- Intervenção de BIDI -
Sri Nisargadatta Maharaj
Bem, BIDI está com vocês.
E ele os saúda.
E vamos prosseguir, se quiserem, nossas trocas.
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Questão: quais exercícios respiratórios de Yoga podem pacificar o mental e o emocional?
Existem muitos deles.
Em cada Yoga são descritos exercícios que concernem à respiração e, mesmo, fora do Pranayama.
Agora, considerar que o mental e o emocional, que fazem parte da Ilusão, devam ser acalmados, mostra-lhe, já, que é a própria personalidade que quer agir contra ela mesma: isso é possível.
Mas, a primeira coisa a perceber é, exatamente, o que eu acabo de dizer: queixar-se de seu mental, queixar-se de seu emocional traduz a implicação da pessoa nos processos incômodos que são vividos.
A primeira coisa a realizar é, portanto, um distanciamento dessas emoções, dessas atividades que não concernem, de modo algum, ao que você É.
Isso é o mais importante.
Em um segundo tempo você pode, efetivamente, utilizar o que bom lhe pareça, para agir sobre eles.
Mas dê-se conta de que agir sobre eles é, já, dar a eles certa forma de importância.
O Eu será, sempre, incomodado pelas emoções e o mental.
Mas isso prova, simplesmente, que a consciência está instalada nessa pessoa.
Há, portanto, uma identificação ao seu mental e ao seu emocional.
O que quer que você faça considere, agora e já, que eles não lhe pertencem: eles estão aí.
E, estando aí, eles se manifestam.
Aquele que superou as emoções não é insensível, mas olha, simplesmente, as emoções nascer e desaparecer, sem retê-las, de modo algum, sem ser afetado por elas, de modo algum.
Está claro, portanto, que você precisa reposicionar-se, no interior de si mesmo.
O que significa que o conjunto de sua vida foi, frequentemente, dirigido pelas emoções e pelo mental (tanto nas alegrias como nas dores).
O que perturba é a alternância e as variações.
O que perturba é estar consciente de que algo é perturbado.
Mas o que será perturbado é, sempre, a pessoa.
Enquanto a tomada de distância, nesse nível, não é realizada, é preciso uma experiência importante da meditação, como de técnicas respiratórias, para desincrustar-se de algo que dirigiu, o mais frequentemente, a maior parte de vidas de pessoas.
Qualquer que seja a técnica, o mais importante não será, jamais, a técnica, mas, efetivamente, ver, realmente, o emocional e o mental como o que eles são.
O distanciamento, a tomada de distância é preliminar a qualquer técnica, senão, você reforça, pela própria dualidade: querendo agir sobre, você age contra.
E, agindo contra, você se coloca, de imediato, em sua consciência, na dualidade.
O Absoluto em nada é concernido pelas técnicas referentes aos diferentes sacos da ilusão.
A melhor coisa a verificar, por si mesmo, é constatar que, assim que você não nutre mais, assim que você se distancia do que você É de emoções, como do mental, eles lhe aparecerão pelo que eles são, ou seja, exteriores ao que você É, e sem qualquer consistência.
Toda emoção, toda sensação de ser invadido pelo mental representa, em definitivo, apenas o único e mesmo medo: aquele do Desconhecido.
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Questão: a virtude da Graça é transcender o mental, as emoções e, até mesmo, o Si?
Eu diria, simplesmente, que a Graça o faz perceber sua Natureza, sua Essência e o Absoluto.
Quando a Graça está aí, não existe qualquer outro lugar possível para o emocional e o mental.
Você não pode Ser e viver uma Graça, a Morada de Paz Suprema e manifestar ou perceber, ao mesmo tempo, qualquer elemento de emoções ou do mental no que você É.
A Graça toma o lugar, todo o lugar.
Ela não luta contra o mental, ela não transcende o mental, ela o aniquila, totalmente.
A Graça não pode ser concomitante ou acrescentar-se, manifestar-se no mesmo tempo e no mesmo espaço que as emoções e o mental: é um ou o outro.
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Questão: na meditação, atingir um sono sem sonho, ao mesmo tempo estando consciente, é aproximar-se do Absoluto?
Isso é Estar na Última Presença.
