.
Enquanto existir a mínima vontade de ser um Liberado, você não será liberada, porque você já o é.
Portanto, você não pode querer algo que já é.
Você quer viver o Amor, mas você É o Amor.
Portanto, você põe, você mesmo, uma distância com o que você É.
Há vezes em que é preciso aceitar que houve tempo passado a ler, a meditar, a orar, a ter exercícios espirituais.
Se nada acontece, ao final de tanto tempo, coloque-se a questão da utilidade.
Hoje, nesse mundo, há seres que realizam o que eles São e que são Liberados Vivos, instantaneamente, sem, jamais, ser colocada a questão de uma meditação ou de uma leitura.
Por quê?
Porque eles estão instalados na Transparência.
Eles nada pararam.
Eles aceitaram desaparecer.
Ora, você não quer desaparecer: você quer aparecer.
Você apreende toda a diferença?
Você exprime uma busca.
Você exprime uma procura.
Você exprime uma falta de perfeição.
Portanto, você exprime uma dúvida sobre o que você É.
E, enquanto essa dúvida está presente, o ego toma a dianteira.
Pare tudo isso e coloque-se, e isso será possível porque, naquele momento, toda vontade desaparecerá.
É claro, eu não diria isso àquele que, jamais, nada procurou, porque ele não está, suficientemente, aquecido para procurar em um canto, em algo que não tem canto.
Mas você procurou, suficientemente.
Portanto, é muito simples: resta, apenas, fazê-lo aceitar em seu ego.
Se a Vibração está aí, nada mais há a fazer: viva a Vibração, viva o Som, viva a Respiração.
Ajude-se, se quiser, com o que lhe propõe seu saco de alimento, e é tudo.
Deixe o saco de pensamentos tranquilo: se ali se encontram – no interior – os desejos, as necessidades, as faltas, a espiritualidade (que é, como eu disse, a maior das farsas: você já é espiritual).
O problema não é o espiritual a encontrar ou a procurar, é a opacidade do material.
Se você deixa tranquila a opacidade do material, ela se tornará Transparente.
Em contrapartida. Se você a agita, ela se tornará cada vez mais opaca e pesada.
Aceite renunciar a tudo o que você adquiriu.
Entregue tudo.
Eu não falo do que você tem nos bolsos, é claro: eu falo de tudo o que você adquiriu através de suas leituras e sua meditação.
Ou, se prefere, volte a tornar-se uma criança virgem de todo conhecimento.
O conhecimento é apenas ignorância.
O conhecimento é um afastamento da Verdade.
Isso lhes foi explicado durante numerosos anos, seja pelos Arcanjos, pelos Anciões.
Todo conhecimento é uma ilusão.
Ele lhes dá a impressão de possuir, mas são vocês que são possuídos.
O conhecimento possui-os e priva-os do Absoluto.
O único verdadeiro Conhecimento é o Absoluto: ele faz de vocês um Liberado Vivo.
Você pode, absolutamente, tudo ler sobre o Amor e viver todas as meditações as mais realizadas, em que isso o avança, agora?
A nada mais.
Porque todos os patamares necessários foram cruzados.
Resta-lhe, apenas, abandonar tudo isso.
Porque nada disso pertence-lhe e nada disso é a Verdade.
Aceite estar nu.
Aceite sua ignorância do Absoluto, e você viverá o Absoluto.
É o que você É.

***

Questão: cada vez mais, sinto-me em Comunhão com a natureza. Entretanto, pensamentos dispersivos e atitudes de sedução permanecem, o que me afasta disso. Nesses momentos, eu volto a centrar-me. O que fazer mais?

