- Intervenção de RAM -
Sri RAM Chandra
“Quando CRISTO dizia: «eu e meu Pai somos Um»,
isso não é uma metáfora. Isso era a estrita Verdade, porque Ele era capaz de
encarnar o corpo no qual estava, mas, também, todos os outros corpos. É um dos
maiores mistérios que corresponde à mestria:
a Luz que habita o corpo que eu fui é, ao mesmo tempo, a Luz que habita outros
corpos. Trata-se do mesmo Espírito.”
~ A MESTRIA ~
Eu sou RAM.
Recebam Silêncio, Amor
e Verdade em seus corações, em sua Unidade.
Eu volto a falar,
novamente, sobre elementos próprios para iluminá-los, pelas palavras,
certamente, mas também pelo silêncio no final de minha intervenção, do que
concerne ao que eu chamei, durante minha vinda anterior: «a mestria».
A mestria é tudo, exceto
controle.
Frequentemente, os
seres humanos, quando abordam a questão espiritual e empregam a palavra
«mestria» são persuadidos de que devem controlar, por exemplo, os impulsos
inferiores, controlar os apetites, os desejos.
O aspirante espiritual
vai tentar imitar aquele que ele considera como perfeito, aderindo
intelectualmente, afetivamente ou espiritualmente a uma diligência.
Essa diligência pode
ser chamada de caminho (por um dos múltiplos yogas, por exemplo).
Pode ser também
chamada de «Unidade», em outras tradições, como aquela que vocês nominaram de Cristo.
O aspirante vai se identificar intelectualmente, ou afetivamente, em um primeiro momento, com aquele
que ele considera como perfeito.
A distância que pode
existir entre aquele que ele considera como perfeito e ele mesmo vai conduzi-lo
a praticar alguns exercícios onde ele vai tentar controlar os impulsos
ditos inferiores.
Mas o controle não é a
mestria.
Lutar com o controle
contra algumas inclinações faz apenas reforçar essas inclinações, que elas concirnam
a coisas agradáveis como desagradáveis, como a necessidade de ingerir bebidas
alcoólicas ou a necessidade exagerada de sensualidade.
Tudo isso são
controles.
A mestria é um
elemento importante, mas, muito frequentemente, é confundida e assimilada ao controle.
Entretanto, o controle
é um exercício mental.
Vocês podem adotar o
controle consciente de bom número de coisas, mas, entretanto, isso não lhes
permitirá jamais adquirir o que é chamado de mestria.
O controle é uma
colocação sob pressão, uma rigidez que é imposta sobre a natureza inferior por
algo que é também de natureza inferior ou que participa da natureza inferior,
ou seja, o mental.
Então, depois, vai-se
tentar diferenciar o mental do pensamento, mas o pensamento é raramente uma
emanação do Espírito, ele tem tendência a fazê-los crer que ele vem do
Espírito.
Mas, mais
frequentemente, o pensamento é gerado pelo mental e, quando vocês têm, na
encarnação, belos pensamentos, vocês pensam que eles lhes são sugeridos pela
alma, ou pensamentos ditos superiores, mas não é nada disso.
Os pensamentos são
sempre emitidos pelo mental.
Aí está porque o
silêncio é um elemento capital para aprender a exercer não o controle, mas para
deixar aparecer a mestria.
A mestria,
contrariamente ao que se poderia crer, não é, absolutamente, um controle, eu
diria mesmo que é totalmente o inverso.
A mestria, no sentido
espiritual, é morrer para o pequeno Si, porque vocês não podem renascer para
outra dimensão sem morrer para o que vocês são.
Isso não é um
sofrimento, isso não é algo que é imposto por seu princípio inferior, senão
isso será, e continuará a ser, do controle.
É algo que deve nascer
espontaneamente.
À força de buscar a
Luz, à força de fazer o silêncio, à força de levar sua atenção ao coração ou a
outro ponto do corpo, como o Ajna chacra, vocês poderão
praticar certa forma de soltar, que é o momento em que um princípio superior
vai infundir-se em vocês.
Naquele momento,
naquele momento somente vocês tomam consciência de que existe outra coisa que o
mental que intervém.
Isso se situa ao nível
do que eu chamaria o pensamento luminoso, porque é um pensamento centrado e
veiculado pela Luz.
