- Intervenção de RAM -
Sri RAM Chandra
“A fase que vocês chamam de sono é o momento privilegiado de construção da sua Unidade, a partir do instante em que esse momento não estiver poluído pelas atividades do dia.”
http://www.mediafire.com/file/4a3a84pjf4fjlei/29-RAM-26_octobre_2008-article1ef8.mp3/file
Apresentação do 'Exercício de Revisão ou Exame de Consciência'
Eu sou RAM.
Primeiramente eu vou falar.
Recebam a paz.
Recebam a Unidade.
Assim, eu espero que vocês tenham apreendido a
importância do silêncio, a importância da atitude interior previamente à
vivência da Unidade.
Viver ou aproximar-se da Unidade é algo de
profundamente transformador, que afeta a totalidade de seus modos de vida, a
totalidade de seus modos de percepção, a totalidade de seus modos de respostas
ao ambiente.
Vamos continuar, se efetivamente quiserem, para nos
aproximarmos ainda mais desse ‘estado de ser’ que eu qualificaria de completo,
de inteiro e de transparente.
Tendo feito essa experiência, vocês devem doravante
manifestar um grau de lucidez muito mais importante do que antes de viver isso.
Eu gostaria de propor e prescrever a vocês algumas
regras.
Essas regras são ajustes de seus comportamentos, de
suas atitudes e de seus modos de funcionamento.
Verificar por si mesmo ou voltar-se para essa
realidade implica uma noção de responsabilidade em relação a isso.
Tendo vivido isso, vocês estão aptos, doravante,
para compreender e para discernir o que não decorre disso.
Tudo o que os afasta disso é contrário ao seu bem.
Em primeiro lugar, quando vocês se afastam disso, o
que acontece?
Seu humor muda, seus pensamentos colidem, sua
lucidez se torna obscura, criando um sentimento de falta, criando emoções
contrárias a isso.
Aproximar-se da Unidade e dela se afastar, ainda
que apenas por um instante, é voltar a mergulhar na divisão, na separação e no
sofrimento.
Vocês devem aprender, e domar, a fim de superar os
pensamentos, os humores, as emoções que procuram afastá-los do que vocês são.
O que vocês são não é um humor, o que vocês são não
é uma emoção.
Vocês devem distanciar-se do que emerge de sua
consciência que poderia afastá-los da Unidade.
Em primeiro lugar, dos pensamentos que os
atravessam.
Vocês têm a impressão de que eles vêm de vocês.
Eles vêm de uma parte de vocês que não é da Unidade,
mas da divisão.
Aquilo que vocês viveram, aproximando-se da
Unidade, não pode se misturar com o julgamento.
A transparência e a lucidez andam de mãos dadas com
a Unidade.
As armadilhas que impedem essa transparência e essa Unidade não vêm do exterior, mas do interior, não de sua interioridade, mas, entretanto, de camadas que lhes pertencem.
***
A Unidade vivida, abordada, sentida, requer a
prática de exercícios regulares diários.
Não se trata, no entanto, de uma ascese, mas de uma
colocação na Luz, durante esses exercícios, do que cria obstáculo ao retorno a isso.
É um momento privilegiado, momento em que as
energias e a consciência reúnem-se para preceder o que vocês chamam de sono.
O sono é esquecimento, para o comum.
O sono é Unidade, para o iniciado.
Entretanto, nesse momento que antecede o sono
existe um espaço específico de colocação na transparência.
A colocação na transparência requer eliminar de
vocês os elementos e as manifestações de seu dia, contrários ao estado de
Unidade.
Isso pode ser tanto uma disputa, como um ato que
não vai no sentido da Divindade, como os maus pensamentos.
Eu entendo por mau pensamento todo pensamento que
não é voltado para a Unidade.
Trata-se, portanto, de pensamentos de divisão de
vocês para com seus irmãos.
Os julgamentos precipitados, apenas o julgamento
que vocês fazem contra situações, os julgamentos que vão até sugerir que
dissociem e separem o joio do trigo, também são pensamentos que os afastam da
Unidade.
