- Intervenção de BIDI -
Sri Nisargadatta Maharaj
Bem, BIDI está com vocês.
Eu os saúdo e vamos trocar.
Questão: como efetuar uma refutação eficaz sem que o ego encontre estratégias para evitar a instauração da mudança de ponto de vista que isso possa implicar?
Dirija-se ao seu ego e pergunte-lhe como ele pode ser capaz de manter-se além do Efêmero.
Qual é a persistência dele para além do que é chamada a morte?
O que resta dele?
Fazê-lo capitular não é renegá-lo.
O princípio da refutação, nesse caso, aplica-se exclusivamente à noção de Efêmero. Qualquer que seja o ego, qualquer que seja sua potência, qualquer que seja o saco de alimento, qualquer que seja o mental, ele desaparecerá, a um dado momento.
Ver claramente e ver isso é um grande passo para a Libertação.
O ego apenas mantém-se pelo princípio de uma crença, que é a persistência dele para além do desaparecimento do saco mental e do saco de alimento.
Assim que isso é aceito pela consciência, o ego não pode, e cada vez menos, interferir no caminho da própria consciência, para conduzir à a-consciência.
Assim, portanto, fazer aceitar ao ego seu princípio de não permanência é um passo essencial.
Isto não deveria colocar problema.
Basta, simplesmente, rememorar-se, assim como aponta o fim de seu nariz, que ele é efêmero.
A aceitação do efêmero do ego é, pela própria essência, o caminho real que permite desmascarar o que é Eterno.
O ego não pode desaparecer enquanto os sacos estão aí.
É, simplesmente, essa mudança de olhar e de ponto de vista, que nada tem a ver com uma compreensão ou uma aceitação intelectual, mas, efetiva e realmente, o que isso quer dizer.
Isso depende de onde você se coloca.
Você se coloca no ego?
Lembre-se de que a característica essencial do ego é esse lado efêmero que se crê Eterno.
A partir do momento em que a refutação vai pôr o dedo e a consciência nessa noção e nesse princípio de efêmero, então, isso deixa lugar, inteiramente, ao que você É.
Toda identificação a um efêmero, qualquer que seja (seja em uma relação, em uma profissão, em uma interação social), é efêmero.
Fazer aceitar isso não é nem uma imposição nem uma negação, mas participa, efetivamente, do princípio da refutação.
O que há a refutar (e, sobretudo, hoje) é o que é efêmero porque, como lhes dizem os Anciões, as Estrelas, os Arcanjos, o que é efêmero sempre tem um fim.
O que é efêmero?
É o mundo, que é apenas uma projeção, uma excrescência do mental.
Ele existe, por princípio, apenas pela presença da interação entre as próprias ilusões.
Atualizar isso é já extrair-se a si mesmo, do princípio de adesão a um efêmero.
Não mais aderir ao efêmero, não é rejeitá-lo: nada há a rejeitar.
A refutação não é uma rejeição, mas uma compreensão – real, total, inevitável – da diferença entre o efêmero e o Eterno.
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Questão: a etapa após a refutação é o esquecimento de Si?
Esquecer-se de si mesmo, é o melhor modo de mudar de ponto de vista.
Eu o lembro de que toda a pessoa, sobre esta Terra, é efêmera.
Quando ela desaparece, estritamente nada resta, a não ser suas obras (inscritas em uma memória, em uma história), mas que não concernem, de modo algum, à consciência.
Mesmo o maior dos compositores de música não existe mais.
O que existe é o que é nomeada sua obra, porque ela é retomada como um elemento de memória para todos aqueles que dela se servem.
Mas essa memória jamais é viva.
Do mesmo modo, quando eu pronunciei essas palavras «esquecer-se», é realmente esquecer-se.
Enquanto nos mecanismos de sua vida, você é identificado a si mesmo, você não pode ser Absoluto.
Toda identificação é uma trapaça criada pela excrescência nomeada mental.
Excrescência que cada um mantém e que é nomeado o mundo, com um objetivo de melhoria.
E, como vocês veem, não pode existir melhoria de qualquer Ilusão, porque a ilusão automantém-se, devido mesmo à trapaça, ou seja, crer-se permanente.
O que pode representar, para aquele que morre, a persistência de uma obra, qualquer que seja?
É a manutenção da memória, a manutenção das obras, que mantém a própria ilusão.
Esquecer-se de si mesmo, é não ser joguete e não mais ser joguete de qualquer jogo, de qualquer interação.
Eu repito, isso não quer dizer pôr-se em uma caverna ou pôr fim a esse saco.
É simplesmente deixar esse saco agir como tal, mudando de olhar: vê-lo agir, aí está o verdadeiro desapego.
Desapego mesmo em relação a uma obra, porque qualquer que seja a obra, se há esse desapego, ou há ego e há desinteresse, ou não há ego e a obra criar-se-á de qualquer modo (pelo gênio ou pelo dom, qualquer que seja).
É a implicação na ilusão, de apropriar-se da obra como continuidade de uma personalidade, que mantém os laços.
Vocês devem, como foi dito, estar desapegados do próprio fruto de suas ações.
Isso não quer dizer não mais agir, mas estar lúcido nessa ação.
Esquecer-se é não mais colocar-se no interior da excrescência e do saco.
Contudo, a excrescência e o saco não desaparecerão, mas é a consciência, em um primeiro tempo, que passa do limitado à Infinita Presença, que permite – mais facilmente, eu diria – o estado de Absoluto: Parabrahman.
Enquanto vocês estão apegados a uma noção de posse, a uma noção de predação, como dizia o Comandante, vocês não podem ser Livres.