O problema é que a
maior parte das pessoas quer substituir a mestria pelo controle.
Então, como se
reconhece e se diferencia, do exterior, um ser que está na mestria de um ser
que está no controle?
Obviamente, o controle
aparenta-se ao poder.
O ser que se controla
tem tendência a querer controlar tudo nos outros, porque ele tem a impressão de
que é superior a eles.
***
A mestria é a
liberdade total porque, a partir do momento em que vocês começam a entrar na
mestria, vocês se apercebem de que existe um modo de funcionar que não vem mais
do mental, mas diretamente da consciência pacificada e purificada.
A partir daquele momento,
vocês tomam consciência de que essa energia, ou essa Luz, é capaz de lhes
proporcionar muito mais do que lhes proporciona o mental, mesmo centrado em
coisas tão belas.
Vocês se deixam
invadir, naquele momento, pela Luz da felicidade eterna e compreendem, assim
que esse primeiro contato se produz, que vocês vão para a Fonte, que vocês
poderão reintegrar a casa de sua Luz.
O controle pode
apresentar a aparência da mestria, mas os elementos controlados escapam sempre,
em um dado momento ou em outro, daquele que o exerce.
A raiva, por exemplo,
pode ocorrer muito rapidamente.
Por exemplo, as noções
de separação, junto a um ser sob controle, vão manifestar-se, quer dizer que há
ele, que é o melhor, e os outros, que são menos bons.
Ele põe, ele mesmo,
uma distância incomensurável entre ele e os outros, ao mesmo tempo
deliciando-se, obviamente, se está no domínio espiritual, do Amor.
Mas ele não está na
mestria, mas no controle.
Ele pode dar a ilusão
da sabedoria; ele pode dar a ilusão da Luz, mas, em caso algum, ele é a Luz.
A Luz é compaixão, a
Luz é Amor.
Quando vocês estão ao
lado de um ser na mestria, vocês devem, inevitavelmente, sentir esse Amor por
vocês.
Quando vocês estão
frente a tal ser que está na mestria, ele deve fazê-los viver o sentimento de
que vocês são únicos e essenciais, mas, também, ainda mais importantes do que
ele mesmo.
É o que ilustrava o
Cristo, através de suas palavras, em tudo o que ele pôde dizer.
Quando ele lavava os
pés dos apóstolos, ele era, realmente, o menor dentre eles.
Ele não desempenhava o
papel da humildade, ele era humildade.
***
Então, aquele que os
olha de seu pedestal e que os olha superior aos demais não é um Mestre.
O Mestre é o menor
dentre os humanos.
Isso é algo que é
capital a integrar em seu mental.
Não há Mestre que não
esteja na humildade.
Se humildade está
ausente, trata-se de alguém que entreabriu a porta do Despertar e que desviou
as energias do Despertar para seu próprio ego e não para a Luz do Pai.
Esses seres são falsos
Mestres.
A mestria é humildade,
totalmente.
Não pode ser de outro
modo.
Quaisquer que sejam as
linhagens ligadas à mestria, elas conduzem, necessariamente, à humildade.
A mestria, eu o repito
ainda uma vez, é humildade.
Não pode haver mestria
sem humildade, não pode haver mestria sem doação total de si.
É isso a doação total
de si, e nada mais.
Vocês podem, como
dizia, eu creio, o Cristo, distribuir todas as suas roupas, vocês podem ter conhecimento
de todos os mistérios, se lhes falta o Amor, vocês nada são.
Aí está o problema,
hoje, nesse vigésimo primeiro século que vocês vivem.
No vigésimo século, a
Terra foi percorrida, mais do que nunca, por muito numerosos grandes Mestres
que prepararam (e que preparam hoje, de onde eles estão) o advento de uma nova
era.
Mas lembrem-se,
também, do que dizia o Cristo: haverá muitos falsos Mestres, pessoas que
procurarão arrastá-los e arrastá-los fora de sua própria mestria, fazendo-se
considerar como os únicos Mestres aptos a mostrar-lhes o Caminho.
Isso é uma ilusão e
tempo perdido, mas vocês não têm que se preocupar com outra coisa em seu
caminho, porque aqueles que fazem o erro, é também uma experiência capital a
viver, para compreender isso.
***
De nada serve apontar
o dedo porque, se vocês apontam o dedo, vocês fazem parte da natureza do erro.