Isso não é pensamento.
Vocês devem adquirir o hábito de remover de si
mesmo o que foi vivido nas vicissitudes da vida que vocês vivem, que é uma vida
separada, dividida, mantida pelo mental coletivo humano, pelos jogos do poder,
os jogos do dinheiro e os jogos de relações entre os seres.
Esse momento privilegiado em que esse exercício for
praticado será benéfico para vocês.
Eu diria que não é muito tempo em tempo humano, um
quarto de sua hora é suficiente.
Chamem esse exercício de como quiserem: exame de
consciência, passagem em revista, entretanto vocês têm à sua disposição um meio
único de passar do sono do tolo ao sono do iniciado (1).
A fase que vocês chamam de sono é o momento
privilegiado de construção da sua Unidade, a partir do instante em que esse
momento não estiver poluído pelas atividades do dia.
Nesse sentido, o exercício que lhes proponho é
destinado a permitir a esse estado de transparência se estabelecer em vocês,
sem esforços, porque, à noite, no momento em que sua consciência comum volta o
olhar para o interior, nenhuma manifestação exterior (exceto as que vocês levam
consigo quando adormecem) pode vir perturbar o que acontece.
Esse exercício certamente é aquele que lhes
permitirá, da forma mais precisa e mais próxima possível, aproximar-se disso.
Esse exercício é essencial.
Tentem fazê-lo, ainda que por apenas alguns dias, e
vocês constatarão, de modo evidente e espetacular, as mudanças que ocorrerão no
dia seguinte.
Os humores, as variações do humor vão deixá-los.
Os momentos de dúvidas, os momentos então de
julgamentos entre o bem e o mal vão deixá-los.
Vocês terão a impressão de renascer para si mesmo, despoluídos
de tudo o que os impedia de serem claros e transparentes para consigo mesmo e para
o mundo.
Esse exercício é certamente o mais eficaz, aquele
que demanda menos restrições para se aproximarem da Unidade.
Quando vocês passarão a viver na Unidade?
A partir do momento em que, durante todos os seus
dias, vocês perceberem, quando a noite chegar, que nada mais há para remover, para
limpar, e vocês perceberem que seu humor foi o mesmo desde o nascer até o pôr
do sol.
Naquele momento, vocês entrarão na transparência.
***
A transparência é humildade.
A humildade não pode julgar.
A humildade está além da capacidade de
discernimento.
O exercício proposto pode parecer, à primeira
vista, manter a dualidade, uma vez que, neste exercício, vocês rejeitam o que é
mau para permitir unicamente ao que foi julgado bom invadir suas noites.
Mas a finalidade desse exercício é, obviamente,
chegar a não mais discernir nada.
Chegará um tempo em que toda a ação de seu dia será
desprendida, no sentido próprio como no figurado, de qualquer reação.
Naquele momento, isso se tornará, para vocês,
evidência de que nenhuma de suas ações é uma reação e que nenhuma de suas ações
provoca reações.
Vocês são, assim, extraídos, por seu estado de
transparência, da lei de carma.
Agora, na vida cotidiana, como isso se manifesta?
A primeira palavra que vem é o não julgamento.
Quaisquer que sejam os seres, quaisquer que sejam
as situações, quaisquer que sejam os eventos que vocês geram ou que lhes chegam,
a transparência daquele que vive na Unidade aparece como evidência.
Não há mais dúvidas.
Existem dois estados diametralmente opostos onde a
dúvida não pode mais interferir.
O primeiro caso é aquele da evidência da Luz e da
Divindade.
Quando vocês entram nessa evidência, obviamente,
tudo se torna evidência.
Seu oposto é a ausência total de Luz que, ela
também, acompanha-se de um estado de evidência que não é sustentado pela
humildade, mas pela arrogância.
Isso concerne ao que foi denominado, vulgarmente,
as forças do mal ou da Sombra.
A Sombra não tem a ver com a Luz.