Como foi dito, aquilo a que vocês se têm, tem a vocês, qualquer que seja aquilo a que vocês se têm.
Isto faz apenas ilustrar o princípio da lei de Atração e de Ressonância.
Como vocês podem ser Livres tendo-se ao que quer que seja?
Isso não quer dizer tudo dar.
Isso não quer dizer desembaraçar-se de tudo ao que vocês se têm, mas, efetivamente, não mais ali ter-se.
Será que quando vocês não se têm mais a uma pessoa, um objeto, uma posse, será que isso desaparece?
Obviamente que não.
Mas o resultado é estritamente ao oposto entre o fato de ter-se a algo e de não mais ali ter-se.
Não lhes é pedido, no princípio da refutação ou do esquecimento, para fazer desaparecer tudo o que está sob seus olhos, mas, efetivamente, estar lúcido do que os tem, e que de fato, vocês creem ter.
Aí está a grande diferença.
O ego vai crer que é preciso mudar de profissão, abandonar toda atividade.
Jamais foi dito isso.
Isso é o ego que os faz crer.
Vocês devem estar desapegados do fruto de suas ações, quaisquer que sejam, porque eu os lembro de que há o que foi nomeado uma Inteligência da Luz.
Portando uma Intenção e uma Atenção, se vocês estão Abandonados à Luz, se vocês Abandonam o Si, a simples Intenção permite a concretização.
Mas vocês não são mais afetados, nem no bem, nem no mal, pelo resultado de sua ação.
Esta tomada da distância é o resultado da refutação ou do esquecimento de Si.
Enquanto vocês se têm ao que quer que seja, concernente à sua identidade que é efêmera, vocês se enganam.
Enquanto vocês se têm ao que quer que seja, concernente à sua identidade que é efêmera, vocês se enganam.
Enquanto vocês creem que estão em um caminho, vocês se enganam a si mesmos.
Crer que há um caminho é, já, pôr uma distância, é inscrever um objetivo no efêmero de sua vida.
O que vocês São não tem necessidade de objetivo, não tem necessidade de caminho, mas tem, simplesmente, necessidade de ser reconhecido.
Aí está a refutação.
Jamais lhes foi pedido – exceto por seu ego – para abandonar quem quer que fosse ou o que quer que fosse, mais que não vocês mesmos.
É isso que permite a Infinita Presença e desembaraçar-se de tudo o que é ilusório e efêmero, como elemento que os mantêm na ilusão.
É o ego que vai fazê-los crer que vocês não podem mais ter-se a um objeto ou a uma pessoa, e que cria o sentimento da falta ou o medo da falta.
Quando vocês são o que vocês São, isso não pode mesmo aflorar-lhes, nem mesmo tocá-los.
Aí está o real desapego e não naquele que irá fechar-se em uma caverna.
Ele estará ainda mais apegado do que os outros: à sua caverna.
É um erro.
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Questão: poderia dar indicações práticas para viver o esquecimento de Si?
O esquecimento de Si é não mais ver as coisas de maneira projetiva.
Nada mais possuir permite tudo possuir e ser tudo.
Enquanto há, como eu disse, uma projeção, uma apropriação do que quer que seja, vocês não são Livres, porque toda apropriação, mesmo a mais agradável, remete-os, necessariamente, ao efêmero.
Enquanto vocês creem que há um caminho, enquanto creem que há um corpo, enquanto creem que há chacras, enquanto creem que há uma Kundalini, vocês não superaram o efêmero.
Como eu disse, o que se torna sua Kundalini quando esse corpo não existir mais?
O que se tornam os seus chacras quando vocês morrem?
Como podem vocês reivindicar uma Liberação qualquer, em relação à abertura do que quer que seja, uma vez que vocês estão além do fechamento e da abertura?
É o ponto de vista que é preciso mudar.
Sair de si mesmo não é recusar a vida, mas é compreender e apreender o sentido do efêmero.
Quando a consciência desaparece, quando esse corpo desaparece, quando esse saco mental desaparece, será que vocês desaparecem?
A questão principal está aí.
O que é que desaparece e o que é que resta?
Coloquem-se a questão.
Uma coisa é certa, é que quando vocês dormem ou quando morrem, o mundo desaparece, totalmente, para vocês.
Aí se situa a verdadeira aproximação da refutação e do esquecimento.
Tudo ao que vocês se têm, mais cedo ou mais tarde, tê-los-á.
É inevitável, devido mesmo à lei da Atenção e da Intenção.
Porque aquilo ao que vocês se têm procede de uma marca.
Essa marca de posse ou de apropriação foi nomeada linha de predação.
Enquanto a mínima linha de predação existe, vocês não podem ser Livres.
É uma ilusão e uma trapaça.
O único modo de ser Livre é estar desapegado.
Mas desapegado não quer dizer renegar ou fechar-se em lugar algum: é ver claramente as coisas.
E isso se junta à refutação de tudo o que é efêmero.
Esse corpo é efêmero, essa pessoa é efêmera.
O que vocês São é Eterno.
Vocês devem, portanto, distanciar-se do que é efêmero.
Isso volta a perguntar-se: quem comanda em vocês?
Quem dirige em vocês?
Quando vocês compram um veículo, ele lhes pertence, mas jamais viria ao Espírito identificar-se a esse veículo.
É preciso agir do mesmo modo com tudo o que vocês creem possuir, e isso, em todos os níveis.
Mas jamais lhes foi pedido para deixar marido e mulher, ou filho: é uma inépcia, é um absurdo.
O apego resulta diretamente do efêmero.
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Questão: qual é a relação entre Atenção/Intenção e Atração/Ressonância?
A Intenção precede a ação.
Quando vocês agem, nesse saco, vocês definem uma Intenção.