Quando você está aí, sem nada mais, quando, unicamente, há essa Paz e esse Contentamento, sem visão, sem meditação, sem percepção, então, naquele momento, há a Infinita Presença.
Mas não se pode aproximar-se do Absoluto: ele Está ou não.
A grande diferença entre a Infinita Presença e o Absoluto com forma é que, na Infinita Presença, há oscilações vividas como desagradáveis.
O Absoluto sem forma passa de um estado a outro, sem a mínima dificuldade.
O que você É, no Absoluto, não pode mais ser afetado, perturbado, incomodado por qualquer atividade da pessoa.
O que quer que faça a pessoa, o que quer que faça esse saco, você continua no mesmo Absoluto.
O que não é o caso na Infinita Presença.
A meditação não permite ser Absoluto.
É, mesmo, a parada da meditação, para aquele que pratica, que cria o Absoluto.
A meditação concerne ao Si e, por vezes, ao Eu, infelizmente.
Mas o Absoluto não pode ser concernido por qualquer meditação.
O que não impede, é claro, de dar-se prazer, meditando.
Mas a meditação não permitirá, jamais, ser Absoluto, uma vez que, justamente, o Absoluto É, quando há abandono do Si.
Portanto, como meditar no Si e viver o Si, meditando, e Ser Absoluto?
É impossível.
A investigação sobre quem você É, puxar à consciência os primeiros momentos de Unidade na pequena infância são, efetivamente, mais importantes do que qualquer meditação.
A meditação, no fim de certo tempo, ou do hábito de prática, torna-se, sempre, um narcisismo exagerado: a necessidade de contemplar-se nessa Paz.
É a Ilusão espiritual.
Até prova em contrário, ninguém, onde quer que seja, foi Absoluto com forma, no curso ou na sequência de uma meditação.
O Si é realizável pela meditação, mas, certamente, não o Absoluto que é, justamente, o abandono do Si.
A meditação é considerar que há um Eu e um Si.
E, portanto, a meditação permite encontrar o Si: é o Despertar, mas, em caso algum, a Liberação.
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Questão: como se pode aprofundar a tomada de consciência do coração do Coração?
É o momento no qual a Infinita Presença descobre, em Si, e para o Si, e pelo Si, que o Centro está presente em todo lugar, que não há diferença entre tal Centro e tal Centro, porque, em definitivo, são os mesmos Centros que é o Centro por toda a parte.
O coração do Coração é o instante no qual o abandono do Si é, se puder dizê-lo, tocado: resta vivê-lo.
É o momento no qual não há mais possibilidade, para a Consciência Unificada, para o Si, possibilidade de ser identificado ao que quer que seja.
E há, portanto, uma desidentificação do Si, que se produz, também.
O Eu puxa tudo para o centro dele mesmo.
O Si faz irradiar, ao Centro, um elemento novo, no qual o Eu não está.
O Centro do Centro é o momento no qual o Si começa a não mais ser identificado ao centro de Si.
É isso o abandono do Si e a descoberta – ou a redescoberta – do centro do Centro ou coração do Coração.
É naquele momento que se vive o Néctar.
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Questão: é preciso tudo abandonar para reencontrar o Absoluto?
Quem disse abandonar quem quer que seja, exceto o Si?
O problema é um problema de ponto de vista e de identidade, assim como de identificação.
Assim que o ponto de vista muda, assim que você não é mais identificado ao que quer que seja, então, o Absoluto está aí.
Mas você não pode bater-se contra o «eu», nem mesmo considerar combater o Si.
O Si desaparece pelo Abandono de toda reivindicação e de toda justificação.
Esse corpo, esse mental, essas emoções são efêmeros: deixe-os viver, eles nada lhe pediram.
Isso não corresponde, verdadeiramente, a tudo abandonar.
Abandonar-se não é abandonar coisas exteriores.
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Questão: uma experiência de Unidade, vivida após ter obtido uma Graça, é um prelúdio à Infinita Presença ou, efetivamente, é a Infinita Presença?
Os dois são possíveis.
Mas, geralmente, o que é característico de seu tempo, encarnado, é, justamente, essas experiências de Presença ou de Infinita Presença, que sobrevêm pela Graça ou pelas primícias do Abandono do Si.