A luz que lida com a Sombra não é a Luz, é apenas o
reflexo da Luz.
O reflexo da Luz é criado pelo mental e não pela
própria Luz.
A Luz, enquanto se limita a um brilho, a um
resplendor, não é a Luz.
A Luz é, antes de tudo, evidência que vai
traduzir-se, por sua vez, em sua vida, pelo não julgamento (que não é uma
vontade, mas um estado), por uma humildade, por uma bondade.
Quando vocês alcançarem, ainda que apenas por
algumas horas de seus dias, esse estado de evidência, nada mais será como
antes, porque vocês saberão, de maneira perfeita, que, naquele momento, vocês
alcançaram a Essência do que vocês são.
Tendo feito uma primeira experiência, bastará,
depois, perseverar no caminho da evidência.
Mas atenção: quando vocês entram na evidência,
quando vocês estão nela, o olhar de seus irmãos não será jamais um olhar de
bondade, mas um olhar de julgamento, porque vocês escapam, quando entram na
evidência, do mundo deles e do mundo de funcionamento deles.
Assim, não se deixem abater pela perseguição que
pode atingi-los, através de seus irmãos.
A Luz, como a Sombra mais total, incomoda.
O ser humano é uma mistura de Sombra e de Luz em
manifestação.
Enquanto essa mistura persiste em sua oscilação de
uma à outra, tudo vai bem em suas relações sociais, seja a paz ou,
efetivamente, a guerra.
Há uma lógica.
Quando vocês entram na evidência, vocês se tornam
aquele que é preciso crucificar, pois escapam ao esquema habitual distorcido de
funcionamento.
Assim, não se surpreendam se, aproximando-se dessa
evidência, o ambiente venha agredi-los, feri-los, tocá-los e parecer querer
destruí-los.
É a prova mesmo de que vocês entraram na evidência
e na Unidade.
As palavras empregadas mais frequentemente por
aqueles que não estão na evidência serão, obviamente, julgamentos de valor que
denigrem o que vocês são, sob pretexto de ilusão, sob pretexto de
discernimento, sob pretexto de que vocês estão incomodando.
Isso não deve perturbar seu estado de evidência.
Isso pode ser profundamente desestabilizador nos
primeiros tempos.
Eu os advirto, portanto, não contra vocês mesmos,
quando vocês se aproximam desse estado, mas contra o resto do mundo que pode,
em um primeiro tempo, antes que vocês passem a um modo de funcionamento muito
mais sincrônico e unitário, parecer agressivo, tanto através de seres desconhecidos,
mas, infelizmente, mais frequentemente, através de seres amados.
Nada é pior para um ser humano na dualidade do que
ver um próximo amado ir para a Unidade, porque isso significa, para aquele que
permanece na dualidade, abandono e ruptura e, no entanto, não é nada disso.
Entretanto, a transparência, o estado de evidência
incomoda e perturba.
Aí está o obstáculo que vocês deverão superar ao
entrar nessa evidência.
Eu chamo sua atenção para isso porque é o que
alguns de vocês viverão nos próximos meses.
Então, ontem, durante minha vinda anterior, tentei
conceituar e fazê-los viver isso com consciência.
Um dos governantes da Intraterra deu-lhes
ferramentas para permitir se aproximarem dessa dimensão e para vivê-la, alguns
de vocês.
Assim que vocês tiverem integrado (e não
compreendido) o mecanismo disso, tornar-se-á cada vez mais fácil estabelecer
esse estado de transparência e de evidência, quaisquer que sejam, eu os lembro,
as oposições exteriores.
Vou propor-lhes, se estiverem de acordo, antes de
lhes dar a palavra para os questionamentos em relação a isso, graças não
unicamente à minha presença, mas à presença também de uma qualidade específica
elementar nominada de Fogo, através de um processo de Radiação desse estado de
evidência, para irem ainda mais próximo da Essência.