O problema é que vocês se identificam a essa intenção: casar-se com tal pessoa, ter sucesso em tal atividade, tal profissão ou tal relação.
A Atenção é isso para o que vocês se dirigem, em consciência, para levar a efeito uma Intenção e uma Ação.
Daí decorre a Atração e a Ressonância.
Mas a Atração e a Ressonância podem ser oriundas, justamente, da Atenção e da Intenção, mas vão depender também da qualidade de sua Atenção e de sua Intenção.
Abandonando-se à Luz, Abandonando o Si, é preciso definir uma Atenção e uma Intenção, não mais sentir-se concernido e deixar trabalhar a própria Vida.
A Vida agirá sempre melhor do que o ego: é uma característica fundamental.
A Atração e a Ressonância vão manifestar, na ilusão, aquilo a que se opuseram ou ao que vocês projetaram uma Intenção e uma Atenção.
Mas, em definitivo, qualquer que seja o tipo de resultado (quer ele preencha suas expectativas ou esteja ao oposto de suas expectativas), vocês não devem ser concernidos nem por um nem pelo outro.
Enquanto vocês se sentem concernidos, vocês se colocam, irremediavelmente, do lado do efêmero.
O Observador não é, absolutamente, concernido pela direção de um resultado.
Ele grava simplesmente, como a câmera, o que se desenrola.
Será que o funcionamento da câmera é afetado pelo cenário?
Felizmente não.
E vocês, como Observadores, se são afetados pelo resultado, vocês não são Livres.
A câmera filma, sem perguntar sua opinião.
O Observador olha.
Colocar-se ao nível do Observador é, já, sair da Ação/Reação, da Dualidade e não mais estar submisso ao que quer que seja da relação a esse mundo.
Não há outro modo de ver a Ilusão desse mundo.
Existe um momento observável, no qual o próprio Observador – ou a câmera – desaparece.
O que acontece naquele momento?
Nada mais é gravado.
Não há mais o mundo, não há mais o Observador: há o Absoluto.
Enquanto vocês persistem na observação, enquanto persistirem na Ação/Reação, vocês não podem ser Livres.
As leis da Ação/Reação, as leis do Observador e do Absoluto nada têm a ver um com o outro, mesmo se o Absoluto compreenda tanto o Observador como a cena de teatro.
Todo apego a um Eu, a uma observação, a um resultado, coloca-os na distância do que vocês São.
É o ego que crê, sempre, que há um objetivo a atingir, um caminho a percorrer. Enquanto não vocês não veem isso claramente, vocês não podem ser Livres.
Pode dizer-se que vocês não podem reivindicar a Liberdade e conduzir-se como seres que impedem a Liberdade.
Em resumo, a sede de Liberdade e de Liberação afasta a Liberação, porque essa própria sede põe uma distância que não existe, exceto para o ego.
É um estratagema do ego ou do Si.
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Questão: qual é a diferença entre Infinita Presença, Última Presença e Absoluto?
A Infinita Presença e a Última Presença são o que pode ser chamado, do ponto de vista da Unidade, do Si, como um momento de um basculamento, no qual a consciência prepara-se para diluir-se e para desaparecer, ela mesma.
O Absoluto desidentifica-os de um corpo, de um mental, de uma identidade, de um mundo.
Eu os lembro de que nada pode ser dito do que vocês São, porque dizê-lo é já sair daí.
Aquele que vive Absoluto, sabe-o instantaneamente, porque ele não é mais identificado ao que quer que seja, nem a esse mundo, nem a um corpo, nem a um saco mental.
Mas esse Absoluto com forma sabe que esse corpo deve viver e efetuar sua experiência, mas ele não é afetado, de maneira alguma, pelo que quer que seja.
Ele é realmente Livre, o que quer que aconteça a esse saco, o que quer que aconteça a esse mundo.
Se vocês são afetados pelo que acontece a esse corpo, a esse mental, a essa identidade ou a esse mundo, vocês não são Livres.
Quando vocês são Livres, vocês sabem instantaneamente, porque reencontram sua natureza, Real e Eterna.
Enquanto vocês se põem a questão, é que vocês ali não estão, porque a Liberdade não pode ser possuída, de maneira alguma.
É algo que já está aí, que jamais se moveu e que não se moverá jamais.
São vocês que se afastaram dela.
Pouco importam as razões, porque mesmo encontrar a razão, nada resolve.
Explicar como funciona um órgão, nada resolve, mesmo se se possa ali aportar uma solução ou uma terapia.
Isso continuará da ordem do Efêmero porque esse órgão desaparecerá, ele também, no momento em que esse corpo desaparecer.
Esse saco de alimento nutrirá a Terra, o que quer que vocês pensem.
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Questão: poderia redefinir o que é a Última Presença e a Infinita Presença?
Mas eu acabo de fazê-lo: é o momento em que a consciência sente seu próprio desaparecimento.
É o momento em que a consciência do Si – dita realizada – bascula.
Se posso exprimir-me assim, é o momento em que o espectador que olha a cena de teatro, apercebe-se de que ele pode levantar-se de seu lugar, sair do teatro e ver que ele sempre esteve ali.
Isso não é uma definição, é uma localização.
Enquanto você é tributário de definições, você se afasta.
Nenhum conceito mental, nenhuma explicação – científica, religiosa, mística – pode dar conta do que você É.
É tudo isso que, justamente, convém soltar.
Querer apropriar-se do que você É, é impossível.
Querer compreender o que você É, é ainda mais impossível.
Só aquele que é Absoluto, vive isso.
Não pode existir qualquer dúvida para aquele que é Absoluto, porque ele sabe que ele É, que ele existe, para além de qualquer corpo, de qualquer conceito, de qualquer mundo, de qualquer forma, de qualquer Dimensão.