O que existe após a Comunhão?
Isso lhes foi explicado (não por mim): a Fusão e a Dissolução.
Você se compraz na Comunhão – que é uma forma de sedução – e mantém a sedução, porque há um gozo e, depois, outro gozo surge, outro desejo surge.
Porque é preciso ir além da Comunhão, além do gozo.
Para isso, é preciso Fusionar.
Para isso, é preciso aceitar deixar-se Dissolver, pela natureza, pelo Duplo, pelo CRISTO, pelo que você quiser.
Você está pronto?
Não há bloqueios, exceto você mesmo.
A Comunhão, com o que quer que seja, é uma aproximação do Êxtase.
Mas não é o Êxtase.
Não é o Contentamento.
Não é a Morada de Paz Suprema.
A prova: você sai disso.
É subentendido – pelo que você vive e pelo que se manifesta – que você não ousa ir além da Comunhão.
Você não se Abandona.
Você quer continuar a controlar e a dirigir: aí está o obstáculo.
O que lhe propõe a natureza não é, unicamente, uma Comunhão, como o Duplo, como o Sol, como o que vocês nomeiam MARIA, ou CRISTO, ou outros.
É preciso ir para isso.
É você que decide.
Não procure pretextos ou álibis no que não seria resolvido.
É, simplesmente, sua consciência que ainda não decidiu aniquilar-se (esquecer-se, mesmo), por sede de experiências e de experimentações.
Mas você está livre disso: não conceba qualquer culpa aí.
Mas você não pode desejar uma coisa e manter outra coisa.
Como para uma das questões anteriores: veja, claramente.
Não procure algo que estaria escondido ou que o impediria.
Mas é, simplesmente, sua aptidão para a Comunhão com a natureza, que foi uma etapa importante, e que, hoje, é um obstáculo.
Vá mais longe.
Ouse.
Não há, jamais, outra coisa que não o Si, mesmo, e o Absoluto.
Se esse mundo é ilusão, tudo o que ele lhes apresenta é ilusão, mesmo se existam, em seu seio, elementos – como a natureza, um Duplo, um ser espiritual – com o qual vocês têm que superar a Comunhão e a Fusão, a fim de viver – ou preparar – a Dissolução ou a Deslocalização ou a Multilocalização, ou seja, reencontrar a Liberdade.
A Comunhão não é, totalmente, a Liberdade.
Ela é um encaminhamento para a Liberdade, mas ela não realiza, jamais, a Liberdade.
É uma preparação.
Vocês devem apoiar-se nisso, se vocês têm essa necessidade, mas não fiquem fixados nisso.

***

Questão: eu aspiro ao Absoluto, vivendo o Abandono do Si, que eu reconheço, desde pouco tempo, efêmero. Mas não se pode Abandonar o Si sem ali estar, previamente, estabelecido. Você poderia esclarecer o que permite o estabelecimento comprovado no Si, porque não se pode Abandonar um estado de ser no qual não se está, ainda, instalado, permanentemente?