Quer isso seja realizado pela ação do Si, por uma Comunhão com outros Planos ou por um momento de angústia, o resultado é o mesmo: o Núcleo Imortal é localizado, no centro do Centro.
É dessa fulgurância ou dessa Graça que são colocados marcadores ou localizadores que necessitam, eles também, de desaparecer.
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Questão: se se sente morrer, enquanto não se está doente, isso provém da passagem no Abandono do Si?
Todas as condições são boas para a Luz, para empurrá-lo a reconectar-se ao que você É: como eu disse, quer seja a impressão de morrer, uma angústia, uma Graça, uma Vibração, pouco importa.
A Luz agirá, pela maneira e pelo modo que é, para você, o mais adequado.
Em função do que disseram os Anciões, vocês passam de um estado a outro e, alguns, de um estado a todos os estados.
Toda Passagem necessita de uma morte do antigo, do que é para existir na Eternidade, mesmo se o Absoluto sustente e compreenda tanto o ser como o não ser.
Porque um e o outro – ser e não ser – são, sempre, definidos, um em relação ao outro, manifestados ou não manifestados: isso não concerne, de modo algum, ao Absoluto.
Há uma ruptura, de algum modo.
Essa ruptura será, sempre, de seu lado, uma ruptura do efêmero, qualquer que seja o modo pelo qual isso se produza.
Quer seja uma angústia, uma verdadeira doença (ilusória, ela também, mas que toca o saco), quer esse saco esteja presente ou quer esse saco desapareça, como você verá, nada muda no que você É.
Só o narcisismo do apego a uma identidade, a uma evolução espiritual – que é uma trapaça – é o freio mais potente ao que vocês São.
A Perfeição não é amanhã.
A Perfeição não é ontem.
A Perfeição nada tem a ver com esse mundo.
Esse mundo desaparece; é, aliás, o que vocês fazem na meditação, mas, aí, bem mais do que o desaparecimento na meditação, eu diria que é um desaparecimento lúcido, aceito e Transcendido.
Tudo depende, efetivamente, desse mecanismo de aceitação, que precede o Abandono do Si.
Enquanto esses mecanismos, concernentes à consciência, não apareceram como evidentes, há resistência ao que você É, ou seja, Absoluto.
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Questão: o que pensar de uma situação na qual não se sabe mais quem se é, nem o que se deve fazer ou não fazer?
Justamente, nada pense disso.
Porque, quem quer pensar algo a propósito disso?
O «eu».
Assim que há desidentificação, tal como você descreve, sobretudo, não pense.
Viva o que é.
É o que você É.
Justamente, assim que não há mais marcador, pessoa, identidade, ação, é naquele momento que você É.
Portanto, sobretudo, nada pense disso.
Porque o pensamento não concerne ao Absoluto.
Ele concernirá, sempre, à Criação e à manifestação do ser.
Como eu dizia, a partir do instante em que você não compreende mais, a partir do instante em que você não sabe mais a que se prender, assim que o mental não encontra mais explicação, então, você, ali, É.
E o que chama esse estado, no qual o sentido da identidade desapareceu é, justamente, vivê-lo.
A prova é que, aqui, você sabe e exprime o fato de que você tenha vivido isso, a um dado momento: isso prova, efetivamente, que você pode existir fora de toda Presença a você, de toda ação nesse mundo.
É a diferença entre o sono e o que pode ser a Infinita Presença.
Nesses momentos, não pense: contente-se em viver o que está aí, é o que você É.
E não quando você pensa, e não quando você explica, e não quando você compreende.
É muito simples: a consciência é ávida de percepções, de experiências, de identidade, de união, de Unidade, como de divisão e de separação.
O que você É é independente do jogo da consciência.
Se, a um dado momento, a consciência desaparece, não há mais identidade, mais pessoa, mais ator, mais espectador.
É isso que você É.
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Questão: o centro do Centro pode ser chamado de ponto zero?
Não.
O ponto zero pode, portanto, ser definido e localizado.
No limite, o ponto zero seria o momento do Absoluto ou Infinita Presença, que se dá conta do Absoluto.
Querer encontrar um sentido às palavras que nós lhes damos, uns e outros – em Assembleia ou não –, para fazê-lo colar à sua própria vivência ou à sua própria compreensão não o fará mover-se um milímetro.