Enquanto há uma vontade de compreensão ou de posse ou de explicação, você permanece na limitação.
É justamente o momento em que você decide abandonar todos os conceitos, todas as identificações, todas as concepções e todas as projeções, que você pode realmente sair do teatro.
Enquanto você está no teatro, não terá qualquer resposta, tanto para o espectador (ou Observador), como para aquele que crê desempenhar um papel.
O Absoluto é a-consciência.
É por isso que eu tomei o melhor exemplo: é o momento em que há sono sem sonho. Onde você está naquele momento?
Quem é você naquele momento?
Quem pode responder a isso?
Enquanto existe uma pessoa é impossível responder.
É preciso soltar tudo e, eu repito, não se enganem sobre o sentido da palavra «soltar».
Trata-se simplesmente de soltar tudo aquilo a que você se têm.
E sair de toda identidade, de toda identificação, de todo papel, de toda função, de toda questão.
Nada se pode dizer sobre o Absoluto, mas aquele que vive o Absoluto não é mais condicionado, nem pelo mundo, nem por uma forma, ele compreendeu a fraude, não como explicação, mas ele concebe e vive o fato de que, mesmo a consciência do Si, é uma trapaça.
Mas, para isso, é preciso mudar de ponto de vista, mudar de olhar, esquecer-se de toda definição de Si ou do mundo.
Em outras terminologias, poder-se-ia chamar isso a Renúncia, mas não a Renúncia para ser fechado ou para ser justamente nunca mais fechado no que quer que seja.
Entretanto, enquanto existir uma forma, uma Dimensão, um Sol, um planeta: há uma forma.
Vocês não podem, nem com o ego, nem com o Si, apreender isso.
Vocês não podem, nem com o ego, nem com o Si, apreender isso.
No máximo, o Si percebe a ilusão temporal, mas não resolve, de modo algum, a ilusão espacial.
O Absoluto não está nem no espaço, nem no tempo, nem mesmo localizado.
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Questão: é agradável ser Absoluto?
Esse gênero de questão não tem lugar de ser.
Para aquele que é Absoluto, mesmo em uma forma, a palavra «agradável» nada representa.
Tudo o que sai de um tempo, tudo o que sai de uma forma e de um espaço, vive o que foi nomeado, pelas Estrelas: Shantinilaya.
É bem mais do que agradável ou desagradável: é a Verdade, a única.
A noção de agradável remete a uma emoção do corpo de desejo.
Nenhum qualificativo pode mesmo tentar aproximar-se de Parabrahman, mesmo com uma forma.
Mesmo a expressão Shantinilaya, com a palavra Morada, é, para vocês, muito limitadora, porque não há Morada, nem onde morar.
Mas a expressão é certamente aquela que é a mais próxima dessa Verdade.
Eu havia nomeado isso, quanto a mim, os Pés do Senhor.
Mas, aí também, não há pés, nem Senhor.
É uma metáfora.
Porque enquanto uma forma existe, é preciso efetivamente que essa forma possa – pela via metafórica, imaginada, figurada, de algum modo – tentar traduzir o que é Parabrahman, de que nada pode ser dito.
Mas, eu repito, aquele que ali está sabe, porque vocês reencontram sua natureza Real, não antes.
Mesmo o Si (se posso exprimir-me assim), em relação ao Absoluto, é uma trapaça.
É uma autocontemplação, uma autossatisfação, que não tem qualquer sentido, saído do efêmero.
O que se torna a Realização quando a pessoa não está mais aí?
O que resta?
Nada, absolutamente, exceto a história ou a memória, que será, em seguida, transformada, é claro.
O Absoluto não é nem agradável, nem desagradável: é a essência da Verdade.
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Questão: entre a consciência na personalidade e a a-consciência no Absoluto, o que é contínuo e o que é descontínuo?
Mas a consciência da personalidade é descontínua.
A única coisa contínua é o que jamais se moveu: é o centro de todo centro, presente em todo ponto.
Só o movimento é existência, projeção, exteriorização, tomada de forma, qualquer que seja a Dimensão.
O Absoluto não se importa com tudo isso.
Ele não depende de qualquer tempo, de qualquer espaço, de qualquer Dimensão, de qualquer forma, de qualquer apropriação, de nada do que pode ser conhecido.
Vocês não podem apreender-se do que vocês São.
Vocês não podem imaginá-lo no fim de um caminho, porque não há caminho, não há estrada.
Há o que É, antes que essa excrescência, esse saco de alimento, esse saco mental aparecesse: é o que você É.
Todo o resto é descontínuo, efêmero, ilusório, enganador.
Não existe, para o Absoluto, qualquer representação possível, porque toda representação – qualquer que seja o suporte dela – é ilusória.
Como eu disse: tente reencontrar o que você Era antes mesmo que o sentido do «eu» aparecesse, antes dos três anos.
Naquele momento, isso não será uma lembrança, nem uma reminiscência, mas a Verdade.
Não se esqueça de que todo conhecimento nesse mundo é ilusório.
Como eu disse: todo conhecimento é autossatisfação, ignorância.
O único verdadeiro conhecimento consiste em reconhecer que o conhecimento, tal como vocês o chamam, é apenas uma ignorância, porque aquele que é o Jnani sabe, pertinentemente, o que ele É e ele vê o jogo ilusório de todos os sistemas de conhecimentos – científicos, morais, sociais, psicológicos – nos mecanismos íntimos desse saco, como desse saco chamado Universo.
É uma ilusão.
Vocês não podem compreender isso, vocês não podem apreender.