Sejamos claros: o Absoluto não pode ser uma aspiração.
O Absoluto não pode ser, de modo algum, uma finalidade.
É um Final.
Não é um estado que decorra de outro estado.
Simplesmente, para aqueles que realizaram o Si, é preciso Abandonar o Si, Realizar o «eu sou» para, finalmente, descobrir o não Ser.
Mas não é uma lógica sucessiva.
É perfeitamente possível, e esse foi o caso para muitos Irmãos e Irmãs, em todos os tempos, passar, diretamente, do eu ao Absoluto.
Essa Passagem não é uma.
É, simplesmente, a ruptura do eu, por uma circunstância específica (traumática ou outra), que permite a Liberação.
Querer aspirar ao Absoluto não é uma técnica: não se pode aspirar Ser Absoluto.
Isso não pode ser nem um pedido, nem uma vontade, nem uma realização.
Nós temos insistido – no que me concerne e a outros Anciões que lhes falaram – sobre o princípio da Refutação.
Em que seria preciso que um estado fosse realizado para deixar o lugar a outro estado (que não é, aliás, outro estado)?
Não há lógica sucessiva.
Há verdade relativa, construída, e desconstruída, em seguida: o aspecto em camadas da cebola.
Mas vocês podem, muito bem, passar das camadas da cebola para descobrir que nada há: nem camadas, nem cebola.
Não faça do Absoluto um princípio de Realização, o que ele não é.
É apenas a partir do instante em que o que lhes é conhecido, é refutado, que o Desconhecido estabelece-se.
Isso não quer dizer, contudo, que vocês devam percorrer o conjunto do conhecido ou descobrir, nesse conhecido, o que não lhes é, ainda, conhecido: isso seria sem fim.
Sua consciência – quer ela seja do eu ou do Si – deve dirigir-se ao que cai sob os sentidos, e o que é evidente em suas próprias manifestações da consciência, ou seja, o que já está construído.
Não procurem, agora, acrescentar outras construções, se não, vocês vão pensar, como você o faz, que é preciso concluir algo para ir a outro lugar, o que jamais foi dito.
Qualquer que seja o estágio da consciência e o estado de sua consciência, fragmentária ou Unificada, isso não faz qualquer diferença.
Eu diria, mesmo, que, quanto mais o tempo desta Terra escoa-se, mais será fácil àquele que não tem qualquer diligência espiritual, qualquer busca (espiritual ou de sentidos), de viver o Absoluto, mais do que àquele que se construiu um Si sólido.
Porque o Absoluto é o Abandono do Si, como o abandono do eu.
Isso é bem além do Abandono à Luz, que permitiu realizar o Si, para aqueles que o realizaram.
A Liberação não se importa com estados anteriores.
No exemplo que tomei (um dos exemplos que tomei), há uma escada, cujos degraus aparecem progressivamente.
Portanto, vocês acreditam subir em uma escada para ir a algum lugar, mas vocês não vão a lugar algum.
Eu tenho insistido, longamente, sobre essa noção de olhar e de ponto de vista.
Esse ponto de vista e esse olhar nada têm a ver com os olhos: é uma iluminação da própria consciência, uma iluminação do observador.
Em que o observador teria necessidade de concluir uma casa, para compreender que essa casa para nada serve?
Jamais foi dito que havia uma sucessão de estados que permite conduzir, de algum modo, ao Absoluto.
O Absoluto não é uma finalidade: é a Verdade Absoluta.
Se isso não lhes convém, fiquem no Si.
Eu jamais apresentei o Absoluto como finalidade.
Se vocês fazem dele uma finalidade, vocês fazem dele uma aspiração ou uma busca.
Contentem-se, então, de deixar a Onda de Vida percorrê-los, sem nada procurar, sem nada esperar, sem nada pedir.
Porque, se há espera, se há pedido, se há procura, isso não pode conduzir.
Apenas o que eu chamei a refutação permite conduzir ao Absoluto, mas não é uma realização.
É apenas quando vocês eliminaram as camadas ilusórias e de ilusões que lhes são perceptíveis que o Absoluto revela-se.
Ele sempre esteve aí.
Compreendam, efetivamente, que é sua visão e seu ponto de vista que são responsáveis, quanto ao seu afastamento: o Absoluto jamais se moveu, ele está, sempre, ao centro.
Vocês é que saíram do centro.
Vocês não são nem responsáveis nem culpados: não há nem responsável, nem culpado.
Há apenas um olhar diferente.
Há apenas que reconhecer sua ignorância.
Há apenas que refutar o que é efêmero e que lhes é perceptível.
A primeira das coisas que lhes é perceptível não está no fim do mundo: é seu corpo.
A segunda coisa que lhes é perceptível: é seu mental.
O terceiro elemento que lhes é perceptível: são seus apegos.
Há, já, o trabalho, que não é um trabalho, mas uma investigação.
Façam a investigação sobre o que lhes é perceptível.
Não lhes é pedido um discurso de teologia para saber se CRISTO foi crucificado em tal lugar ou em tal outro lugar: isso, estritamente, nada lhes aportará, a não ser nutrir o mental, nutrir as crenças, nutrir as ideias.
Vocês não são uma crença, não são uma ideia, qualquer que seja.
Não há, portanto, aspiração possível ao Absoluto.
Conceber assim é afastar-se, ainda mais.
O Absoluto não será, jamais, um estado.
Lembrem-se: não há passagem possível a partir de um ponto de apoio conhecido para o Desconhecido.
Todos os pontos conhecidos não são pontos de passagem, mas obstáculos e resistências.
Vocês não têm que lutar contra.
Vocês têm apenas que ver e reconhecer essas resistências e esses obstáculos, não para compreender o sentido deles ou a origem, mas o sentido primeiro, ou seja: elementos limitadores e modificadores do que vocês São, em Verdade.
É desse ponto de vista – se se pode dizê-lo – que vocês devem – se se pode dizê-lo – partir, ou começar o que não pode ser, em caso algum, uma busca, mas, efetivamente, como eu nomeei, uma investigação.
Essa investigação não é um jogo mental, mas é um Jogo Divino, que vai permitir siderar-se, ou fazer interromper as bases de funcionamento da personalidade e do Si.
Aí está o único objetivo.
Todo o resto – aspiração, desejo – seria apenas projeção.
O Absoluto não pode, em caso algum, ser uma projeção, um objetivo ou uma finalidade.
É nesse sentido que eu o nomeei Final.
Mas esse Final não é a consequência do que está antes, uma vez que esse Final contém todo o resto.
É um conjunto, que contém um subconjunto, uma multidão de subconjuntos.
Nenhum dos subconjuntos conhecidos conduz ao conjunto, é impossível.
O conhecimento das partes não lhes dará, jamais, o Conhecimento do global e da Totalidade.
Isso não funciona de acordo com um princípio aritmético.