Se vocês desejarem, vamos acolher, no silêncio, esse estado de evidência ligado à presença conjunta de minha presença e da presença do Fogo.
Então, se efetivamente quiserem, vamos, juntos,
viver isso.
... Efusão de
energia ...
Bem-amados irmãos, vamos agora abrir um espaço de
interrogações sobre o que acabo de instruí-los.
***
Questão: no exercício noturno, o que se faz com os pensamentos que se deseja eliminar?
Contemplá-los, discerni-los, basta para fazê-los
desaparecer.
Não é questão de lutar contra, de destruí-los com a
Luz, o que seria apenas um processo mental.
É questão, simplesmente, de que a consciência esteja
ciente deles.
Isso basta.
O trabalho de erradicação desse mal far-se-á
automaticamente durante a noite.
***
Questão: pode-se fazer a mesma coisa progressivamente e à medida que
esses pensamentos aparecem?
De modo algum.
Isso iria mesmo
no sentido contrário, ou seja, de reforço.
Por mecanismos fisiológicos e energéticos precisos
(dos quais de nada serve sobrecarregar sua cabeça), esse trabalho, esse
exercício será plenamente e totalmente eficaz se for feito no período que eu
dei.
O que quer dizer que, mesmo diante da raiva de uma
pessoa (verbalizada ou não), um trabalho de perdão em relação a essa pessoa ou
a essa situação, efetuado mesmo imediatamente após ter acontecido, reforçaria a
divisão.
***
Questão: esse exercício pode ser feito durante o dia?
Não.
Eu efetivamente especifiquei o momento.
***
Questão: qual é o melhor meio de reagir em relação às reações
eventualmente negativas do ambiente?
Sobretudo não reagir e tentar permanecer nesse
estado de transparência e de evidência.
A influência positiva pode, obviamente, existir,
porque o estado de transparência e de evidência, do que se instala de forma
duradoura, tem um poder altamente transformador.
Mas a primeira
reação daquele que for confrontado, em seu estado dual, com este estado, será a
oposição.
Não pode ser de outro modo, mesmo se, a
posteriori (esse a posteriori podendo sobrevir,
rápida ou lentamente, após o evento) isso puder se transformar, porque o estado
de transparência e de evidência é um estado de Luz real que vem colocar na Luz
e exacerbar os «defeitos» daquele que está na dualidade.
***
Questão: o relógio biológico de cada um, sendo diferente, é importante
que essa fase de adormecimento seja após o pôr do sol?
Esse é o elemento capital.
Quando o sol, reflexo da Luz, desaparece, vem o
momento da reflexão da Luz, que é a fase lunar.
É o momento em que se pode ver, revelar e processar
o que aconteceu.
***
Questão: como facilitar a reminiscência dos elementos divergentes
durante esse exercício?
Um simples exame
superficial de seu dia pode evidenciar uma série de elementos obscuros.
É impossível, mesmo em um nível mais bruto da consciência,
não vislumbrar, durante esse exercício, ao menos alguns elementos duais.
Um momento, por exemplo, em que vocês não disseram
o que pensam.
Um momento em
que seu humor mudou, pela reação.
Tanto no nível
dos seres como das situações que vocês encontram.
Em um primeiro momento, vocês não têm interesse em
ali passar horas porque, se vocês precisassem passar à noite o conjunto dos
elementos duais que viveram, seria necessário reviver inteiramente seu dia, os
momentos de Unidade estariam quase ausentes.
Basta apreciar alguns, os mais grosseiros, no
início, e a purificação far-se-á aos poucos.
***
Questão: pode-se adicionar a esse exercício técnicas de respiração?
Isso me parece supérfluo e, por vezes, até nefasto.
Deixem agir sua consciência noturna com confiança:
isso é o mais rápido, o mais simples e o mais eficaz.
O Pranayama ou outras formas de Yoga
vão provocar resistências e cristalizações no corpo, em particular no nível dos
órgãos sensíveis às emoções como o fígado, o baço e os intestinos.