O único modo é a refutação: extrair-se de todas as ilusões, sem rejeitar.
Refutar não é renegar.
Refutar é ver além do que os olhos dão a ver, além do que o mental compreende, além do que a própria consciência pode viver.
Enquanto vocês jogam o jogo da consciência, vocês não podem ser a-conscientes.
A consciência é uma projeção.
A consciência – disseram-lhes – é uma Vibração.
O Absoluto não é qualquer Vibração, assim como ele não é qualquer consciência.
É Parabrahman, é anterior à criação desse mundo, como desse corpo, como de toda Vida.
Aí está a verdadeira Vida.
Aquele que sabe e descobre que ele jamais se moveu, que ele sempre esteve aí; para isso, é claro, é preciso sair de todo efêmero, no sentido de «sair» que é extrair-se de todas as ilusões.
Mas toda vontade de ação contra a ilusão mantém a ilusão.
É por isso que não pode haver qualquer caminho.
A própria concepção de um caminho é uma ilusão.
Será que vocês colocam a questão, quando dormem, do que vocês São?
Será que resta algo ao nível do efêmero, desse sono sem sonho?
Mesmo aquele que é Turiya mantém a ilusão, mesmo no Samadhi, porque ele recusa apagar-se: ele quer manter uma perenidade no que é ilusório.
É impossível.
Apenas reencontrar o que você jamais deixou, o que você É, para além de toda forma e de todo mundo, libera-o.
Todo o resto confina-o em níveis, como se pode dizê-lo, mais ou menos agradáveis.
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Questão: por que o Absoluto permitiu todas essas experiências mais penosas?
Mas ele nada permitiu.
Ele É, de toda a Eternidade.
Toda experiência, mesmo penosa, é efêmera.
São os mecanismos da própria consciência que criam a exteriorização, a projeção, a ilusão.
Enquanto você crê que é penoso, você ali está submissa.
O Absoluto não é concernido nem pelo penoso, nem pelo leve.
Ele contém tudo, ele suporta tudo, mas ele não é concernido.
É a consciência que é concernida.
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Questão: qual é a natureza da Consciência em relação ao Absoluto?
Mas eu acabo de dizê-lo: é uma projeção, em uma forma ou em um espaço, em um tempo ou em uma Dimensão.
É uma experiência.
Mas o Absoluto não se importa com a experiência: ele jamais se moveu.
Você não pode definir o Absoluto, nem mesmo tentar defini-lo em relação à consciência.
Enquanto há consciência, há ilusão.
O Absoluto não se apropria, e eu posso mesmo dizer que ele não se descobre, uma vez que ele sempre esteve aí.
É você que se afastou dele.
Enquanto há consciência – limitada ou ilimitada – há identidade, há projeção, há agradável e desagradável, há experiência, há tempo, há espaço, há Dimensão.
Mas, o Absoluto não é concernido por isso.
Enquanto você crê ser uma identidade em uma pessoa, você está apegada a esse corpo, você está apegada a essa consciência.
Aquele que é Absoluto é Liberado de todas as suas crenças, de todas as suas experiências, de todas as suas ilusões, as dele como aquelas dos outros.
O Absoluto não é nem uma criação, nem uma re-criação, nem uma des-criação.
Ele não é concernido pelo movimento, nem pelo tempo, nem pelo espaço, nem pela consciência.
Ser Absoluto em uma forma, é o momento no qual não existe mais percepção, mais concepção, mais qualquer sentido da mínima identidade, nem da mínima palavra.
Aquele que o vive, sabe disso.
Em momento algum ele pode duvidar disso.
Porque ele reencontrou o que jamais perdeu e o que ele sempre foi.
Só a consciência brinca de querer compreender ou de querer viver algo.
Enquanto existe essa vontade de viver algo, há uma distância que é colocada, também ilusória, mas que é vivida como real pela consciência; quer ela seja dividida ou Unificada.
É preciso fazer cessar todo «eu», toda identidade, toda experiência.
Não interrompendo, porque se você interrompe – por uma vontade qualquer – a experiência, você a reforça, em outro tempo, em outra forma.
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Questão: se a consciência é projeção, ela é uma projeção do Absoluto?
Mas o Absoluto não pode projetar-se, uma vez que é Absoluto.
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Questão: de que a consciência é, então, a projeção?
Dela mesma.
Da Fonte.
Da Unidade.
O Absoluto não é concernido por qualquer consciência.
Só aquele que ali está sabe disso.
Porque não há mais qualquer dúvida, não há mais qualquer questão, qualquer interrogação.
Ele não é mais localizado a uma consciência, a um corpo, a um mundo, a uma Dimensão, a um estado ou ao que quer que seja.
O problema é que a consciência – qualquer que seja, separada e dividida, como Unificada – definir-se-á, sempre, em relação a ela mesma, em relação a uma percepção, em relação a uma concepção, em relação a uma vivência.
O Absoluto não é concernido por isso.
Só aquele que se extrai de toda manifestação, de toda consciência, de toda projeção, de toda identidade, de todo mundo, de todo tempo, de todo espaço (em suma, de tudo o que pode ser reconhecido ou conhecido), é Absoluto.
Mas, enquanto você permanece na consciência, a sua, qualquer que seja (Unificada ou dividida), o Absoluto permanece-lhe inacessível.
E, no entanto, é o que você É.
***
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Questão: o que são a Fonte e a Unidade em relação ao Absoluto?
O Absoluto contém – se posso exprimir-me assim – a Fonte e a Unidade.
Mas a Unidade e a Fonte não são o Absoluto.
Eles são uma emanação dele, uma conscientização, uma localização, no espaço, nas Dimensões.
Mas o Absoluto não é um espaço, nem um tempo, nem uma Dimensão.