***

Questão: o que me impede de perceber o Canal Mariano?

Você mesma.
Você não se apagou.
Não lhe sendo dado, o Duplo e seu Canal não podem aparecer-lhe.
O sacrifício do Si ou o Abandono do Si – Crucificação e Ressurreição, se preferem essa terminologia – não pode realizar-se enquanto exista uma veleidade, da pessoa ou do Si.
O Canal Mariano está presente em todo ser humano.
A conscientização dele, se posso exprimir-me assim, é possível apenas a partir do instante em que a consciência não está mais focalizada no eu ou no Si.
O único obstáculo é você mesmo, no que você crê ser, ao invés do que você É.
Do mesmo modo que lhes foram explicitados alguns dos mecanismos da Onda de Vida, é o mesmo para o Canal Mariano.
O aparecimento da Onda de vida, a revelação da Onda de Vida não se importa com o eu, não se importa com o Si.
Apenas, justamente, quando o eu e o Si apagam-se é que o Canal Mariano é constituído, o que quer dizer que vocês devem desaparecer como pessoa, desaparecer como indivíduo, tornar-se Transparente, inteiramente: nada parar, nada reter, nada refrear e não manifestar qualquer vontade são as condições indispensáveis ao aparecimento consciente, à consciência do Canal Mariano.
Foi dito que, no momento oportuno, o Canal Mariano estaria presente sobre o conjunto da Terra.
O fato de que ele não esteja presente, agora, além do que eu expliquei, é tão significativo para vocês como o fato de apreender que seu tempo ainda não chegou.
Mesmo se o Tempo da Terra chegou, e terminou, vocês não estão, todos, eu diria, sincrônicos e sintonizados no mesmo tempo.
Não concebam, nisso, nem culpa, nem raiva, nem impaciência, nem espera, porque é o melhor modo de retardar isso.
Quando nós lhes dizemos para nada fazer e para deixar fazer, é a estrita Verdade, no que concerne ao Absoluto (não no que concerne ao Si, nem ao eu).
O Absoluto – e essa linguagem é metafórica – sobrevém, enquanto ele já está aí, apenas a partir do instante em que todo jogo de consciência, qualquer que seja, cessa.
Enquanto existe a mínima vontade, existe uma forma de tensão, não satisfatória, para um objetivo.
O Absoluto não é um objetivo: ele já está aí.
É apenas seu olhar que deve mudar.
Mas essa mudança não é um trabalho, nem uma ascese, nem o que quer que seja: é um deslocamento do observador, que desaparece.
Como vocês querem que o observador desapareça, se vocês observam, permanentemente?
As premissas são, antes de tudo: a Dissolução e a Multilocalização, e Fusão com o Duplo.
Além disso, que não tem, tampouco, que ser procurada (a Comunhão pode ser procurada, a Fusão pode ser procurada), a Dissolução estabelece-se por si mesma.
Procurá-la congela-a, e a impede, porque a Dissolução, como a Onda de Vida, nascerá, de maneira perceptível, apenas quando vocês estiverem prontos.
Mas, para estar pronto, nada há a fazer, justamente.
Voltem a tornar-se como uma Criança: Simples, Humildes, Transparentes e Espontâneos.
Esses Quatro elementos, ou Quatro Pilares, que lhes foram dados, são a chave (ndr: as intervenções nas quais esses Quatro Pilares foram apresentados são indicadas em «Os Quatro Pilares do Coração» - coluna «Protocolos a Praticar», de nosso site).
Como você quer ser Espontâneo, quando procura algo?
Como você quer ser Transparente, enquanto não está apagado?
Enquanto você intercepta um pensamento, enquanto intercepta um desejo, enquanto intercepta uma observação exterior, você se afasta.
Do mesmo modo que o conhecimento afasta do Absoluto, nenhum conhecimento de todos os mistérios dos Universos torná-los-á Livres: ele os escravizará.
Mas, se sua sede de experiências é tal, então, vivam suas experiências, não se ocupem do Absoluto.
Eu repito, a investigação não é uma busca.
O conhecimento, tal como vocês o aplicam nesse mundo encarnado, é ignorância.
Se vocês se liberam disso, o Absoluto está aí.
Não há alternativa, não há outra possibilidade.
Vocês não podem aplicar os princípios do Si ao Absoluto.
Justamente, é exatamente o oposto.