***
Questão: as técnicas de respiração que ativam o fogo interior não
poderiam então ser feitas à noite?
Não.
Vocês confundem a realização da revisão da
consciência, associadas à respiração, às técnicas de respiração, que são
totalmente independentes disso.
São vocês mesmos que associaram respiração e
exercício de exame de consciência.
Eu lhes disse que isso era prejudicial, porque
provocaria cristalizações.
Eu não falei, agora, da respiração pela respiração.
***
Questão: pode-se usar cristais durante esse exercício?
Isso não é um
problema.
Pode mesmo ajudá-los a reforçar, ao mesmo tempo, a
transparência, a evidência e a Unidade e ajudá-los a se aproximarem disso antes
de dormir.
***
Questão: e no caso de pensamentos ou ações recorrentes, isso não arrisca
cristalizar mais?
Eu efetivamente falei de eventos ocorridos no dia.
A partir do momento em que não se trata de eventos,
mas, portanto, de um traço específico como, por exemplo, a mesma emoção ou o
mesmo comportamento reproduzindo-se dia após dia, isso não deve fazer parte do
exercício.
Eu esclareço que se trata de eventos novos de seu
dia.
Se, por exemplo, vocês tiverem que enfrentar todos
os dias a mesma situação, com o mesmo ser, isso significa que vocês são
estúpidos, porque basta, naquele momento, deixar essa pessoa ou essa situação.
O próprio fato da reprodução da situação, da emoção
ou da dualidade com uma pessoa está simplesmente aí para mostrar-lhes que, em
relação a esse elemento preciso, vocês estão em contradição total com a
Unidade.
***
Questão: como tomar uma decisão sem julgar?
Isso é impossível enquanto vocês estiverem na
dualidade.
Isso se tornará possível a partir do momento em que
os momentos de clareza, de evidência de transparência forem cada vez mais
numerosos.
Não se preocupem com isso, isso será necessariamente
evidente em algum momento.
É o que eu chamei de ação sem qualquer reação.
***
Questão: você falou de um estado temporário antes que a Unidade fosse
vivida de maneira unitária e sincrônica. Há etapas nesse
processo?
Isso é eminentemente variável segundo seu destino,
eu diria, no sentido amplo.
Para alguns seres basta um momento, uma experiência
unitária para ali entrar de maneira definitiva.
Para outros, será necessária uma sucessão de
momentos que se acumulam e se associam uns aos outros.
Cada caso é diferente.
***
Questão: que diferença você faz entre ego e arrogância?
O ego é uma pequena arrogância.
Todos os seus
movimentos de dualidade, de conflitos, de reações são apenas manifestações do
ego e, portanto, sujeitos à lei de ação e reação.
Compreendam que eu tento colocar palavras no que é
dificilmente traduzível em palavras, porque se trata de um estado e não de uma
experiência.
Mesmo que esse estado não dure, ele participa,
entretanto, de um estado.
Nesse estado de ser, de evidência e de Unidade, a
certeza interior acompanha-se da humildade e, sobretudo, da Luz interior.
O que não é o caso da arrogância, que é ausência de
Luz.
***
Questão: que diferença você faz entre um estado estável e um estado
instável?
Um estado estável é um estado realizado.
Um estado instável é um estado em que vocês vão
recair na dualidade.
***
Questão: esse estado unitário pode ser vivido na vida quotidiana?
Se não houver adequação entre seu estado de
transparência, de Unidade e seu quotidiano, mudem de quotidiano.
Tudo depende de sua força de alma.
Se sua transparência for obstruída pelo ambiente,
ou vocês mudam de ambiente, ou vocês são suficientemente fortes para
transformar o ambiente.
Mas, a partir do momento em que o ambiente é vivido
como um incômodo, isso basta para fazê-los sair da transparência.
Vocês são mais fortes do que o ambiente ou não?
Vocês são capazes de manifestar essa evidência e
essa transparência, quaisquer que sejam as circunstâncias exteriores, sabendo
que, quaisquer que sejam as reações iniciais à sua passagem na Unidade do
ambiente (humano ou não humano), isso será vivido num modo agressivo, como uma
agressão?