Você não pode apropriar-se dele, nem em conceito, nem em percepção, nem em Vibração.
É, justamente, quando tudo isso cessa que você É Absoluto.
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Questão: em que o Absoluto teria «necessidade» de emanar?
Mas o Absoluto não tem necessidade de nada, uma vez que ele É, de toda Eternidade!
Ele sustenta a emanação, ele mesmo.
Ele não é a Fonte, ele não é a Unidade, mas ele o permite, pelo que ele É (não por uma ação).
Enquanto há ação, há tempo, espaço, Dimensão, identidade.
Mas nada de tudo isso é Absoluto.
Você não pode compreender o Absoluto.
É a partir do instante que você aceita que nada há a compreender, nada há a apreender, nada a experimentar, nada a conscientizar-se, que você É Liberado.
***
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Questão: como o Absoluto pode aparecer ou se revelar em um momento mais do que em outro, sabendo que o tempo não existe para ele?
Mas o Absoluto não tem que aparecer, uma vez que ele sempre esteve aí.
Como é que ele poderia aparecer?
Nem se revelar.
É sua consciência que está afastada dele ou que se crê afastada. Eu repito, o Absoluto não é uma experiência, não é nem um tempo, nem um espaço, nem um estado.
Aquele que é Absoluto sabe disso.
Porque toda projeção, toda consciência, toda identidade, todo tempo, todo espaço, desaparece, porque efêmero.
É o momento em que não há mais qualquer percepção.
Este momento não é um momento porque, vivendo-o, você se apercebe que isso sempre esteve aí.
Como poderia ser de outro modo?
Não há um momento no qual algo se desvenda, no qual algo aparece.
É um ponto de vista exterior.
Esta a-consciência desvenda-se a você no momento em que toda consciência cessa, toda identidade cessa, toda forma cessa, o mundo cessa: o que a personalidade chamaria de neant.
O que a consciência da Unidade, ou o Ser Realizado não pode ver, porque ele banha na Luz.
Mas banhar na Luz não é Ser a Luz.
É ainda uma tomada de forma, é ainda uma identidade.
Esse estado além de todo estado, Parabrahman, Absoluto, Liberado Vivente, está presente de toda a Eternidade; não tem a ver com a Fonte, com uma Dimensão, com uma forma, com um corpo ou com uma consciência.
É o que você É.
Mas você não pode apropriar-se do que você É.
Você não pode ver o que você É.
Você não pode compreender o que você É.
Eu repito que não há outro modo de ali chegar que não a refutação, o Abandono do Si, o que eu denominei «esquecer-se de si mesmo».
Você não pode estar localizado ou identificado, e Ser Absoluto.
E, no entanto, é o que você É, de toda a Eternidade, de todo tempo, de todo espaço, de toda Dimensão, para além de todo o corpo.
Aquele que é Absoluto não o vive como experiência ou como estado.
Ele o vive como a única Verdade, bem além de sua pessoa, bem além desse mundo, bem além de sua própria consciência.
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Questão: a refutação seria aceitar o inaceitável para bascular alhures imediatamente?
Mas não há alhures: é uma ilusão da própria consciência, do ego que tem medo. Porque o ego vai chamar a isso o neant.
Ele vai chamar o Absoluto: absurdo.
Porque a consciência apenas pode definir-se através de uma projeção, de uma identidade, de uma Dimensão, de coordenadas precisas.
Não há alhures.
Vocês não podem, de maneira alguma, representar o Absoluto.
Enquanto existe uma vontade de representação, de comparação, de identidade ou de identificação, vocês se enganam a si mesmos.
Lembrem-se: o que se torna esse saco de alimento quando ele desaparece?
O que se tornam seus pensamentos quando o saco mental desaparece?
Vocês sabem?
Vocês não podem saber e, no entanto está aí.
Isso sempre esteve aí, independentemente desse saco, independentemente desse mundo, independentemente desse Universo.
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Questão: os Anciões, as Estrelas, os Arcanjos têm, no entanto, uma identidade?
Não há qualquer identidade.
Há elementos efêmeros, arranjados por uma razão precisa, quer eles se chamem Anciões, Estrelas ou Arcanjos.
Nomear é, já, não mais ser Absoluto.
Há a identidade, mas vocês não estão limitados por uma identidade.
Quando os Arcanjos dizem que eles estão em vocês, eles estão.
Onde é o lugar, em você, onde estão os Arcanjos?
Enquanto você está em uma consciência projetada, você não pode vê-lo.
Um Arcanjo, um Ancião não é dependente de uma forma, nem de um tempo, nem de um espaço, nem de uma localização.
É sua Consciência limitada que se imagina que é assim, no ilimitado.
Porque sua consciência, na personalidade, necessita da presença de uma forma, de um tempo, de um espaço e de uma Dimensão.
Vocês nada são de tudo isso.
No Absoluto você pode ser toda forma, toda Dimensão, todo espaço, todo tempo, toda representação, toda projeção, sem, no entanto, ser nenhuma.
Nenhuma consciência pode apreender isso.
Á justamente o obstáculo, que é a consciência.
Uma vez que a consciência apenas pode funcionar através de uma distanciação e de uma separação (entre um Arcanjo, um Ancião, uma Estrela, um corpo, um gato, um cachorro), vocês estão submissos à ilusão da forma.
Mas, se você remonta de próximo em próximo, a matéria (como vocês dizem) que constitui um cão, é a mesma que aquela que constitui um homem, um átomo, um universo.
É apenas um aspecto de forma, é apenas uma consciência diferente.
Mas nada de tudo isso é Absoluto e É, no entanto, Absoluto.