***

Questão: o Absoluto é um estado que o mental não pode compreender, e eu giro em círculos. Quais são os obstáculos que me impedem de estar nesse estado de Absoluto?

Seu mental.
Você tem a resposta no próprio enunciado de sua questão.
O que é que gira em círculos, se não é o mental?
Você enuncia a resposta, e você põe a questão depois.
Se você apreende isso, você pode apenas ver que é seu próprio mental que gira em círculos.
Você não pode girar em círculos, uma vez que está ao centro, e você é Absoluto.
O que gira é o mental, com uma força centrífuga.
E, quanto mais você gira, mais se afasta.
Basta parar de girar em círculos, permanecer imóvel e tranquilo.
Enquanto há questionamento, há erro.
E eu responderei, como precedentemente, o único obstáculo é você mesmo, remetendo-a, com isso, aos quatro fundamentais ou Quatro Pilares, nomeados: Humildade, Simplicidade, Transparência, Espontaneidade (ndr: ou Infância).
Se aplica isso, você não pode girar em círculos.
O que gira em círculos é o eu, antes de tudo, e o Si, em certa medida, embora mais próximo do centro.
Porque você procura o Absoluto: você não pode procurá-lo, ele já Está aí.
Eu não lhe pedi para compreender, nem analisar porque, no momento em que você apreender, verá minhas palavras como uma evidência, mas, daí onde você está, você não pode compreendê-las.
É preciso aceitar mudar de lugar, de ponto de vista, de olhar, sem colocar-se questões.
As questões concernem à refutação, à investigação.
Mas eu repito que a resposta é a preliminar à questão que você colocou, e você a deu, você mesma.
O Absoluto, o centro, o Final, desvendam-se, a partir do instante em que todo o resto, sem qualquer exceção, é solto.
O próprio fato de girar em círculos mostra que você não soltou, uma vez que você gira.
Você não está imóvel, você não está, mesmo, no lugar do observador, você está, ainda, atuando na cena de teatro.
Coloque-se, recoloque-se, não gire mais.
Tudo está aí, e sempre esteve aí.

***

Questão: vivo, nesse momento, um paradoxo com a sensação de não estar nem aí nem alhures, mas de estar em lugar algum. De fato, eu não sei onde se situa a consciência. O que acontece?

Justamente, nada acontece, e é ótimo, e não é um paradoxo: é uma evidência.
Se a consciência não está aqui, não está alhures, é que ela está em lugar algum.
Não estando em lugar algum, ela está, ao mesmo tempo, por toda a parte e ausente.
Qual melhor aproximação pode existir do Final?
Resta apenas superar, aí também, o testemunho disso.
É, justamente, no momento em que a consciência não está mais localizada nesse corpo, nesse Si, que a consciência parece dissolver-se, não estar nem aqui e alhures, em lugar algum e por toda a parte, que o Absoluto está aí.
Eu repito: não é um paradoxo, é uma evidência.
Você reconhece, assim, por si mesmo, sua ignorância quanto à própria localização de sua consciência.
Isso não é a opacidade, é a Transparência.
A consciência não se apoia mais sobre um corpo, não se apoia em outro espaço, em outro tempo e, no entanto, pode-se dizer que ela está deslocalizada.
Isso acompanha, ou precede, ou segue a Dissolução.
Não seja perturbado por sua própria Transparência.
Você deve aperceber-se de que, nesse estado de não consciência ou de consciência deslocalizada, você não pode mais apreciar uma densidade.
Você está, portanto, na leveza.
O que você chama paradoxo é apenas o desconforto do que não está, ainda, estabelecido de maneira firme.
Eu o convido, portanto, aí também, a repousar.
Deixe fazer o que se vive.
São, de algum modo, as primícias da deslocalização e da multilocalização.
Resta, apenas, não a refutar isso, mas a aceitá-lo, inteiramente, sem ali investir-se, sem ali apegar-se.
Assim que você o constata, não o explique, mas viva-o.
Abandonar o Si é dar-se a isso.
Se você se dá a isso, então, o Absoluto está aí.
Isso lhe dá uma aproximação do que eu chamei o Absoluto sem forma, mas, como sua forma ainda está aí, o paradoxo está aí.
Mas o que lhe parece, ainda, paradoxo, no que eu acabo de enunciar, tornar-se-á, também, evidência.