Essa é a etapa inicial.
Agora, se esse estado de atrito durar, isso se
junta a certa forma de estupidez.
Como vocês podem hesitar um milionésimo de segundo
entre a evidência, a transparência e a Unidade que vocês alcançam e o mundo
dual?
Isso significa que ele conserva, para vocês,
atrativos que vão colocá-los no sofrimento.
Quando vocês alcançam esse estado, nada mais pode
ser como antes.
Cabe a vocês tomar, com lucidez, com toda a clareza,
as decisões que se impõem.
Se vocês me responderem que não podem mudar, que as
situações não podem ser mudadas, que os seres não podem ser mudados, isso
significa que vocês não ficaram por tempo suficiente nesse estado de
transparência.
***
Questão: esse estado de transparência conduz, portanto, à paz e à
evidência nas decisões a tomar?
Sim.
Enquanto seu julgamento for confuso, enquanto suas
decisões não forem claras, vocês não estão totalmente na transparência.
Vocês talvez viveram o estado, mas ele não está
instalado.
Entretanto, a lembrança desse estado será sua
incitação permanente para avançar.
Há, efetivamente, um antes e um depois.
***
Questão: pode-se imaginar um casal,
ou mesmo uma família, na transparência?
Se isso existisse realmente, se fosse verdade, a
face do mundo estaria mudada.
A relação a dois, a mais transparente e a mais
autêntica que seja, inclui, necessariamente, uma parte de Sombra porque, se não
houvesse essa Sombra, essa relação não teria qualquer sentido para existir.
Todas as suas relações inter-humanas estão sujeitas
à ação/reação.
Mesmo as relações mais nobres indo ao sentido da
transparência incluem uma parte de Sombra que mantém a relação.
Pois jamais se viu um grande mestre, grandes
personagens transparentes, realizados, mestres ou instrutores, viver lado a
lado, juntos.
Não tendo zona de Sombra neles, não pode haver
relação no sentido humano, há uma relação no sentido espiritual, mas que nada
teria a ver com um relacionamento humano.
***
Questão: e quanto à Ma Ananda Moyi e seu companheiro?
Seu companheiro não estava na Unidade, ele a acompanhava
e, para acompanhar, é preciso permanecer na dualidade.
***
Questão: e a Mãe e Sri Aurobindo?
São certamente as pessoas que mais se aproximaram
dessa relação suprema que é a ausência de relação.
Há, nas diferentes tradições, exemplos tão fortes
como aqueles que vocês chamam de Mãe e Sri Aurobindo, por exemplo, São
Francisco de Assis e Santa Clara, que eram o que é chamado de chamas gêmeas que
tinham uma concordância de visão e de estado, mas que estavam separados na
realidade de suas vidas, cada um em sua casa, em si mesmo, ao mesmo tempo
estando conscientes da relação espiritual e, portanto, unitária, além do
humano.
***
Questão: um mestre Kriya teria
alcançado a realização estando em um relacionamento?
Ele alcançou, mas será que sua família alcançou?
Eu jamais disse que o ser realizado deve
necessariamente deixar o ser dual com quem ele vive.
O ser dual pode ser, em alguns casos, um
companheiro ou uma companheira que mantém um certo número de salvaguardas e que
permite, por seu sacrifício, a realização do outro.
***
Questão: como saber se se está frente a uma chama gêmea?
O encontro com a chama gêmea é um abrasamento de
fogo no nível da alma e do Espírito do qual pode participar, ou não, o corpo,
segundo as idades e as possibilidades de acasalamento, ou não.
O importante não é tanto a vivência, mas a
revelação.
A chama gêmea está além de outras convenções, de
outros encontros.
O encontro da chama gêmea está ligado aos encontros
da Unidade e não aos encontros do outro.