Em contrapartida,
é-lhes solicitado estar totalmente consciente desse erro e, talvez, aumentando,
ainda mais, sua qualidade de silêncio e de irradiação, de tornar-se um exemplo
de humildade.
Naquele momento,
aquele que os reencontrará um dia, e que tiver reencontrado um Mestre que
exercia o controle, poderá fazer a diferença.
Isso é extremamente
importante uma vez que, obviamente, nos mundos espirituais e em muitos eventos
que se preparam na superfície deste planeta, existe o que se chamam
hierarquias, existem dimensões diferentes e há seres que vão intervir desde
dimensões diferentes.
Eu emprego
intencionalmente a palavra «dimensões diferentes» porque essas dimensões
diferentes podem ser manifestações e dimensões da Luz verdadeiramente bem mais
elevadas do que a sua.
Mas podem ser também
dimensões diferentes bem mais distantes da Verdade, ainda, do que vocês, que
buscam, é claro, tomar o controle de vocês, do que vocês são, de seu corpo, de
sua essência, de sua divindade.
Para nada serve
denunciar, mas vocês devem sentir, no mais profundo de seu ser, o que acontece:
seu coração se abre?
Isso lhes propicia a
paz, a alegria, a serenidade e aumenta seu próprio silêncio interior?
A única Verdade está
nesse nível.
Todo o resto são
aparências, e as aparências podem ser enganosas, ainda que seja ao nível de
manifestações extraordinárias apresentadas por tal ou tal falso Mestre.
Então, não se deixem
abusar nem pelas palavras, nem pelas coisas sensacionais.
Somente é importante a
humildade de um ser, de um Mestre.
Quando vocês cruzam o
olhar dele vocês sabem que ele os ama e, sobretudo, que vocês são mais
importantes do que ele mesmo, porque ele compreendeu que, dirigindo-se a vocês,
que não estão ainda Despertos, ele se dirige a uma parte dele mesmo.
Enquanto o falso
Mestre não pode conceber isso, porque ele se considera como eminentemente
superior.
O verdadeiro Mestre é,
ele, inferior; ele é o menor, como Cristo, que dizia «eu sou o menor de vocês».
Muitos verdadeiros
Mestres pronunciaram essas palavras.
Não confundam o
conhecimento das escrituras, das regras energéticas, o conhecimento, mesmo
espiritual, com o acesso à mestria e ao Espírito.
As leis espirituais
são também conhecidas dos falsos Mestres, que delas usam e abusam em proveito
próprio.
O verdadeiro Mestre
tem apenas um único objetivo: é que vocês percebam o que vocês São e nada mais.
Aí estão elementos,
que me parece capital que vocês compreendam hoje, no que vem para vocês.
Então, caras almas de
Luz que vocês são, caros amigos também, como quis dizer, qualquer que seja seu
caminho, gostaria de discorrer com vocês sobre essa noção importante e
fundamental, além, eu repito, das manifestações energéticas, porque aí está um
ponto capital que vocês devem assimilar com seu intelecto e sentir, depois, com
seu coração.
***
Questão:
como fazer a diferença entre mestria e controle, em nossos atos?
De maneira muito
simples.
Além da energia, além
da compreensão mental ou intelectual, assim que vocês abrem a boca, se é para
dizer algo sobre alguém que não está ali, vocês estão no controle, vocês não
estão na mestria.
A mestria, lembrem-se,
é a humildade.
E, como Mestre, quando
vocês chegam a esse nível, vocês são os mais humildes.
Não há mais oposição e
contradição.
O que quer que viva um
ser, que está ali ou não, este está sempre em seu lugar correto.
Não há erro, qualquer
que seja.
Tudo está sempre em
seu lugar.
***
Questão:
como fazer a diferença entre a humildade e o sentimento de inferioridade?
O sentimento de
inferioridade, quando se exerce bastante frequentemente, é um aprendizado da
mestria.
Há muitas histórias
que circulam nas diferentes tradições a propósito, em especial, da
reencarnação.
Perguntam-se porque há
tantas reencarnações de reis, de princesas e jamais de mendigos ou de muito
pobres.
Um Mestre é sempre a
reencarnação de outro grande Mestre, é claro.
Quando eu digo: «é
claro», é irônico.