Enquanto há dependência, enquanto vocês são tributários de uma definição, de uma forma, de uma consciência, vocês não são Livres.
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Questão: poderia desenvolver sobre o princípio da investigação?
A investigação consiste em ver claramente o que é ilusório, o que é efêmero, o que é atribuído a uma forma, a um pensamento, a uma ideia, a um mundo.
É destinado a mostrar tudo o que é efêmero.
Tudo o que cai sob os sentidos, tudo o que cai sob uma compreensão, é efêmero.
Não há questão «quem sou eu?», uma vez que vocês são o Absoluto.
Colocar a questão do «quem sou eu?» é já uma exteriorização.
O «Eu Sou» é, certamente, uma primeira etapa.
O «Eu Sou Um» é uma vivência da Unidade da consciência.
Mas, são apenas etapas.
Mas essas etapas não são lineares, nem hierárquicas, nem valorizadas.
Não é preciso conceber o Absoluto como uma finalidade.
Não pode haver finalidade ali.
É o que vocês São, de toda Eternidade.
Mas, eu repito, enquanto não há Abandono do Si – esse famoso inaceitável – vocês não podem reencontrar, realmente, o que vocês São.
E, eu repito, o termo «reencontrar» nada quer dizer, uma vez que isso não tem que ser encontrado.
É todo o resto que deve ser refutado, como efêmero, ilusório, tributário de um elemento ou de outro, de um tempo ou de um espaço, de uma forma ou de outra forma.
O problema da consciência é que ela funciona, mesmo na Unidade, como uma forma de distância.
A Unidade põe fim ao distanciamento, mas não põe fim à forma e à distinção de formas.
Aquele que está na Unidade, no Si, pode Fusionar com o Sol, com um Arcanjo, tornar-se esse Arcanjo: mas há, ainda, uma forma.
O Absoluto não se importa com todos esses jogos.
É o Centro, presente em todo ponto.
Mas, eu repito, vocês não podem apreendê-lo, de maneira alguma.
Em contrapartida, vocês podem claramente ver, compreender e apreender tudo o que é efêmero.
Aí está a refutação, aí está a mudança de ponto de vista, de olhar.
Não antes.
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Questão: o Absoluto seria também o fim das palavras?
Mas a palavra existe apenas nessa Dimensão na qual vocês estão.
Nas Dimensões que vocês nomeiam Unificadas não há palavra: há Radiação e Vibração.
A palavra é uma compartimentação, uma projeção, um conceito adaptado a um determinado mundo, do mesmo modo que o olho é adaptado a esse mundo.
Mas, a partir do momento em que vocês veem além da Ilusão, para que serve o olho, exceto nesse mundo?
Será que vocês creem ter olhos quando estão mortos?
Um cérebro?
Uma bomba cardíaca?
Deem-se conta da estupidez.
Vocês projetam quadros de referência a partir de onde vocês estão.
Isto é estupidez, porque vocês partem do princípio de que o que vocês experimentam o que vivem, continuará alhures.
Aí está a Ilusão.
Quando vocês não têm mais forma, quando o saco de alimento desaparece, quando o saco mental desaparece, o que é que resta?
Nada.
Será que vocês têm necessidade de sentidos para ver, para ouvir, para tocar?
Absolutamente não.
Portanto, vocês veem, efetivamente, que seu modo de ver e de perceber é ligado à sua condição atual.
E que esta condição leva-os a colocar o princípio de uma continuação que existe apenas no mental.
Quando o saco de alimento retorna à terra, o que é que vocês levam?
Reflitam.
Vocês não têm a resposta: não pode haver uma.
Vocês nada levam.
Entretanto, a personalidade, como o Si, vão, ambos, negar esse princípio e declarar-se imortais.
O que é que resta quando vocês desaparecem?
Vocês não levam nem seus olhos, nem seu coração, nem suas mãos, nem seus pés, nem seus sentidos.
Então, o que resta do que vocês conhecem?
Estritamente nada.
Vocês têm uma resposta para isso?
Vocês não podem tê-la; é como para o Absoluto.
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Questão: por que alguns refutam tudo depois uma tragédia e, outros, depois uma forma de ascese feliz?
Mas isso não faz qualquer diferença.
É preciso compreender e aceitar que, para uma forma efêmera que é esse saco (mental ou de alimento), nada há de pior que seu próprio desaparecimento.
Porque isso o põe em face da autossatisfação de suas crenças, da autossatisfação de sua imortalidade: e é certamente o choque o mais importante.
Porque é apenas nessa situação de choque que vocês se dão conta de que tudo isso é uma tragédia, mesmo feliz.
Isso nada quer dizer.
Pouco importa o caminho: não há caminho.
É apenas em uma forma de urgência, qualquer que seja esta urgência, que geralmente o Absoluto desvenda-se.
Porque vocês se desvendam, vocês mesmos, na trapaça.
Enquanto o efêmero não é colocado de frente, justamente, ao seu efêmero, ele se crê eterno.
E enquanto ele se crê eterno, ele se trapaceia a si mesmo.
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Questão: o Absoluto não se importaria com o que quer fosse, na realidade?
O Absoluto, efetivamente, não se importa com o que quer que seja, porque ele nada é do que quer que seja.
Enquanto você crê que há algo a fazer, você se engana, você mantém sua própria ilusão.
Todo o problema vem da identidade a uma forma, a um saco, a uma vida, a uma ideia.
Enquanto isso existe, você se trapaceia a si mesmo e não muda de ponto de vista.
Coloque-se a única questão, não de onde você vem (porque você vem de lugar algum), mas o que você É quando você dorme?
Enquanto seu ponto de vista é centrado em uma forma, em um tempo, em um espaço, em um destino, em uma história, em uma percepção, há trapaça.