Vocês saberão quando estão frente a uma chama gêmea
quando viverem o abrasamento do coração, além de qualquer relação de vida, de
qualquer relação de casal, de fusão ou outra.
É um encontro, e nada mais, quer seja refletido ou não
por uma realidade de vida, o que é raramente o caso.
***
Questão: a chama gêmea está no mesmo caminho, com as mesmas afinidades?
Não há relação de chama gêmea ligada a afinidades.
O encontro da chama gêmea é uma evidência que absolutamente
nada tem a ver com caminhos, afinidades ou com o que vocês chamariam de coisas
em comum.
É a colocação frente a si mesmo com o outro que
cria o abrasamento do coração, e isso é tudo.
***
Questão: o reconhecimento da chama gêmea é imediato?
Nem sempre.
Pode ser para um, e completamente negado pelo
outro, por medo.
Mas isso não tem importância alguma porque, quando
o abrasamento ocorre, ele produzir-se-á necessariamente no outro.
Não pode ser de outro modo, mesmo se as pessoas não
vejam mais.
***
Questão: esse reconhecimento ocorre no momento em que há encontro
físico?
Não há necessariamente revelação do princípio de
chama gêmea.
Isso pode ocorrer a um dado momento, que pode ser
bem posterior, porque há certo número de véus e de proteções que foram
colocados para evitar esses encontros, pois induz a uma reconexão com o
Espírito antes de sua divisão.
É preciso ser capaz de suportar o fogo e a potência
que isso representa.
***
Questão: o que acontece se não se for capaz?
Nada.
***
Questão: a chama gêmea pode ser do mesmo sexo?
É claro, mas necessariamente um dos dois vai
encarnar o polo masculino e o outro o polo feminino.
Eu não falo de sexualidade.
***
Questão: que diferença você faz entre chama gêmea e alma gêmea?
Não é uma diferença, é um mundo.
Uma alma gêmea é uma alma com a qual você caminhou
a um dado momento, para uma missão específica, espiritual ou não, e que vocês reencontram.
Aí há, efetivamente, coisas em comum e dualidade,
necessariamente.
Ao passo que, na relação com a chama gêmea, não
pode haver dualidade.
Pode haver oposição e separação naquele momento,
mas há, entretanto, abrasamento, ao menos para um dos dois.
As almas gêmeas estão ligadas no plano cármico e,
portanto, mantêm a dualidade.
A alma gêmea, quando do encontro, passa um sentimento,
um desejo de posse, mesmo em um centro exaltado e altruísta, mas isso sempre
permanecerá uma posse.
***
Questão: sempre se encontra a chama gêmea na encarnação?
Absolutamente
não.
É um processo extremamente recente que é possível
apenas em final de ciclo, bem depois, obviamente, da criação dessas duas chamas
gêmeas.
Mas isso não é absolutamente obrigatório.
Eu diria mesmo que é um processo extremamente raro,
porque ele induz choques que, geralmente, um ou os dois seres não podem
suportar.
***
Questão: o exercício de exame de consciência se junta à noção de
abertura de coração?
Ele está profundamente e diretamente conectado.
***
Não temos mais perguntas.
Agradecemos.
***
Então, bem-amados Irmãos, eu lhes proponho, ainda
uma vez, para viver o silêncio e para nos aproximarmos juntos disso.
... Efusão de
energia ...
Sejam abençoados.
Recebam minha gratidão.
Eu lhes digo até breve.
************
1 - Protocolo:
Passar em revista - EXERCÍCIO DE REVISÃO ou EXERCÍCIO DE EXAME DE CONSCIÊNCIA
https://www.portaldosanjos.net/2014/08/protocolo-passar-em-revista-exercicio.html
***
Mensagem do Venerável RAM no site
francês:
https://issuu.com/ultimasleituras/docs/29-ram-26_octobre_2008-article1ef8
26 de outubro de 2008
***
Versão do francês: Célia G. http://leiturasdaluz.blogspot.com/
***
Transcrição e edição: Zulma Peixinho
http://portaldosanjos.ning.com
************
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