É preciso, efetivamente,
compreender que não se vê, jamais, reencarnações de mendigos ou de pobres.
A razão é simples: eles
tudo compreenderam, eles não têm necessidade de desempenhar um papel, isso é
chamado de renúncia.
Então, o sentimento de
inferioridade pode também causar desagrado na vida de todos os dias, porque não
se ousa dizer, não se ousa fazer, tem-se medo.
A diferença é que a
humildade dá-lhes a força, o sentimento de inferioridade desvaloriza-os, mas
não os põe na pequenez, porque o medo está presente.
Na verdadeira
humildade não há medo, porque tudo está em seu lugar e, a partir do momento em
que um ser é humilde, um verdadeiro Mestre, vê outro ser, ele vai considerar
aquele como a mais bela das coisas que ele possa encontrar.
Ele se vê a si mesmo,
não há mais a mínima distância entre ele e o outro.
***
Questão:
você se apresentou como RAM, mas qual foi sua última encarnação?
Isso é difícil a
dizer, porque sou a entidade que percorreu uma determinada vida que vocês conheceram,
mas tinha também, em mim, a totalidade das encarnações.
Vocês não podem
limitar-me a uma forma, porque a dimensão de onde venho está além dessa própria
forma que eu tinha em minha última encarnação.
O que eu exprimo está
bem além do indivíduo que eu fui em minha última vida, porque eu sou isso e bem
mais do que isso.
Eu sou a encarnação
total da corrente de RAMA.
Então, como vocês têm
necessidade de uma forma, eu encarnei essa totalidade em um corpo que foi
aquele de RAM CHANDRA, mas vocês podem ver, também, em mim, aquele que eu fui
antes.
Não há barreira ou
separação ligada a dois corpos presentes ao mesmo tempo, porque há um princípio
essencial na mestria, que é a fusão com a linhagem de que falei ontem.
Então, eu sou também o
próprio Mestre de mim mesmo em minha última encarnação e, bem mais distante, eu
sou RAMA, eu sou RAMA KRISHNA, mas eu poderia dizer também que sou MUKTANANDA.
Eu poderia dizer
também que sou SRI AUROBINDO.
Eu sou o conjunto de
Luzes que tomaram forma em diferentes formas.
Isso lhes é difícil de
compreender, mas, quando vocês são a Luz para além das Dimensões da forma,
vocês podem habitar em diferentes individualidades que vocês chamam de vidas,
de tal ou tal pessoa.
Quando Cristo dizia:
«eu e meu Pai somos Um», isso não é uma metáfora.
Isso era a estrita
Verdade, porque Ele era capaz de encarnar o corpo no qual estava, mas, também,
todos os outros corpos.
É um dos maiores
mistérios que corresponde à mestria: a Luz que habita o corpo que eu fui é, ao
mesmo tempo, a Luz que habita outros corpos.
Trata-se do mesmo
Espírito.
Se preferirem, é o que
eu chamei ontem de linhagens da mestria, da filiação.
Então, vocês podem
chamar-me RAM, simplesmente.
***
Questão:
quando você fala de sua última encarnação como RAM CHANDRA, era aquele que se
chamaria Babuji ou Lalaji?
Os dois ao mesmo
tempo, mas, efetivamente, como Lalaji eu vivi por fusão.
Creio que há uma
palavra, hoje, que exprime isso em sua linguagem: isso é chamado de walk-in.
Eu deixei minha
integridade como Lalaji para penetrar e me tornar Babuji.
Este se fundiu comigo
mesmo.
***
Questão:
por quais razões você intervém hoje?
Amar. Irradiar.
Servir.
E também prevenir
daquilo que lhes falei em relação à noção de linhagem porque, durante os
últimos tempos que vocês vivem, haverá muitas, muitas pessoas chamadas, muitas
pessoas que vão reencontrar a Luz interior sob a forma diversa do Anjo, da
própria individualidade, da própria Essência, da própria Luz interior.
Muitos vão servir-se
dessa Luz a serviço do ego. Isso, sabe-se.
Mas outros, numa
diligência autêntica, vão tentar aproximar-se de alguns seres que podem parecer
mais elevados, mas que, de fato, são mais baixos.
Então, é importante
saber isso.
***
Questão:
como evitar essas armadilhas?
Humildade e silêncio.