Ali mesmo é o mental, que tem necessidade de tranquilizar-se com o conhecido, com um ponto de comparação.
Enquanto você compara, é o mental que elabora estratégias.
É isso que é preciso ver Claramente.
Tudo o que você pode dizer, tudo o que você pode comparar não é Absoluto.
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Questão: a Última Presença deve ser vivida regularmente, ou o fato de tocar a Última Presença basta, em si?
Em relação ao quê?
Se você considera que há um objetivo, você se engana.
Quer a Absoluta Presença ou Infinita Presença seja vivida uma vez ou milhares de vezes, nada muda ao que você É.
Pode haver, apenas, uma forma de autossatisfação, do Si, nutrida pelo ego espiritual.
Enquanto você não é Nada, você não pode Ser o Tudo.
Enquanto há uma Presença, o Absoluto não É, para você (cada saco é diferente).
Isso não é uma passagem: a Absoluta Presença, ou a Infinita Presença não é o Absoluto, portanto, não é uma aproximação.
Alguns têm necessidade dessa experiência para Abandonar toda experiência.
Outros vão viver múltiplas vezes a mesma experiência, sem nada mudar na experiência.
Mas o conteúdo desse gênero de experiência não permite aproximar-se do que é inaproximável, exceto pelo desaparecimento, exceto pelo Abandono do Si, pela Ação da Graça e pela aceitação do desaparecimento.
Acolher a Luz, aceitar a Luz não é a prova de que vocês se tornaram Luz.
Há um desenrolar temporal – e vocês o têm vivido – de recepção da Luz, da Consciência, do despertar do Si.
Mas Ser Absoluto com forma é ver, claramente, que esse desenrolar era uma peça de teatro.
É o momento em que você diz: «basta».
É o momento em que você chega a essa noção de maturidade, na qual que você concebe e apreende, perfeitamente, que nenhuma experiência, em definitivo, leva a lugar algum, a não ser para manter uma forma ou outra de consciência.
Mas você é livre para prosseguir as experiências ao infinito.
Mas o infinito não é o Absoluto.
O Absoluto não resulta de uma acumulação de experiências ou de uma intensidade de experiência.
Ser Absoluto é sair da pessoa, de toda personalidade, de todo Si, de todo marcador, porque tudo isso foi percebido e vivido como efêmero.
Uma sucessão de efêmeros não fará, jamais, a Eternidade, de qualquer modo que seja.
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Questão: viver estados de Dissolução corresponde a viver o Absoluto?
Você não colocaria a questão.
Aquele que é Absoluto sabe-o, instantaneamente.
Ele não se coloca a questão de saber se tal desaparecimento ou tal experiência é isso, o Absoluto.
Porque o Absoluto não pode deixar lugar para qualquer dúvida e para qualquer interrogação quando você ali está.
Lembre-se: você saiu do personagem, você saiu da cena de teatro, você saiu da poltrona do observador, você saiu do teatro e você se apercebe de que não há teatro.
Isso passa de qualquer comentário e de qualquer interrogação sobre o que É.
Todas as experiências que vocês fazem e que lhes foram desenvolvidas – pelos Anciões, pelas Estrelas, pelos Arcanjos – aproximam-nos da Absoluta Presença, aproximam-nos do Si.
Mas Viver a Liberdade e Ser Liberado é superar tudo isso, não como uma rejeição, mas, eu repito, indefinidamente, como uma mudança de olhar.
Questão: passar de um ponto de consciência para um momento de a-consciência, refutando esse ponto de consciência, é uma experiência de Absoluto?
Mas não pode haver experiência de Absoluto.
Você É ou não.
Não é, em caso algum, uma experiência.
É uma certeza.
Bem mais do que uma convicção, bem mais do que uma fé.
Você reencontrou, inteiramente, o que você É.
O Absoluto não será, jamais, uma experiência, jamais, um estado.
Tudo isso participa, como você diz, de uma experiência.
As experiências concernem ao Si.
Elas são inumeráveis.
Se, quando de uma refutação, há experiência, se a experiência é mantida, onde quer que você esteja – no Eu, no Si ou em lugar algum – então, o Absoluto está aí.
O Absoluto não pode ser confundido com qualquer experiência.