***


Questão: poderia desenvolver sobre: viver a permanência do instante presente?

O instante presente participa do Si.
Viver a permanência do Instante Presente é estar instalado no Si, no espelhamento espiritual de sua própria Luz projetada na tela da consciência.
Viver a permanência do instante presente é desfrutar do Si, desfrutar dos Samadhi, mas não é Absoluto.
Muitos Irmãos e Irmãs comprazem-se nisso, e está perfeito, porque, jamais, deve-se julgar qualquer diligência que seja.
Mas viver isso não desembocará, jamais, no Absoluto e, ainda menos, na Liberação.
É realizado um estado e, aliás, isso se chama o Despertar ou a Realização.
E, depois, o que há depois?
Uma vez que o saco de alimento partiu, uma vez que o saco de pensamentos não existe mais?
O que resta viver a permanência do instante presente?
Nada, absolutamente.
Portanto, é ilusório e efêmero, mesmo se seja gratificante para o ego, para o bem-estar.
Viver a permanência do instante presente é aceitar o efêmero.
Um efêmero mais belo, mais bonito do que o efêmero do eu, mas continua um efêmero, mesmo permanente.
Qual é essa permanência?
Ela é inscrita entre o nascimento e a morte, no mais amplo.
Mas, antes, mas depois, onde está a permanência?
Onde está o instante presente?
Você percebe que há, por trás dessa expressão, a satisfação de um ego espiritual e um impedimento de ir além?
Essa imobilidade não é o centro, essa permanência não é permanente, uma vez que é limitada pelo nascimento e a morte.
O que você É não é limitado nem pelo nascimento, nem pela morte.
É muito difícil, para aquele que vive a permanência do instante presente, Liberar-se disso.
É o espelhamento do Si, esse espelhamento da Luz, que foi chamado ilusão e que conduz a todos os excessos, a todos os confinamentos.
É permanecer espectador de um estado, observador de um estado.
É desfrutar do efêmero, tomando-o pelo Eterno, mesmo se isso seja muito satisfatório.
O «eu sou», afirmação da Presença, é apenas uma farsa, no entanto, indispensável para muitos.
Realizar o «eu sou» não é ser Liberado, mas estar ainda mais confinado.
Mas é livre a vocês afirmar o «eu sou» e permanecer nisso porque, para muitos, isso é um objetivo e uma aspiração, uma finalidade, um conjunto que é um subconjunto e que é considerado como um conjunto, no entanto.
Isso não é o centro, mesmo se a cintilação e o espelhamento da Luz possam preencher.
O objetivo não é ser preenchido.
A finalidade – se é que se possa empregar essa palavra – não é ser preenchido, uma vez que a perfeição já está aí, desde sempre: é o que você É.
Instalar-se Aqui e Agora, no instante presente, realiza o Si, o estado de espelhamento no qual a Luz é vista.
Mas, se a Luz é vista, é que, ainda, ela é projetada.
O Absoluto não é isso.
Mas vocês devem aceitar, como eu o aceito, sem qualquer problema, que, para muitos, isso seja um objetivo e uma finalidade.


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Mensagem do Venerável BIDI no site francês:
03 de junho de 2012 - BIDI2 - Parte 2
(Publicado em 04 de junho de 2012)

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Trecho traduzido para o português por Célia G.


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