Silêncio não querendo
dizer calar-se todo o tempo, mas querendo, sobretudo, dizer estar à escuta de
seu silêncio interior.
***
Questão:
qual é a relação entre mestria e fusão?
A verdadeira mestria
conduz à fusão real.
O homem, durante seu
caminho espiritual, vai Despertar, um dia ou outro, vai iluminar-se.
Ele vai construir seu
veículo de Eternidade.
Mas, além dessa
construção, um dia vai tornar-se necessário fundir não mais com sua Fonte como
alma, mas, como Espírito, reencontrar a filiação ou a relação, que pode não ser
realmente uma relação ou uma filiação, mas a origem de sua própria Fonte, que é
a Fonte de sua Fonte.
Naquele momento, o
processo não é mais de iluminação ou de Despertar, não é mais, tampouco,
realização.
É além.
Isso o faz
aproximar-se cada vez mais de sua divindade total.
***
Questão:
a Fonte da Fonte é a Fonte primordial, a Fonte de todas as coisas?
A Fonte Una, em
quatro, perfeitamente.
A subdivisão em quatro
linhagens é a mesma coisa.
***
Questão:
você tem a intenção de se manifestar em público?
Se tal for a
exigência, sim.
Unicamente em
mecanismos espirituais.
Nada, mas
absolutamente nada de seu destino na forma concerne a mim.
***
Questão:
pode haver questionamentos sobre os andamentos espirituais?
O andamento espiritual
tomará diversos caminhos, mas ele se resumirá sempre no mesmo mecanismo: é o
retorno para si e nada mais.
***
Questão:
quais são as melhores condições, hoje, do retorno para si?
Silêncio. Humildade.
Compaixão.
***
Questão:
o que você pensa da empatia?
A empatia pode tomar
diferentes formas, dentre elas a compaixão.
A empatia pode ser desviada
de sua vocação principal, ela se torna, então, sedução, necessidade de arrastar
o outro em suas crenças.
A empatia é uma arma
de dois gumes.
O caminho que é bom é
aquele que os preenche de Graças.
É o caminho em que
todas as coisas que lhes pareciam difíceis tornam-se simples.
É o momento em que não
há mais resistências.
É o momento em que nos
abandonamos, como vocês denominam, à Divina Providência, que é uma realidade.
É o momento em que
aceitamos como dizia, eu creio, seu Cristo: «que Sua vontade seja feita, e não
a minha».
Nesse abandono, tudo
se torna fácil.
É a resistência que é
difícil.
***
Questão:
frente a outras pessoas, o abandono parece, por vezes, mais difícil.
Quem lhes pediu para
abandonar-se a uma pessoa?
Vocês se abandonam a
uma vontade superior à sua, mas que não está absolutamente encarnada em uma
pessoa, seja ela quem for.
***
Questão:
como se situa esse nível do coração no processo do Despertar?
O Despertar não se
situa no nível do coração.
O Despertar situa-se no
nível da cabeça.
A mestria é a fusão,
ligada ao coração, mas não pode haver fusão ou mestria sem Despertar.
Em outros termos,
vocês poderão passar várias vidas a meditar no coração, vocês não atingirão
jamais o Despertar, porque esse não é o objetivo do coração.
O Despertar, no
sentido etimológico, quer dizer «estar consciente de sua Fonte».
A Fonte da Fonte, a mestria,
a fusão situa-se no nível do coração, mas, como vocês querem encontrar a Fonte
da Fonte se não encontraram a Fonte, primeiro?
***
Questão:
isso significa que conviria mais começar a meditar na fronte para, em seguida,
fazer um trabalho no coração?
Nem um, nem outro.
A característica e a
especificidade da época que vocês vivem é uma época diferente nesse sentido,
que é o fim do Kali Yuga, o fim da Idade Sombria.
É a época em que a Luz
se apresenta a vocês e a Luz penetra onde está aberto e, em seguida, seu
caminho é descendente.
Então, se vocês meditarem
no plexo solar, vocês abrem o plexo solar, a Luz vai penetrar no plexo solar e
vai descer, para Despertar a serpente, a Kundalini.
Se vocês meditarem no
coração, o coração vai se abrir e, então, a energia vai penetrar naquele nível
e, por sua vez, descer.
Mas, o que acontece?
A Luz não terá tido
ação sobre os chacras situados acima.