O que você sabe é que, quando você é Absoluto com forma, você passa, à vontade, no Eu, no Si, sem nada alterar do Absoluto.
Isso não corresponde a experiências.
***
Questão: é o Si que diz: «basta»?
Isso nada muda: quer seja o Eu ou o Si, há esse recuo – se posso dizê-lo assim – necessário.
É naquele momento que, frequentemente, pode sobrevir a angústia do desaparecimento da própria consciência.
Na realidade, o Eu, o Si ou o observador continuam aí, mas é você que saiu disso.
Será que, quando você sai do teatro e que você se apercebe de que o teatro não existe, será que o que atua na cena, de algum modo, desapareceu, contudo?
Não.
Vocês estão, ainda, aí, onde vocês estão.
Mas isso é vivido pelo Eu ou pelo Si, efetivamente, como uma aniquilação e uma angústia, por vezes, extrema.
Mas isso lhe prova, justamente, que você está mudando de ponto de vista, naquele momento: ou seja, que você sai da experiência para entrar na Verdade.
E, quando você entrou na Verdade, em sua Verdade, isso não dá qualquer dúvida.
Porque todas as experiências vividas, tudo o que é vivido ao nível do Eu não pode alterar o que você É.
Antes, você estava submisso ao corpo, submisso ao jogo da Ação/Reação, você descobre a Graça e você se apercebe de que tanto um como o outro não são a Verdade, mas que um afasta-o disso e que o outro, efetivamente, pode realizar, de modo aparente, uma aproximação.
Mas, quando você é Absoluto, você se apercebe de que a aproximação jamais existiu.
Isso sempre esteve aí.
***
Questão: a angústia do Choque da Humanidade pode provocar esse reconhecimento do estado de Absoluto?
Mas o que é a angústia, se não é uma projeção de seu mental, porque você define a angústia do Choque da Humanidade?
Aquele que o espera, prepare-se.
Aquele que sabe que vai morrer, de uma doença longa e dolorosa, tem o tempo de preparar-se para sua morte.
Aquele que morre, em uma vida normal, por desaparecimento brutal do saco, percebe, sempre, que está morto?
Não.
Mas o que é que está morto?
O Saco.
O que é que subsiste, durante um tempo?
O que é nomeado: emoções, mental, pensamentos, ideias.
As condições dessas emoções, desse mental, dessas ideias condicionam – vocês compreenderam – aquilo a que vocês são confrontados, ou seja, o que vocês criaram ou descriaram.
A angústia não pode ser definida como uma apreensão de algo a vir.
Eu diferencio, formalmente: a angústia do desaparecimento – quando da experiência do Si ou do desaparecimento – não é uma projeção desse desaparecimento.
O medo é uma secreção desse saco, a angústia também, mas a angústia, real, vivida no momento em que um evento determinado está aí.
Mas não a projeção do mental sobre um evento a vir.
Mesmo se você tenha medo da morte e se você tem uma angústia real da morte, você não sabe quando vai morrer, exceto se anunciam uma doença que põe em jogo sua própria vida.
Então, aí, você começa a colocar-se a questão da angústia de seu desaparecimento, mas porque você a vive, não porque você projetou.
É toda a diferença.
A angústia de que falo não é unicamente uma secreção de uma projeção, mas a secreção de uma vivência, que vai abater – pelo menos, é seu ponto de vista – o Eu.
E que faz desaparecer o Si, o que é intolerável para o Eu, como para o Si.
O Absoluto não é, no entanto, o resultado de uma angústia, mas, efetivamente, apreender e viver que essa angústia, projetada ou real, não tem qualquer sentido.
Justamente, porque ela é projetada ou vivida.
Ver isso pode ser chamado: um passo para a Liberdade.
***
Não temos mais perguntas. Agradecemos.
***
Então, eu saúdo todos os seus sacos e eu saúdo, sobretudo, o Absoluto que vocês São.
E eu lhes digo: até nossas próximas conversas e trocas.
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Mensagem do Venerável BIDI no site francês:
05 de outubro de 2012
(Publicado em 05 de outubro de 2012)
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Versão do
francês: Célia G. http://leiturasdaluz.blogspot.com
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Transcrição
e edição: Andréa Protzek e Zulma Peixinho
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