Nenhuma Verdade pode existir aí.
E eu entendo por Verdade o que não é afetado nem por um tempo, nem por um espaço, nem por uma ideia, nem por um conceito, nem por uma percepção: por qualquer sentido e por qualquer consciência.
Aquele que é capaz, não de meditar, mas de não mais interferir com um corpo, com uma forma, com um mundo, com uma ideia, com um conceito, com um sentido de propriedade, qualquer que seja, é Absoluto.
Ele não é mais afetado pela forma, ele não é mais afetado pelo mundo, mesmo se essa forma ali esteja submetida.
É efetivamente, portanto, uma mudança de ponto de vista e de olhar: é a perda de toda vaidade, de todo orgulho, de crer-se o que quer que seja.
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Questão: o que é o Eterno em relação ao Absoluto?
O Absoluto É a Eternidade.
A Fonte não é a Eternidade, uma vez que ela parte de um ponto, ela se chama: a Fonte.
Todos os processos, espaciais e temporais, que vocês vivem (sejam as Vibrações, seja a percepção do que vocês denominam Canal Mariano), têm apenas um único objetivo: é o de fazer cessar toda a distância e toda a separação.
Aí está a Eternidade.
A Eternidade não se apoia em nada de efêmero, em algum movimento, nem em um finito, nem em um infinito, mas em um indefinido.
Não é a mesma coisa.
Pois assim que houver definido, finito ou infinito, assim que houver definição, há a separação.
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Questão: os protocolos cristalinos, os exercícios respiratórios que são propostos atualmente pelos outros intervenientes, são facilitadores no desvendar do Absoluto?
Mas o Absoluto não pode ser desvendado!
Tudo o que vocês utilizam (o corpo, os chacras, os cristais) são apenas divertimentos.
À força de divertir-se, virá um momento em que o Absoluto revela-se.
Mas não são vocês que vão a lugar algum.
A Consciência (isso foi repetido em todos os sentidos) é uma Vibração.
No Universo, tudo é Vibração.
Nas Dimensões, tudo é Vibração.
Na Consciência, as consciências, tudo é Vibração.
O Absoluto não é uma Vibração.
Mas vocês devem, efetivamente, experimentar o que são as Vibrações para aproximar-se da Infinita Presença.
Tudo está em seu lugar.
Mas, se vocês fossem capazes de sair de toda identidade, efetivamente, vocês não teriam necessidade de nada mais: mas é instantâneo.
Entretanto, vocês recusam o instantâneo porque, para vocês, o instantâneo, de seu ponto de vista, é efêmero.
Eu falo, efetivamente, do instantâneo e não do tempo presente.
Ora, justamente, é no instantâneo (desprovido de qualquer percepção, de qualquer Vibração, de qualquer identidade e de qualquer mundo) que é o Absoluto que vocês São.
Mas é mais fácil para um observador que olha a cena de teatro, pensar em sair do teatro para ver que ele não existe, do que para aquele que atua na mesma cena, na cena do teatro.
Porque este não pode conceber, imaginar, perceber ou considerar que isso não existe.
Se vocês fossem capazes de dormir todo o tempo, sem sonho, sem morte, vocês seriam Absolutos, instantaneamente.
É o que vocês São.
Toda a problemática releva da consciência e da identidade.
Eu repito, lembrem-se de que vocês são condicionados por uma forma, vocês são condicionados por um mundo.
Mas vocês não são nem um mundo nem uma forma.
É um erro de apreciação.
Vocês não podem encontrar o que vocês São, diferentemente, que não pela refutação.
É no momento em que cessa todo sinal, toda consciência, toda Vibração, toda percepção, toda identidade e todo o mundo, que vocês são Absolutos.
É quando vocês se apercebem (e é uma metáfora) que, não tendo mais forma, não tendo mais pensamento, não tendo mais identidade, não tendo mais marcador, não tendo mais consciência, que vocês São, nesse momento, Absoluto.
Aí está o Absoluto.
Mas enquanto existe o mínimo marcador, o mínimo sentido de um «eu» ou de um Si, vocês não são Livres, uma vez que vocês são tributários desse «eu», desse Si.
A instantaneidade não pode ser encontrada nessas circunstâncias.
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Não temos mais perguntas, agradecemos.
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Então, BIDI saúda vocês.
Então, BIDI saúda vocês.
E eu os lembro de que além da compreensão de minhas palavras faladas, há outro estágio de compreensão, que é ler.
Mas eu não falo de compreender palavras, ouvidas ou lidas, mas ir além.
Eu tive a ocasião de dizer que quando vocês não compreendem, é já três quartos do trabalho, de fato.
O último quarto é compreender que não há trabalho.
Enquanto vocês compreendem, há apenas ignorância, porque toda compreensão refere-se, necessariamente, ao que vocês conhecem.
Justamente, é quando não pode existir a mínima compreensão, a mínima percepção, a mínima identidade, que vocês se aproximam de si mesmos.
Isso não é um deslocamento.
Se vocês aceitarem isso, constatarão por si mesmos que não há qualquer trabalho, qualquer esforço.
O que eu chamo, sem parar, mudar de olhar ou de ponto de vista.
Porque seu ponto de vista, enquanto é definido pelo conhecido, o cognoscível, o explicável (que os leva a uma experiência conhecida) continuará e permanecerá, sempre, uma Ilusão.
Então, BIDI saúda vocês.
Até logo.
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Mensagem do Venerável BIDI no site francês:
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Versão do francês: Célia G. http://leiturasdaluz.blogspot.com
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Transcrição e edição: Andréa Protzek e Zulma Peixinho
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