Então, o que vai
acontecer?
Obviamente, poderá
haver, se o aspirante é puro, um Despertar da Kundalini.
Mas as resistências
que serão ali encontradas, pois a Luz prévia do Pai ali não terá passado no
nível dos chacras superiores, vão criar bloqueios.
E esses bloqueios
podem ser terríveis, porque eles podem provocar processos ligados à personalidade
que está ainda presente no nível dos chacras superiores.
A personalidade não
está unicamente alojada no segundo ou no terceiro chacra.
Ela está presente em
todos os níveis.
A meditação sobre um ponto
do corpo vai purificar esse lugar e despertá-lo, mas não é o Despertar.
***
Questão:
o que dizer então de caminhos espirituais que convidam a meditar exclusivamente
sobre o coração?
Eles são bons caminhos
espirituais para abrir o coração.
Mas eles não conferem
o Despertar, a iluminação e, ainda menos, a realização.
Vocês viram muitos
seres humanos realizados ou atingindo o estado de mestria passando por aí?
Podiam ser caminhos
longos, presentes em suas diferentes encarnações anteriores, mas não mais hoje.
Isso era a etapa
essencial para viver naquele momento, porque a consciência do ser humano estava
centrada no plexo solar.
O fato de levar a
consciência ao coração era o caminho mais nobre, o caminho real.
Esse foi o caso
durante milênios, mas, hoje, lembrem-se de que a Luz vem bater à porta e a Luz
vem penetrar no ponto mais alto e não no ponto do meio.
O que as
individualidades disseram, naquela época, era perfeitamente verdadeiro, mas
alguns têm tendência a esquecer de que nós estamos em uma época diferente e
querem manter esquemas que pertencem a esse passado (não tão passado assim,
mas, entretanto, passado).
***
Questão:
hoje é, portanto, mais importante meditar sobre a fronte?
Nem um, nem outro.
Vocês podem meditar em
um ou outro, mas é importante meditar na Luz.
Efetivamente, o ponto
do Despertar está situado no meio da fronte, mas, depois, ele deve remeter-se
para a cimeira do crânio.
Mas vocês podem
meditar na cimeira do crânio, a consciência não irá se render.
A consciência não se
rende a partir do momento em que o ponto de meditação é o plexo solar (o que é
o caso de todos os humanos), o coração ou a fronte, ainda menos a garganta.
Há dois pontos
essenciais, mas é melhor, entretanto, Despertar o ponto que está na fronte, mas
que é um nível muito perigoso, o trabalho mais potente.
Lembrem-se de que
haverá muitas pessoas que viverão o Despertar da fronte, mas que permanecerão
bloqueadas nesse nível, porque elas não terão a força (ou a potência ou a
vontade suficiente) para remeter o que acontece para o nível da fronte, para o
nível do sétimo chacra, a fim de que a Luz possa descer e abrir todos os
chacras.
***
Questão:
a intervenção de um Mestre, naquele momento, é importante?
Um verdadeiro Mestre
pode, com um olhar, sem qualquer ritual, conferir o Despertar.
O que acontece diante
de um verdadeiro Mestre?
Vocês terão a vibração
de sua fronte, que será ativada.
Vocês sentirão sua
cabeça.
Vocês terão o Siddhi,
que vai aparecer (ou som da alma).
Aí, vocês estão diante
de um verdadeiro Mestre.
Não há necessidade de
adorar esse Mestre.
Não há necessidade de
prostrar-se diante dele.
Não há necessidade de
visualizá-lo.
Isso é, simplesmente.
A presença física dele
não é mesmo indispensável.
Isso pode ocorrer,
simplesmente, pensando.
***
Questão:
será que esse trabalho no coração poderia ser um freio ao andamento espiritual?
Felizmente não, para
um ser puro.
Mas, entretanto, um
ser que estivesse muito no controle, reforçaria a noção de poder sobre o outro.
Se vocês efetivamente
quiserem, vamos compartilhar um espaço de silêncio, como ontem, no coração.
... Efusão de Energia ...
************
Mensagem do Venerável RAM no site
francês:
23 de agosto de 2008
***
Versão do francês: Célia G. http://leiturasdaluz.blogspot.com
Postado por Célia G.
***
Transcrição e edição: Andrea Protzek e
Zulma Peixinho
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